CAMPO GRANDE (MS),

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    14/12/2021

    ENTREVISTA MUSICAL: Punk Rock - O movimento Underground que usou as letras musicais e estilos próprios para protestar contra o Governo e o Regime Militar - Por Alessandra Paim*

    ©REPRODUÇÃO

    Entrevistados:

    Marco Aurélio (Kao) Servidor Público. Fundador das bandas S.A.M e H.I.V

    Joaquim Seabra (Cebola) Publicitário. Fundador da Banda “Os Impossíveis’.

    Vagner Farias Gonçalves “(VAGUINHO”), responsável por agilizar o movimento Underground em Campo Grande. Fundador da NA LATA!ZINE zine e atualmente trabalha na área de Educação Tecnológica.

    De calças jeans rasgadas, coturnos, cortes de cabelo estilo “moicano” e jaquetas de couro são estilos próprios caracterizados por quem curte o mundo Hardcore/Punk Rock. Dessa forma que podemos identificar visualmente aquela classe de pessoas que apreciam o estilo underground, um estilo musical fora dos padrões que conhecemos. O movimento Punk deu início em meados de 1974 nos Estados Unidos (EUA), em um clube de música, o “Country Bluesgrass And Blues” em Nova York. Os frequentadores do clube e o underground local formaram bandas contra ou então Prog Rock (Rock Progressivo) e Hippie. A maior referência do estilo é a Banda Ramones, uma banda que focava a filosofia da individualidade e independência. Ou seja, uma manifestação cultural juvenil parecidos com as manifestações dos anos 50 e 60.

    As manifestações baseavam-se em músicas curtas, dançantes e do estilo Rocker. Culto a juventude com uso de jaquetas de couro estilo motociclista, camiseta branca e calça jeans e muita diversão e rebeldia. Ao mesmo tempo que o Rock And Roll tradicional criava estrelas do rock que distanciavam o público do músico o Punk Rock rompeu esse distanciamento e trouxe a música mais simplificada com pouco mais de três acordes, facilitando qualquer pessoa tocar, instigando adolescentes a criar as suas próprias bandas.

    O Punk Rock chega na Inglaterra na década de 70 com o objetivo de "qualquer um pode montar uma banda" e o espírito renovador do punk rock se mesclava a uma situação de tédio cultural e decadência social. Ganhando um teor político devido à realidade de desemprego e decadência econômica da sociedade na época, desencadeando o punk propriamente dito.

    Dessas características de protesto à sociedade, às diferenças sociais, às ideologias políticas e morais e somadas ao estilo empolgante e direto do punk rock, definiu o que hoje entendemos de Subcultura Punk. Já em 1970 o Punk se destacou na maior parte do mundo e aos poucos foi se transformando e ramificando em subgêneros. No Brasil o movimento Punk incorporou em são Paulo em 1970, mas propriamente na Vila Carolina, onde já existia uma cena pré-punk com influências de bandas inglesas e estadunidenses como Punk brasileira, Restos de Nada, criada pelo guitarrista Douglas Viscaino. Era uma forma de protesto contra o governo militar e também mostrar que a juventude lutava por igualdade social. Conscientizar a população por meio das músicas com letras libertárias a lutarem contra a forma de sistema imposta pela ditadura. Grandes bandas se destacaram inspiradas nessa ideologia de criticar o regime como: AI-5, Detrito Federal, Condutores de Cadáver, Cólera, Aborto Elétrico.

    A Página Expressando com Alessandra Paim teve um super bate papo com pessoas que trouxeram o estilo Punk Rock e Hardcore aqui em Campo Grande. Marco Aurelio, mais conhecido por “Kao’ seria um dos responsáveis por trazer o Movimento Punk no MS. Marco vai falar do início até hoje, a trajetória musical na cidade. Vai falar da diferença do punk rock para o estilo Hardcore, o público, os shows, as ações beneficentes que as bandas S.A.M e H.I.V realizaram, os Festivais Punk Rock e todas as curiosidades desse mundo Underground. Para aprimorar mais a nossa entrevista Joaquim Seabra “Cebola” vai falar tudo sobre a banda “Os Impossíveis” a banda Punk Rock que disparou no MS e ganhou o púbico com os ritmos e letras empolgantes e animadas. E também tivemos uma conversa super agradável com o responsável pelos movimentos Underground em Campo Grande. Vagner Farias Gonçalves “Vaguinho” era quem agitava as noites com eventos/shows alternativos. Vaguinho vai falar de como era organizar esses eventos, vai falar das bandas locais e bandas de fora que participaram dos eventos e festivais. Vaguinho tbm é responsável pelo canal NA LATA! ZINE que reporta todo esse processo underground com LIVES de músicos locais e de outras cidades. Para conhecer o canal é só acessar NA LATA!ZINE no Youtube. A Página Expressando com Alessandra Paim agradece imensamente a participação de cada entrevistado, foi excelente conhecer esse mundo underground pouco falado, confesso que pra mim essa pauta foi um desafio por não conhecer o estilo, precisei aprofundar o assunto em muitos estudos para finalizar esta matéria com clareza e conhecimento. Foi maravilhoso! 

    Obrigada a todos pela boa vontade e receptividade!!

    Segue a entrevista na íntegra:

    Expressando com Alessandra Paim - O que é Hardcore pra você?

    Marco_Kao: Hardcore p mim é um estilo de música e estilo de vida. É um estilo musical que o pessoal fala que que é o filho do punk. O hardcore vem um estilo musical mais rápido, mais pesado e com o tempo diversificou o estilo em hardcore melódico e hardcore Crossover que é mais um som mais pesado; é a mistura de punk com metal.

    Expressando com Alessandra Paim - Quando você começou a apreciar esse estilo musical?

    Marco_Kao: Em 1990 Eu comecei a ouvir as bandas Ratos de Porão e Descana em paz. Já nos anos 91, 92 comecei a ouvir a Banda Cólera e também conheci as bandas Inglesas, Finlandesas, Norueguesas, Suecas e comecei a gostar mais ainda e com o tempo fui conhecendo as bandas de Hardcore de Nova York, uma mistura de hardcore com metal e com o Rap.

    Expressando com Alessandra Paim - Qual a diferença entre hardcore e Punk Rock hardcore?

    Marco_Kao: O hardcore é mais rápido, mais pesado, e um pouco mais trabalhado que o punk rock e o teor mais político que o punk.

    Expressando com Alessandra Paim - Qto tempo têm as bandas S.A.M e H.I.V?

    Marco_Kao: A H.I.V começou em 91. A S.A.M iniciou lá pra 98.

    Expressando com Alessandra Paim - Integrantes das bandas

    Marco_Kao: Da banda H.I.V está definido: vocal Jean (mãozinha), no baixo Emanoel Rosa, na guitarra Vinicius Rosa e Vocal e bateria Kao. Na S.A.M estamos definindo.

    Expressando com Alessandra Paim - Qual o significado dos nomes S.A.M e H.I.V?

    Marco_Kao: SAM Sangue a Mil. Qd vc está com o sangue fervendo, naquela adrenalina dos shows. H.I.V - Heroína Injetado na veia – há 2 significados: O 1° nosso Estado era o 2° maior consumidor de heroína no Brasil e o 2° era o Estado com maior número de Aidéticos. Era nesse sentido, era o significado do que acontecia com quem usava heroína, as pessoas acabavam contraindo H.I.V por este ato.

    Expressando com Alessandra Paim - Composições musicais

    Marco_Kao: 90% das nossas músicas são autorais. Uma vez ou outra que a gente faz cover de alguma música. Mas no geral, são nossas próprias composições. Da H.I.V a música que se destacou foi “Campo Grande”, a HIV foi a segunda banda punk aqui na cidade.” Safra Religiosa”, fala a questão de religião, exploração, usando nome de Deus, “Clube Ciência Cultura Paiguàs” era um clube de ciências da Escola Arlindo Andrade Gomes. Agora da banda S.A.M tem “De novo Não”, “Nacionalismo”, “Caos” e mtas outras composições.

    Expressando com Alessandra Paim - “Bandas de garagem”.

    Marco_Kao: O pessoal antigamente não tinha onde ensaiar, não tinha estúdio. Hoje tem estúdio p ensaiar ou vc pode montar um estúdio. As bandas ensaiavam nas garagens das próprias casas. Daí surgiu o termo “bandas de garagem”.

    Expressando com Alessandra Paim - Quais as influências das Bandas?

    Marco_Kao: São inúmeras influências como as bandas Ratos de Porão, Cólera, Garotos Podres, Ramones, Replicantes, Rattus, Kaaos, Terveet Kadet, Riistetyt e outras.

    Expressando com Alessandra Paim - O que o punk rock tem a ver com o estilo RAP?

    Marco_Kao: Ambos vieram do Gueto. O Punk Rock e o Rap têm em comum são as letras que são usadas como protestos.

    Expressando com Alessandra Paim - Na sua visão quais as melhores bandas punks rock no Brasil?

    Marco_Kao: É complicado falar pq cada um tem seu estilo, suas letras e melodias. Há mtas bandas boas, é difícil falar.

    Expressando com Alessandra Paim – Festivais

    Marco_Kao: Participamos muitos de festivais dentro do MS e tbm fora: Festival Palotina no Paraná, SP. PUNK em São Paulo, Forróck em Rio Verde e muitos outros que no momento não recordo.

    Expressando com Alessandra Paim - O hardcore disparou na década de 90. Como foi aqui em Campo Grande incorporar um estilo musical que ultrapassa as especificidades da nossa terra? Conte-nos a respeito da recepção do público.

    Marco_Kao: o público aqui nos anos 90 já tinha bandas que conheciam, mas não executava esse estilo musical. Eu comecei a acrescentar este estilo aqui em Campo Grande. Mta gente gostou, e o pessoal que já conhecia, curtiu mto. Fizemos mt sucesso aqui tanto o pessoal do Punk hardcore qto o pessoal do Metal. Foi mt legal. Incluímos vários estilos do hardcore como o melódico com o mais pesadão como o Crossover e com as letras em espanhol e inglês.

    Expressando com Alessandra Paim - Conte um pouco dos shows das bandas aqui e em outras cidades.

    Marco_Kao: Os Shows sempre foram mto legais. Tinha um público bastante significativo, mto além do que esperávamos. E fora tbm, como em São Paulo que já tem um público mais específico. Os shows que fizemos com as bandas Crazy Dick, Os Impossíveis em outras cidades foram excelentes, a receptividade foi mto positiva.

    Expressando com Alessandra Paim - O estilo Punk Rock é composto por elementos típicos como (alfinetes, patches, lenços à mostra no bolso traseiro da calça, calças jeans rasgadas, calças pretas justas, jaquetas de couro com rebites e mensagens inscritas nas costas, coturnos, piercings, tênis, correntes, corte de cabelo moicano. E alguns usam lápis de olho. Seria uma forma de protesto/uma imposição pra sociedade que o movimento é Punk Rock?

    Marco_Kao: É bem variada esta questão. Qd os caras começaram a usar coturnos era em protesto ao Exército. E cabelo moicano era em protesto aos últimos moicanos que foram assassinados na época. Mas a forma em protesto contra a sociedade sim p agredir visualmente na sociedade contra a burguesia, contra o capitalismo, diferenças sociais. Mas hj em dia já não agride mais ninguém, tanto é que até moda virou, em filmes e tudo mais. Era uma provocação pra sociedade.

    Expressando com Alessandra Paim - Movimento Underground no MS.

    Marco_Kao: Cresceu muito na década de 90 a 2000. Teve mtas bandas em destaque como Os Impossíveis, Coelho de mão que tocaram fora. Tem a Banda Tonelada que é de Dourados, tem a banda Metal destaque aqui no MS- Catástrofe. Atualmente o movimento Underground começou a decair, o pessoal vai envelhecendo vai saindo, uns entraram por modismo outros por ter mtos gastos, vc gasta bastante e ganha pouco. E também um fator predominante foi a pandemia que parou geral.

    Expressando com Alessandra Paim - Pq durante os shows o público “Pogá”. Seria uma dança underground diferente?

    Marco_Kao: É uma forma de dançar, cada estilo de banda cria seu estilo próprio. Como por exemplo os Headbanger batem a cabeça. O “pogá” é o estilo Pogodance – se originou na África e com o tempo ficou associado com o gênero Punk Rock.

    Expressando com Alessandra Paim - Você acha que o hardcore influencia no comportamento do jovem em geral de uma forma negativa? Incitando a violência?

    Marco_Kao: O estilo musical sim é agressivo. Mas como qq situação, as pessoas que têm a mente fraca com ctza vão ser influenciadas de uma forma negativa. Muita gente entra no movimento Hardcore e vê como se fosse uma forma de extravasar e descontar a sua ira. Usa esse meio para suas frustações. E na realidade é uma forma totalmente contrária, conforme citado anteriormente, é uma forma de protestar a sociedade das diferenças sociais e econômicas.

    Expressando com Alessandra Paim - “Pq pra mim punk não é tocar ou fazer letra punk, é ter atitude”, Marco A. (Kao). Marco fale dos eventos beneficentes que a Banda realizou aqui no MS?

    Marco_Kao: Pra vc realmente mostrar algo diferente, não é só criar letras de protesto, tem que mostrar em atitudes. Promover eventos que beneficiem a comunidade carente que muitas vezes não têm um prato de comida na mesa. Realizamos shows para arrecadar alimentos para essas pessoas. Doamos[AP1] para o Contra-Fome, Lares com crianças com Aids e Asilo São João Bosco.

    Expressando com Alessandra Paim - Financeiramente falando dá pra sobreviver com os shows?

    Marco_Kao: A maioria das vezes é pura diversão, para relaxarmos um pouco. Falando aqui no MS. Eu nunca toquei p ganhar dinheiro e sim por diversão. Temos nossos empregos fixos para sobrevivermos.

    Expressando com Alessandra Paim - O que precisa melhorar na cena local para que a música em todos os seus estilos musicais possa ser valorizada?

    Marco_Kao: Precisa melhorar a união da classe Underground. Se unir e reivindicar os nossos direitos.

    Expressando com Alessandra Paim - Ícone (s) do Punk Rock hardcore.

    Marco_Kao: Pra mim Ramones Ratos de Porão, Agnostic Front, Band Religion, Taxi 77, 37 Hóstia, Sex Pistols e outros.

    Expressando com Alessandra Paim - Projetos futuros

    Marco_Kao: Estou preparando com a HIV pra gravar um áudio com músicas novas e tbm gravar um videoclipe. E com a SAM começar a ensaiar e futuramente fazer shows assim que melhorar a situação da pandemia.

    Expressando com Alessandra Paim - Momento marcante.

    Marco_Kao: Foram mtos momentos marcantes, mas tem o Festival de Palotina e o Festival S.P PUNK que foram momentos importantes pra nós, tocamos com bandas de renome que foi de suma importância pra nossa evolução musical.

    Mensagem

    Marco_Kao: Para os amantes do Underground eu aconselho seguir essa linha primeiro por diversão, hobby. não pense em ganhar dinheiro no começo, que nada é fácil, são muitos gastos financeiros, além do tempo que você precisa dedicar. Minha mensagem é foco e seguir com afinco os seus objetivos.

    Expressando com Alessandra Paim - O que é Punk Rock pra você?

    Joaquim_Cebola: Além de um estilo musical, um estilo de vida.

    Expressando com Alessandra Paim - Quando você começou a apreciar esse estilo musical?

    Joaquim_Cebola: No Colégio, na 6a série.

    Expressando com Alessandra Paim- Qual a diferença entre hardcore e Punk Rock?

    Joaquim_Cebola: A princípio a velocidade, mas hoje acredito que caminham lado a lado.

    Expressando com Alessandra Paim - Qto tempo tem a banda Os Impossíveis?

    Joaquim_Cebola: 27 anos.

    Expressando com Alessandra Paim - Integrantes das bandas

    Joaquim_Cebola: Sou eu no Vocal, Cebola.Guitarra, Sego Jon

    Baixo, Emoury Jr e Bateria, Luis Alemão.

    Expressando com Alessandra Paim - Qual o significado do nome da banda?

    Joaquim_Cebola: Sempre fui fã do desenho, aí decidimos pegar o nome.

    Expressando com Alessandra Paim - Composições musicais

    Joaquim_Cebola: Nosso repertório é praticamente autoral, tocamos alguns covers de bandas que gostamos.Vai algumas autorais: DE VOLTA À 93, IGUAL AQUI, OH! CRIS, GAROTA TRISTE, MIA WALLACE, O ZUMBI DA AV. CALÓGERAS, OBRIGADO RAMONES, MILLENNIUM FALCON, O MONSTRO DO LAGO DO AMOR, PRA SEMPRE ZUMBI, HEY GAROTA.

    Expressando com Alessandra Paim - Fale do termo “Bandas de garagem”.

    Joaquim_Cebola: Nos anos 60 eram bandas que ensaiavam em suas garagens, e tinham uma sonoridade diferente. Bandas como Sonics, que influenciaram as bandas punks no início.

    Expressando com Alessandra Paim - Quais as influências musicais da Banda?

    Joaquim_Cebola: Basicamente Ramones e rockabilly.

    Expressando com Alessandra Paim - O que o punk rock tem a ver com o estilo RAP?

    Joaquim_Cebola: Acho que a vontade de questionar o sistema.

    Expressando com Alessandra Paim - Na sua visão quais as melhores bandas punks rock no Brasil?

    Joaquim_Cebola: Tem muitas... Do sul tem replicantes e tequila baby.De sp o DZK, Olho Seco, Cólera. Do Nordeste o Devotos. E por aí vai...

    Expressando com Alessandra Paim - Festivais que a banda Os Impossíveis participou?

    Joaquim_Cebola: Goiania noise e Porão do Rock em Brasília.

    Expressando com Alessandra Paim - O Punk Rock disparou na década de 90. Como foi aqui em Campo Grande incorporar um estilo musical que ultrapassa as especificidades da nossa terra? Conte-nos a respeito da recepção do público.

    Joaquim_Cebola: Demorou para nós, na época era só blues e metal que a galera curtia. Com a gente os shows começaram a lotar a partir de 95.

    Expressando com Alessandra Paim - Conte um pouco dos shows das bandas aqui e em outras cidades.

    Joaquim_Cebola: Sempre foi legal, sempre fomos bem tratados. E sempre cumpriram com o prometido.

    Expressando com Alessandra Paim - O estilo Punk Rock é composto por elementos típicos como (alfinetes, patches, lenços à mostra no bolso traseiro da calça, calças jeans rasgadas, calças pretas justas, jaquetas de couro com rebites e mensagens inscritas nas costas, coturnos, piercings, tênis, correntes, corte de cabelo moicano. E alguns usam lápis de olho. Seria uma forma de protesto/uma imposição pra sociedade que o movimento é Punk Rock?

    Joaquim_Cebola: Não sei te dizer... Nós por exemplo sempre usamos jaquetas, acho que vai do gosto de cada um.

    Expressando com Alessandra Paim - Movimento Underground no MS.

    Joaquim_Cebola: Já foi muito forte. As bandas ainda estão na ativa. Mas não temos muitos espaços para trabalhar.

    Expressando com Alessandra Paim - Pq durante os shows o público “Pogá”. Seria uma dança underground diferente?

    Joaquim_Cebola: É o jeito de acompanhar a velocidade das músicas.

    Expressando com Alessandra Paim - Você acha que tanto o hardcore e o Punk Rock influencia no comportamento do jovem em geral de uma forma negativa? Incitando a violência?

    Joaquim_Cebola: Eu acho que não. Quando tem violência eu acredito que é por culpa dos envolvidos, a música é só um pano de fundo nessas horas.

    Expressando com Alessandra Paim - Eventos beneficentes que a banda realizou aqui no MS?
    Joaquim_Cebola: Fizemos muitos, mas agora só lembro dos MAC Dia feliz,

    Expressando com Alessandra Paim - Financeiramente falando dá pra sobreviver com os shows?

    Joaquim_Cebola: Com o punk rock é impossível. O músico acaba tendo outros trabalhos para sobreviver.

    Expressando com Alessandra Paim - O que precisa melhorar na cena local para que a música em todos os seus estilos musicais possa ser valorizada?

    Joaquim_Cebola: Eu acho que se tivéssemos espaço nas rádios ajudaria muito.

    Expressando com Alessandra Paim - Ícone (s) do Punk

    Rock

    Joaquim_Cebola: Os Ramones.

    Expressando com Alessandra Paim - Projetos futuros

    Joaquim_Cebola: Continuar compondo e tocando.

    Expressando com Alessandra Paim - Momento marcante

    Joaquim_Cebola: O show no Porão do Rock em Brasília, foi em 2002, no dia do penta.

    Mensagem

    Joaquim_Cebola: Muito obrigado pelo convite. Espero que os shows voltem logo.

    Expressando com Alessandra Paim - Como surgiu a ideia de promover esse movimento underground aqui em Campo Grande?

    Vaguinho: Isso aconteceu lá pelos meados de 1996, quando eu entrei na banda IMPOSSIVEIS de Punk Rock, e também comecei a trabalhar na ROCK SHOW, naquele período havia mais shows de metal, e nós precisamos criar algo nosso, e não depender tanto dos organizadores nos chamar para tocar, foi aí que eu comecei a organizar eventos e chamar as bandas de amigos, como CRAZY DICK, HxIxV, NO NAME.... e depois nós fomos agregando outros estilos, nunca foi minha intenção organizar shows único e exclusivamente PUNK ou HARDCORE, a ideia era unir todos e tudo, mas naquela época tudo era segmentado, e eu acabei sendo um dos responsáveis por quebrar esse paradigma, o movimento já era pouco, pensa ter 1/2 dúzia de gatos pingados nos shows, unindo todos os estilos, tínhamos um pouco de cada, quem curtia metal, ia para ouvir e ver as bandas de metal, quem curtia punk e hardcore, ia para ouvir e ver as bandas desse estilo, já tentamos unir de Punk ao Black, de Punk ao White Metal, do Punk ao Blues....em alguns momentos até conseguíamos, em outros nem sempre, por que sempre havia as tretas entre os estilos, coisa de molecada que ia nos shows para caçar encrenca mesmo, mas nunca teve nada grave.

    Expressando com Alessandra Paim - Fala um pouco do Movimento Underground no MS.

    Vaguinho: Eu me sinto grato por ter feito parte disso tudo, de ter deixado um pouco de tudo que me dediquei a fazer em prol dos eventos de rock, dos agitos dos finais de semana de muita gente, até hoje encontro pessoas que acham que eu ainda trabalho no rock show ou que eu ainda organizo eventos, procurei fazer algo, sem intenção de ser reconhecido, o reconhecimento veio por conta das pessoas associarem o que fazia e por conta da loja onde eu trabalhava.

    Expressando com Alessandra Paim - Como eram os shows?

    Vaguinho: Os shows eram divertidos, estávamos sempre organizando eventos, praticamente todos os finais de semana, trazíamos bandas de outros estados (intercambio entre bandas), estávamos sempre inventando festivais, encontros, festas disso, festas daquilo, lançamentos de demo-tape, escrevendo fanzines...entre várias outras coisas

    Expressando com Alessandra Paim - Onde geralmente aconteciam os shows?

    Vaguinho: Os shows nos começamos a realizar na PITTY PIZZARIA(em frente a Uniderp), em meados de 1996, depois desbravamos a UCEleiro na afonso pena, tivemos eventos em frente da rock show as domingos, shows no Horto Florestal, shows no Chacaras Bar, shows no Clube Surian, Barfly antigo na rua bahia, no Stones Blues, no Café Moinho, no Usina Bar, Radicals Café na Antonia Maria Coelho, com os rapers na praça do Jose Abrão, na pista de Skate no horto florestal, enfim nós estávamos sempre desbravando lugares, chegávamos e agitávamos os espaços, e íamos abrindo espaço para outras bandas de outros estilos, foi assim no Stones onde so tocava pop, reggae e rock n roll, e a Fatima a dona, nos cedeu um dia para fazer nosso shows de punk, metal, hardcore... e com outros lugares como Barfly quando era do Cabelo e do Demetrius la na rua Bahia, que abriram o espaço para os shows de metal, punk, hardcore e outros estilos, e assim acontecia de tudo um pouco, eram mais encontro de amigos, acontecia algumas tretas, mas nada grave.

    Expressando com Alessandra Paim - O que poderia melhorar na classe underground na sua opinião

    Vaguinho: Posso falar pelo período que atuei que foi de 1996 até 2012, que foram ótimos, eu comecei organizando eventos underground, minha intenção não era ganhar dinheiro com isso, era apenas tocar, me divertir com minha banda, promover intercambio, fazer uma cena local, dar oportunidade as bandas novas, nesses períodos éramos bem unidos, eu nunca tive problema com ninguém (que eu saiba) ...(risos)!!! Mas depois tudo foi mudando, novas pessoas, o público se renova, e você mesmo muda, começa a ter mais responsabilidades, e tem que toma decisões que mudam seu destino. Mas não tenho do que queixar, tudo foi feito no momento que deveriam ser feitas, tudo teve seu tempo de acontecer, nada foi por acaso ou em vão. Aprendi muito com muitas pessoas.

    Expressando com Alessandra Paim - Cite uma (as) situações positivas e negativas que ocorreram na balada Underground

    Vaguinho: Como eu disse tudo teve seu tempo de acontecer, vamos ficar apenas com as boas lembranças, as negativas vamos tomar como experiências que não deram resultados.

    Expressando com Alessandra Paim - Os shows eram gratuitos ou tinham custos?

    Vaguinho: Já organizamos de tudo um pouco, já teve shows de graça, como os eventos em frente a ROCK SHOW, onde já chegamos a fechar a AFONSO PENA, pensa! Nem o carnaval conseguiu fazer isso, e eu consegui, já organizei festivais com custo baixo, eu sempre procurava fazer eventos de qualidade, mas com custo acessível, pensa você no show do Forgotten Boys, pagando r$8, ou ir ver o NX Zero no Usina, pagando r$10, fizemos GUITAR WOLF(Japão) na D-EDGE, boate que estava no auge em 2001, foi um dos shows mais caro, com várias atrações de fora, e tomamos até encostar, mas valeu cada centavo, o show foi uma produção dos IMPOSSIVEIS, já organizei festivais de blues com atração de fora, já produzi lançamento de cd´s. E sempre procurei envolver várias pessoas nas produções, por que eu também achava interessante as pessoas produzirem seus eventos e colocar sua banda ou suas bandas para tocar, foi assim com o ENRIQUE(DxDxO e JxNxP), e com o Fabinho(SxAxM), Letx, Alan das Ruas, entre outros, essas pessoas sempre me ajudaram a divulgar e a organizar os eventos, e depois partiram para organizar seus próprios eventos também, ou seja dar continuidade a aquilo que estava sendo criado.

    Expressando com Alessandra Paim - Do que vc sente mais falta dentro do movimento?

    Vaguinho: Bom! Nos dias de hoje seria a magia que era tudo aquilo para mim, aquela correria todo de antes e durante os shows, tinha tudo uma pré produção envolvida, os eventos eram underground mas com produção, não eram nada tosco, ou feito nas coxas, sem estrutura, o mínimo que eu fazia era dar uma condição legal de equipamento para as bandas tocarem, uma ou outra vez que organizamos com nosso equipamentos próprios, mas quando tinha portaria, nos alugávamos equipamentos, fazíamos cartazes em gráfica, divulgação de primeira..(risos).

    Expressando com Alessandra Paim - Há algum evento futuro pós-pandemia?

    Vaguinho: Boa pergunta! Com certeza haverá, o povo está sedento para tocar, e muitos estão reclusos, só aguardando o que será esse novo normal, mas vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos.

    Mensagem

    Vaguinho: Obrigado! Sorte nessa empreitada, me fez lembrar o período que eu escrevia o NA LATA!ZINE que era uma forma de eu falar daquilo que eu gostava e gosto, que era sobre música, cinema, leitura, quadrinhos, cultura pop. E era bem divertido fazer tudo aquilo.

    Referências de pesquisa:

























    *Jornalista Independente

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