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    25/04/2019

    Como o WhatsApp espera fazer dinheiro após dez anos de existência

    De planos de assinatura a plataformas de pagamento, App entra em sua primeira década de existência procurando formas de lucrar 

    ©DIVULGAÇÃO
    O WhatsApp já tem 10 anos. O aplicativo de conversas mais popular no planeta foi lançado em fevereiro de 2009 por Brian Acton e Jan Koum, dois ex-funcionários da Yahoo, em uma época em que a comunicação móvel por mensagem ainda dependia do SMS e, desde então, modificou a maneira como as pessoas ao redor do globo falam umas com as outras. 

    O WhatsApp foi liberado para o iPhone em agosto de 2009 e, um ano depois, a pequena startup conseguiu colocá-lo à disposição de usuários Android. Naquela época, porém, ele já estava ganhando um pouco da fama que possui hoje à medida que aumentava as funções: depois de permitir o compartilhamento de localização, o aplicativo foi reforçado em 2011 com a possibilidade de abrir grupos de conversa - nesse mesmo ano, o WhatsApp registrou o recorde de 1 bilhão de mensagens distribuídas em um único dia. 

    Demoraria dois anos para uma mudança de tamanha profundidade, quando o WhatsApp liberou a função de envio de mensagens de voz, em um ano em que a empresa começou a registrar aumentos graduais de usuários ativos. Em 2014, esse número chegou a 500 milhões, um dado fundamental para que o Facebook investisse US$ 19 bilhões (R$ 73,2 bilhões, na cotação de abril) em sua compra, em janeiro daquele mesmo ano - e hoje é de 1,5 bilhão, segundo a empresa. Só no Brasil eram 127 milhões de pessoas usando o aplicativo todos os dias em 2018. 

    "Uma experiência de mensagens unificada em ambas as plataformas (Android e iOS) significa que qualquer um que possui uma delas pode se manter em contato com amigos que possuem outra. Algo que o iMessage não oferecia e que fez o aplicativo de mensagens do Google ser taxado de 'bagunçado'", escreveu o jornalista Ian Morris em um artigo na revista estadunidense Forbes. 

    As atualizações de chamadas de vídeo, em 2016, e os atuais stickers, lançados no ano passado, foram as últimas mudanças significativas no aplicativo, mas agora há intenções mais claras de fazer dinheiro com ele. Três anos atrás, o WhatsApp acenou com a possibilidade de cobrar por uma assinatura mensal de US$ 1 (R$ 3,85, na cotação de abril) pelo seu uso. A ideia era posicionar a marca como sinônimo de um aplicativo de mensagens instantâneas como nenhum outro. 

    Para dar certo, a empresa apostava que a massa de usuários (quase o mesmo tamanho da população da China) iria inevitavelmente pagar para utilizar o app. Apesar disso, a estratégia de cobrar avançou a passos lentos, mesmo com a Índia estando na vanguarda de novas mudanças. 

    No país asiático, onde 200 milhões de pessoas usam o WhatsApp todos os dias, já existe a integração de plataformas de pagamento dentro do aplicativo cujos lucros são extraídos das taxas cobradas pelas transações com cartões de crédito ou de assinaturas. 

    O lançamento do WhatsApp Business, em 2018, é um indício do que o Facebook prepara para um dos seus grandes produtos: com ele, empresas que possuem grande volume de mensagens diárias com seus clientes podem usar a tecnologia de chatbot para dialogar com seus clientes diretamente pelo aplicativo. O objetivo é focar no consumidor. De acordo com o site especializado Whats Broadcast, essa abordagem do WhatsApp se deu quando ele viu o sucesso que faz em países como Brasil e Índia, em que as comunicações profissionais já estão sendo feitas por meio de mensagens instantâneas. 

    Outros analistas afirmam que Mark Zuckerberg poderia se inspirar na China. No país asiático, tanto o WhatsApp quanto o Facebook são raramente usados - primeiramente porque os dois são bloqueados pelo Estado e não podem ser acessados sem uma VPN. Segundo porque a China possui um serviço de mensagens próprio, o WeChat, com 1 bilhão de usuários ativos. 

    O WeChat permite a troca de mensagens, criação de grupos, uma função chamada Moments, semelhante ao Stories do Instagram, uma plataforma de pagamento online e outra batizada de City Services, em que os usuários podem agendar consultas médicas, por exemplo, além de um mapa que mostra a densidade de uma área ou de uma região - algo muito útil em um país como a China. 

    O WeChat é tão dominador que ele devorou até mesmo o pequeno mercado de desenvolvimentos paralelos ao aplicativo: recentemente, ele lançou o WeChat Mini Programs, em que desenvolvedores projetam seus programas que possuem alguma função no app principal. Em outras palavras, ele está fazendo o dinheiro que o WhatsApp procura: se o Facebook está procurando investimentos para seu produto famoso, o homônimo chinês oferece um bom exemplo para isso. 



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