O governo pagará US$ 4,5 bilhões por 36 aviões suecos. Os primeiros devem chegar ao país quatro anos após assinatura do contrato
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Avião Gripen produzido pela Saab, empresa vencedora de licitação no Brasil (Foto: Wikimedia Commons) |
O caça de fabricação sueca Gripen, da Saab, será o escolhido para o programa FX-2. O anúncio oficial sobre a concorrência foi feito nesta quarta-feira (18) pelo ministro da Defesa, Celso Amorim. Além dos suecos, estavam na disputa caças da França, o Rafale, e dos Estados Unidos, o F-18.
O governo brasileiro pagará US$ 4,5 bilhões por 36 caças suecos da empresa Saab. O cronograma de desembolso se estenderá até 2023.
O chamado Projeto FX-2, que inclui a aquisição de novos caças, teve início em 2001. Na Força Aérea, o Gripen sempre foi considerado favorito porque, apesar de ter componentes dos EUA, é um projeto a ser desenvolvido em parceria conjunta com o Brasil. Na semana passada, de acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, a presidente Dilma Rousseff mandou recado para o presidente francês, François Hollande, que não desejava tratar deste assunto durante a visita porque estaria insatisfeita com questões na parceria para compra de equipamentos da Marinha.
Dilma também ficou insatisfeita com os EUA por causa da espionagem sobre ela e empresas do governo. Este fato praticamente enterrou a parceria com os norte-americanos. Desta forma, sobrou o avião sueco. "O que precisamos é de um caça, o mais rápido possível porque a partir de dezembro o nosso deixa de operar. Estamos muito felizes com a notícia", disse um brigadeiro, após ouvir a informação dada pela presidente.
O modelo sueco substituirá os Mirage 2000, que serão aposentados este mês.
O ministro Celso Amorim disse que a escolha foi "objeto de estudos e ponderações muito cuidadosas", levando em conta a performance, transferência efetiva de tecnologia e custo de aquisição e manutenção. De acordo com Amorim, a escolha pelos aviões suecos foi "o melhor equilíbrio desses três fatores".
Segundo o ministro, o avião será de propriedade intelectual do Brasil e haverá transferência de tecnologia dos principais componentes do avião. O objetivo é criar condições para que ao menos parte dos equipamentos sejam produzidos nacionalmente. "A turbina é norte-americana, mas não é [um item] tão sensível em matéria de conhecimento tecnólogico." A proposta da Saab também prevê a abertura do código fonte das armas que equipam o caça.
Apenas um protótipo conceitual do Gripen voa atualmente, e tem mais de 300 horas de voo. O modelo vendido ao governo brasileiro será desenvolvido em conjunto, desde a planta.
Amorim informou ainda que a próxima etapa é a negociação do contrato, que poderá durar cerca de um ano. Nele, será descrito as responsabilidade de cada parte quanto ao desenvolvimento e transferência de tecnologia. Somente após o contrato, serão feitos os pagamentos à empresa sueca, e com isso, não há previsão de afetar o orçamento da União de 2014.
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, afirmou que a fase de discussão sobre o financiamento do projeto pode durar de oito a 12 meses. Ainda não se sabe se toda verba sairá do orçamento da Defesa. Os primeiros aviões serão entregues à Força Aérea cerca de quatro anos depois da assinatura do contrato.
Quanto à fabricação no Brasil, Saito disse que a Embraer será uma das principais beneficiadas com a escolha, e que algumas das partes do avião já são construídas no país.
AC
Fonte: Época
Por: Redação, com Agências