1.887 empresários de micro e pequenas empresas das 27 UFs foram entrevistados pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade; resultados da pesquisa confirmam o relevante papel dos pequenos negócios no desenvolvimento sustentável brasileiro, especialmente nas economias locais
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Práticas que reduzem o consumo de energia e água, de separação e destinação correta dos resíduos sólidos, contratação de mão de obra e fornecedores locais, apoio às comunidades no entorno da empresa e comprometimento com a sustentabilidade são algumas das ações sustentáveis que os pequenos negócios estão adotando, em silêncio, em todo o país, segundo pesquisa inédita realizada pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade.
A versão integral do estudo Engajamento dos Pequenos Negócios Brasileiros em Sustentabilidade e aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) está acessível neste link. Esta é a primeira pesquisa nacional sobre o comportamento dos pequenos negócios em sustentabilidade.
O Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS) é a unidade de referência nacional do Sistema Sebrae neste tema e está em atividade há mais de sete anos. Localizado junto ao Sebrae Mato Grosso em Cuiabá (MT) tem como missão produzir e disseminar conhecimento sobre sustentabilidade para os pequenos negócios, visando a inclusão deste segmento na ‘nova economia’, que prioriza os princípios sustentáveis.(www.sustentabilidade.sebrae.com.br)
Segundo a pesquisa, os motivos que os levam a adotarem práticas sustentáveis - tais como eficiência energética, uso eficiente de água, gestão de resíduos, apoio à comunidade local, entre outras - são: preservação ambiental (67%); redução de custos (20%); marketing e propaganda (3%); exclusivamente para cumprir a legislação (2%); e outros motivos (7%).
O conceito de sustentabilidade está baseado no tripé que busca conciliar lucro e rentabilidade com respeito ambiental e alto valor sociocultural.
Entrevistas por telefone
Os pequenos negócios são a grande maioria das empresas no Brasil: 98,5% dos empreendimentos são Microempresas (com faturamento até R$ 360 mil/ano); Empresas de Pequeno Porte (EPP, com faturamento acima de R$ 360 mil até R$ 4,8 milhões/ano) e Microempreendedores Individuais (MEI, com faturamento de R$ 81 mil/ano). Juntos geram 55% dos empregos formais e 45% da massa salarial e são responsáveis por 27% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (DataSebrae e Anuário do Trabalho 2016).
A metodologia adotada nesta pesquisa foi quantitativa e a amostragem aleatória e estratificada foi baseada no cadastro de atendimento do Sebrae Nacional. Ao todo foram entrevistados 1.887 empresários de Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) dos quatro principais setores econômicos (agropecuária, indústria, comércio e serviços) em todos os estados e no Distrito Federal, no período de 24.11.17 a 15.12.2017.
Foram abordados os seguintes temas junto aos empresários entrevistados: sustentabilidade; uso eficiente de energia; uso eficiente da água; gerenciamento de resíduos sólidos; desenvolvimento social; política de compras; comprometimento; e oportunidades. As respostas por setor também são apresentadas em cada questão na pesquisa.
ODS
Em cada questão, os resultados foram analisados para também apontar com quais dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) os pequenos negócios brasileiros estão contribuindo para seu cumprimento no Brasil. Os ODS compõem a Agenda 2030 das Nações Unidas (ONU), assumida por 193 países-membros, em 2015, em Nova Iorque. O Brasil é signatário da Agenda 2030. Os 17 ODS são divididos em 169 metas.
Ao adotarem práticas sustentáveis os pequenos negócios brasileiros estão contribuindo principalmente com os ODS: 8 (Trabalho decente e crescimento econômico); 10 (Redução das desigualdades); e 12 (Consumo e produção responsáveis).
Várias práticas também dialogam com outros ODS, sendo eles: 1 (Erradicação da pobreza); 3 (Saúde e Bem-estar); 6 (Água e Saneamento); 7 (Energia limpa); 9 (Indústria e Renovação); 11 (Cidades e comunidades sustentáveis; 14 (Vida sob a água); 15 (Vida sobre a terra); e 17 (Parcerias pelas metas).
Economia em transição
Grandes transformações estão ocorrendo na economia brasileira e global em decorrência da adoção dos princípios da sustentabilidade, que devem ser estudadas e acompanhadas, de acordo com Suênia Sousa, gerente do Centro Sebrae de Sustentabilidade. “Com esta pesquisa queremos mostrar que o movimento em busca da sustentabilidade também está presente neste segmento pouco visível e silencioso, apesar de numeroso, composto pelos pequenos negócios. Eles também protagonizam o processo de transição da economia, movidos por novos valores e atitudes sustentáveis”, ressalta.
Os pequenos negócios são mais flexíveis e ágeis para se adequarem às mudanças do que grandes empresas. ”Os resultados desta pesquisa comprovam a capacidade de adaptação deste segmento tão importante”, diz a gerente.
Este robusto segmento está presente em todos os biomas brasileiros (Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampas). Nem sempre grandes empresas estão neles, argumenta. “Eles permeiam todo o país e são o carro-chefe das economias locais e regionais e também integram as cadeias de valor de grandes empresas e corporações”.
Principais resultados
Entre os resultados da pesquisa Engajamento dos Pequenos Negócios Brasileiros em Sustentabilidade e aos ODS, destacam-se:
Sustentabilidade
. 93% estão comprometidos com a sustentabilidade
.54% aplicam ações isoladas, esporadicamente, sem planejamento
. 29% têm algumas práticas sustentáveis planejadas
. 8% a sustentabilidade é o coração da empresa
. 8% possuem projeto com práticas estruturadas e acompanhamento dos resultados
. 1% não aplica sustentabilidade no negócio
Desenvolvimento Social
. 85% apoiam comunidade local
. 93% contratam mão de obra local
. 80% dão preferência aos fornecedores locais
. 54% incentivam funcionários a terem atitudes voluntárias em projetos filantrópicos e sociais
. 52% participam/ apoiam atividades culturais/educacionais da comunidade
. 25% investem na preservação de praças e espaços públicos
Uso eficiente de energia
. 97% dos entrevistados substituíram lâmpadas incandescentes por fluorescentes econômicas e LED
. 74% possuem horários definidos para ligar e desligar equipamentos
. 68% trocam equipamentos ou maquinários por outros mais eficientes
. 28% implantam sensores de presença nos ambientes
. 7% usam energias renováveis/limpas (solar, eólica, biomassa e outras)
Uso eficiente da água
. 60% declararam ter alguma prática para economizar o uso de água
. 48% instalaram vasos sanitários acoplados com descarga de duplo acionamento
. 45% fazem reaproveitamento de água (pias, chuveiro, etc) para fins não potáveis (lavar pisos, regar plantas e jardins, lavar automóveis, etc)
. 29% fazem captação de água da chuva
. 25% instalaram torneiras com acionamento automático
. 13% tratam e reusam água de efluentes
Gerenciamento de resíduos sólidos
. 81% adotam alguma iniciativa para separação e destinação correta dos resíduos
. 87% separam resíduos não recicláveis (úmidos) dos recicláveis (secos) para encaminhar à reciclagem
. 71% separam resíduos perigosos (lâmpadas, óleo, pilhas e baterias, eletrônicos) para colega por empresa especializada
. 56% doam alguns tipos de resíduos para grupos de artesãos
. 31% possuem política integrada de gerenciamento de resíduos da empresa
. 23% fazem compostagem dos resíduos orgânicos (adubo)
Política de compras
. 42% buscam materiais mais sustentáveis e compram somente se não afetar os custos da empresa
. 28% o preço é fator mais importante na hora da compra
. 24% desconhecem fornecedores de produtos sustentáveis na região
. 6% compram somente materiais sustentáveis
Comprometimento e motivação
. 93% se declararam comprometidos com o conceito de sustentabilidade
. 67% buscam a preservação do meio ambiente e justiça social
. 20% para economizar/ reduzir custos
. 7% outros motivos
. 4% para divulgar a empresa (marketing e propaganda)
. 2% exclusivamente para cumprir a legislação
Oportunidades
. 91% consideram que novas oportunidades e modelos de negócio estão surgindo da sustentabilidade.
ASSECOM