Autoridades e especialistas pedem prudência e defendem importância da vacinação
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Por solicitação do senador Nelsinho Trad (PSD), feita três dias antes de a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar uma nova variante do coronavírus ao planeta — a ômicron —, o Senado Federal debateu, nesta manhã, as condições de realização das festas de Carnaval de 2022.
Compareceram representantes do Ministério da Saúde, da Anvisa, da Fiocruz, do Consórcio Nordeste, da Sociedade Brasileira de Infectologia, das secretarias municipais e estaduais de Saúde, da Frente Nacional de Prefeitos, de produtores de eventos e de outros órgãos e comitês que hoje estão dedicados a assessorar gestores para o enfrentamento da pandemia de covid-19. “Estou aqui com uma responsabilidade sobre os ombros, de passar para a sociedade brasileira o que significa uma situação dessa natureza. Amanhã ou depois, ninguém vai poder falar que a gente se omitiu, ou seja, é uma situação que carece realmente de um debate”, explicou o senador Nelsinho Trad.
Todos os participantes defendem que o avanço da vacinação é determinante para se pensar em eventos dessa grandeza. "Por que não há um aumento significativo expressivo do número de novos casos, das internações e dos óbitos? Pelo contrário, nós estamos em queda. Porque se criou uma barreira imunológica fundamental, que é dada pela imunização. Então, os imunizantes funcionam", expôs o representante do Comitê Científico de Assessoramento ao Enfrentamento da Pandemia da Covid-19, Ricardo Valentim.
O vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) da Região Sudeste, Nésio Fernandes de Medeiros Júnior, alertou que o país vive uma desaceleração significativa na imunização. "É preciso uma cobertura vacinal que possa proteger a população, associada a outras características", disse.
O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Hermano Castro, ponderou: “a gente está entre 100 e 200 casos de mortes diárias, o que ainda é um número significativo, a meu ver. (...) Como a gente vai tratar de eventos que atraem turistas do mundo inteiro, é um risco para todos nós”.
Já o presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), Doreni Caramori Júnior, protestou. "Seria o caso de você proibir um evento, por ser de Carnaval, sendo que até lá muitos outros eventos e outros setores com as mesmas características de contato podem acontecer"?
O representante do Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19 da Prefeitura do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Oliveira, também defendeu as atividades carnavalescas e informou que a capital carioca trabalha com planejamento e monitoramento em grandes eventos. Também estuda exigir o chamado passaporte da vacina no sambódromo. "Podemos exigir também testes."
Já o infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Antônio Bandeira, analisa que não é a hora de permitir grandes aglomerações e sugere reuniões em grupos menores de pessoas vacinadas. " Quem vai sinalizar para essa população que carnaval está tudo bem, está liberado total? O que é que a gente vai esperar, depois?"
Diante dos posicionamentos, a secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo, pediu cautela. "Nós ainda precisamos rever muitas situações."
Para o senador Nelsinho Trad, o objetivo do debate foi cumprido. "Tudo que for feito daqui pra frente diante dessa situação em que nós estamos aprendendo a viver deve ser feito com prudência, com muita calma e sempre respeitando esse vírus porque ele já demonstrou que não é brincadeira."
Fonte: ASSECOM
Fotos: Edilson Rodrigues (Agência Senado) e Luís Carlos Campos Sales
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