CAMPO GRANDE (MS),

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    22/04/2020

    2020: o ano da volatilidade nos mercados

    ©REPRODUÇÃO
    Caso não tenha ainda reparado, o início de 2020 está a ser algo diferente do que as previsões econômicas tinham apontado há uns meses atrás. Claro que, quando essas previsões foram feitas, ninguém estava à espera do COVID-19 atacar a saúde e a economia de todos os países do mundo, sem exceção. Por isso é que as notícias econômicas têm sido contraditórias, alternando grandes quedas com crescimentos muito pronunciados. 

    As bolsas europeias, com os seus índices de referência —o Ibex espanhol, o Dax alemão, o FTSE britânico, o CAC francês, etc.— e também as dos EUA, com o Dow Jones, o Nasdaq e o S&P 500 à frente, acumulam quedas históricas. Em alguns casos, as Bolsas tiveram de ser fechadas e as sessões interrompidas para evitar um choque sem precedentes. Mas não foram poucos os casos em que, no dia a seguir de uma dessas quedas, alguns dos valores afetados registaram um ‘efeito rebote’ igualmente significativo. 

    A Situação econômica global, influenciada pelo Coronavírus 

    Operar nos mercados financeiros é uma questão que requer conhecimento, disponibilidade de recursos econômicos e vontade de arriscar, pois os riscos são muitos e muito variados. Os momentos de volatilidade que hoje presenciamos são a consequência de uma situação sem precedentes que ninguém sabe como evoluirá nos próximos meses. 

    Embora na situação atual não seja possível ficar à espera de estabilidade e normalidade nos mercados financeiros, os analistas aconselham apostar pelo investimento inteligente. O objetivo será virar a instabilidade dos mercados em uma ferramenta favorável aos interesses dos investidores. Para isso, é imprescindível estudar as condições dos distintos mercados e analisar a evolução dos dados macroeconômicos que a cada semana são publicados. 

    Nos últimos dias, por exemplo, soubemos que o número de pessoas pedindo subsídios de desemprego nos EUA tinha atingido os 17 milhões. Na Europa, distintas análises e previsões apontam para uma queda do PIB dos países que, em alguns casos, poderá ser de mais do 10% em 2020. São dados nunca vistos desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Mas essa situação não tem de ser necessariamente negativa para os investidores. 

    Outra das opções que os analistas expõem estes dias é apostar por um ‘ativo refugio’. O ‘ativo refugio’ por excelência no mundo das finanças é o ouro, no entanto nos últimos tempos não tem conseguido fugir à volatilidade dos mercados. Mesmo assim, continua a ser a opção preferente dos expertos consultados, que estes dias aconselham olhar de novo a este ativo como salvaguarda em tempos ‘de guerra’. 

    O que vai acontecer nos próximos meses? 

    Os analistas e peritos coincidem em que tentar adivinhar o que vai acontecer daqui a 2021 é impossível. A maioria das economias do mundo vão confrontar dificuldades econômicas e sociais, quando as sanitárias ficarem resolvidas, maiores do que as da ultima crise financeira global. 

    As decisões dos governos e dos bancos centrais serão uma chave para analisar o posterior rumo que os acontecimentos vão tomar. Assim, na Europa a discussão é agora entre os países do sul —Espanha, Itália, Portugal e até a França— e os seus sócios do norte —Áustria, Países Baixos, Alemanha e Finlândia são os mais reticentes—. Os primeiros pedem aos segundos a partilha da dívida que será resultado da injeção de dinheiro nas economias nacionais para lutar contra as consequências econômicas do COVID-19. 

    Nos EUA, já foi aprovado um primeiro plano de ajudas e medidas de gasto público que atinge quase os 8 bilhões de dólares. Esta medida excecional, acordada pela Câmara de Representantes há umas semanas, prova a enorme complexidade do problema criado pelo vírus. E além das consequências econômicas diretas, a gestão da crise por parte da China —origem da doença— ameaça com produzir novas tensões geopolíticas e comerciais. Os EUA acusaram diretamente o governo comunista da China de ter ocultado informações chave que impediram uma resposta mais rápida, coordenada e eficaz pelos restantes países. 

    Todos estes fatores conduzem, inevitavelmente, à incerteza e falta de previsões confiáveis. A volatilidade continuará acompanhando aos investidores durante o que resta de 2020, em maior ou menor medida em função das decisões dos governos e demais instituições financeiras. No entanto, com as industrias principais fechadas ou com uma atividade limitada, as cifras do desemprego crescendo como nunca antes visto e a confiança dos consumidores em mínimos, os investidores vão ter de pensar duas vezes antes de cada movimento. 




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