CAMPO GRANDE (MS),

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    05/08/2021

    Sem reforma tributária ampla, Brasil fica prejudicado em relações comerciais exteriores

    O estado do Mato Grosso do Sul, que possui PIB industrial de R$ 21,4 bilhões, pode ser afetado caso seja mantido o atual modelo

    ©ILUSTRAÇÃO
    A urgência para se aprovar uma reforma tributária no Brasil é considerada uma unanimidade. No entanto, parte dos parlamentares no Congresso Nacional, assim como profissionais que atuam diretamente no ramo, ressaltam que isso não pode ser desculpa para que as mudanças sejam feitas pontualmente, ou seja, uma reforma tributária fatiada.

    Na avaliação do advogado tributarista João Ricardo Dias, o Brasil está com um modelo tributário atrasado em relação a outros países parceiros comerciais. E, segundo ele, a atual separação de impostos federais, estaduais e municipais dificulta negociações no mercado externo. Por isso, uma reforma ampla seria mais apropriada.

    “Nós segregamos a nossa tributação de consumo em vários impostos, com os que incidem sobre mercadorias e os que incidem sobre serviços. Só que, em outros países que utilizam o modelo IVA, essa segregação não existe para alguns há mais de 40 anos. Isso demonstra o quanto estamos atrasados e praticamente ficamos sem companheiros”, pontua.

    Crescimento econômico

    Especialistas consideram, ainda, que o sistema tributário em vigor no Brasil reduz a capacidade de competitividade do País e dos estados. Um deles é o diretor de Assuntos Tributários da Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais, Juracy Soares. Segundo ele, o atual modelo contribui para o baixo crescimento econômico.

    “Para milhares de empresas, os elevados custos de conformidade afastam investimentos produtivos e minam as atividades dessas corporações no mercado nacional e global. Para a administração pública, a infinidade de novas normas que são escritas para tapar buracos, que viabilizam sonegação, e também para gerir esse sistema complexo, resultam em perdas de arrecadação e elevados custos de gerenciamento e controle”, destaca.

    Mato Grosso do Sul

    Sem uma reforma tributária, o cenário também é de perda da posição relativa da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Com isso, o estado do Mato Grosso do Sul também pode ser afetado. A unidade da Federação possui, atualmente, PIB industrial de R$ 21,4 bilhões, equivalente a 1,6% da indústria brasileira. Ao todo, o setor emprega 123.090 trabalhadores na indústria. Os dados dão da Confederação Nacional da Indústria.

    Mato Grosso do Sul arrecadou, entre janeiro e junho de 2021, R$ 7,87 bilhões de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Com isso, a Unidade da Federação coletou 23,95% em relação ao mesmo período de 2020, quando o valor foi de R$ 6,35 bilhões. Os números são do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).

    O que muda com a reforma tributária mais ampla?

    Uma reforma tributária ampla pode aumentar em até 20% o ritmo de crescimento do PIB do Brasil nos próximos 15 anos. A projeção foi feita por profissionais renomados, que atuam instituições como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a LCA Consultores e a Fundação Getúlio Vargas (FGV). De acordo com os pesquisadores, esse resultado será consequência de ganhos de competitividade da produção nacional em relação aos competidores externos e da melhor alocação dos recursos produtivos.

    O IPEA, por exemplo, considera que as mudanças na forma de se cobrar impostos no Brasil poderão reduzir a pressão dos tributos sobre o cidadão de menor renda, o que resulta em diminuição das desigualdades sociais.

    Fonte: RÁDIO MAIS

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