CAMPO GRANDE (MS),

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    18/05/2020

    SERIAL KILLER| DNA vai identificar vítimas de "Pedreiro Assassino" e permitir "último adeus"

    Dos sete corpos, seis estão no Imol, que vai precisar de exame de DNA para a maioria

    As sete vítimas já identificadas do "Pedreiro Assassino". Só uma delas foi sepultada até agora ©Arte: Ricardo Oliveira
    Das sete vítimas já descobertas do “Pedreiro Assassino”, que agiu em Campo Grande por pelo menos cinco anos, só uma família conseguiu por enquanto dar o “último adeus”, com o sepultamento do corpo de José Leonel Ferreira dos Sandos, 61 anos, achado enterrado no quintal de casa no dia 7 de maio. Para as outras seis pessoas mortas por Cleber de Souza Carvalho, 43 anos, segundo confissão à polícia, o estado dos restos mortais, a maioria deles apenas ossadas, dificulta a identificação e consequentemente a liberação para os funerais.

    Não há prazo para isso. Em geral, costuma levar até 15 dias, mas pode chegar a 60, segundo esclarecimento da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) à consulta da reportagem.

    “Vai ser preciso exame de DNA para a maioria”, explicou a diretora do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), Glória Suzuki.

    Como é feito

    A explanação obtida pelo Campo Grande News junto a profissionais da perícia é de que os processos para identificação de pessoas mortas por causas violentas começam de forma visual. Depois, a tentativa é pelas impressões digitais. Quando não é possível assim, tenta-se por meio da arcada dentária, mas para isso é preciso obter algum tipo de arquivo odontológico da pessoa , como exames de raio-x.

    O DNA é a última opção. Em razão de os corpos das vítimas terem ficado debaixo da terra, um deles por quase cinco anos, essa será a forma de confirmar legalmente de quem se trata.

    A Sejusp, alertou que as famílias dos mortos devem acompanhar o trabalho do Imol para saber quando poderão fazer os funerais. Ainda segundo a reportagem apurou, nem todas as vítimas já foram procuradas por parentes.

    Os casos 

    A cronologia indica que, do que foi revelado até agora, o assassinato mais antigo atribuído ao “Pedreiro Assassino” é o de Flávio Pereira Cece, 39 anos, primo de Cléber de Souza Carvalho. Ele foi encontrado enterrado na casa onde morava, na Rua Corredor Público, no Residencial Atlântico Sul, imóvel já dividido com a família de Cléber. Flávio sumiu em 2015 e sequer havia registro policial sobre isso.

    Em 26 de novembro de 2016, pouco mais de 3 anos atrás, o catador de recicláveis e jardineiro Hélio Taíra, 74 anos, teve o desaparecimento registrado na Polícia Civil. A ossada só foi achada agora, na sexta-passada (7), debaixo de concreto em residência na Rua Grécia, na Vila Planalto. Cleber confessou ter contratado o senhor para capinar parte do terreno onde trabalhava em uma obra e disse tê-lo matado depois de desentendimento. Taíra tinha uma camionete, encontrada dias depois do sumiço.

    A partir de 16 abril de 2018, quem não se viu mais visto foi Claudionor Longo Xavier, 47 anos. Igualmente, foi encontrado morto e enterrado, na sexta-feira à noite. Os restos mortais estavam em terreno próximo da Rua Ráza, sem número, no Bairro Sírio Libanês. O crime, conforme a versão do “Pedreiro Assassino”, teve a ver com discussão relacionada a uma área em que vítima e algoz teriam investido juntos. Cleber, segundo as investigações, vendeu uma motocicleta de Claudionor depois de atingi-lo com paulada na cabeça, método usado em todos os casos.

    No mesmo ano, em 23 de junho, foi comunicado às autoridades policiais o sumiço de Roberto Geraldo Clariano, de 48 anos. O cadáver dele foi desenterrado à beira da Rua José Barbosa Rodrigues, no Bairro Santo Amaro. Lá, também foram localizados boné, meia, sapato e uma picareta, ferramenta usada para matar a vítima. O homem preso pelo homicídio disse que nesse caso, os dois estavam limpando um lote para invadir e também houve briga.

    José Jesus de Souza, de 45 anos, outro assassinado pelo criminoso serial, havia sumido em fevereiro deste ano. Vindo da Bahia, não tinha parentes por aqui. Ninguém comunicou o caso à polícia. Vítima de Cleber, foi enterrado em cova rasa no mesmo endereço onde estava Claudionor Longo Xavier.
    Mapa mostra proximidade dos locais onde assassino em série enterrou vítimas ©Arte: Thiago Mendes
    Fio da meada 

    Todos os casos vieram à tona, com a descoberta do crime envolvendo José Leonel Ferreira dos Santos, 61 anos, pela equipe da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio).

    Familiares do comerciante estranharam a ausência dele, inclusive no Whattsapp, por onde se falavam frequentemente, foram até à casa, na Rua Raul Machado, na Vila Nasser, e encontraram a esposa de Cleber, Roselaine, 40 anos, e a filha dele, Yasmim Natacha, de 19 anos, vivendo no imóvel.

    A polícia foi procurada, esteve no lugar e mulher de Cleber relevou toda a trama macabra. Antes disso, ele fugiu.

    Com a prisão preventiva decretada pela Justiça, acabou sendo capturado na sexta-feira, 7 de maio, de madrugada, pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar, na casa de familiar no Jardim Presidente, região norte da cidade. Inicialmente, confessou quatro mortes, além de José Leonel, indicando os locais onde enterrou os corpos.

    Entre a noite de sexta-feira e a tarde de sábado (8) admitiu mais dois assassinatos, o de Claudionor Longo Xavier e, ainda, Timóteo Pontes Romã, 62 anos.

    O aposentado, conhecido no bairro pela atuação em supermercado na Avenida Tamandaré, contratou o “Pedreiro Assassino” para uma obra e acabou vítima de paulada na cabeça. Neste caso, o matador jogou o corpo em um poço desativado, a 10 metros de profundidade.

    Para localizar os restos mortais das vítimas, foi preciso operação envolvendo integrantes do Batalhão de Choque, do Corpo de Bombeiros, da DEH e também da perícia da Polícia Civil.

    Cleber está em uma cela do Cepol (Centro Integrado de Polícia Especializada), onde fica a DEH. A filha dele está no presídio feminino e a esposa foi liberada com uso de tornozeleira por decisão judicial.

    Contra o "Pedreiro Assassino", pesam sete acusações de homicídio e mais sete de ocultação de cadáver. As mulheres respondem por ocultação de cadáver. A investigação apura, ainda, a venda de bens das vítimas, como veículos e imóveis.

    Denúncias 

    O titular da Delegacia, Carlos Delano, investiga se há mais vítimas, inclusive a partir de denúncias da comunidade. Informações nesse sentido podem ser fornecidas em dois números de WhatsApp: o (67) 99238-4923 e o (67) 3318-9026. O fixo e o celular só funcionam para mensagens.

    Cleber de Souza Carvalho, de camiseta azul, dá indicação sobre onde enterrou uma de suas 7 vítimas. (Foto: Henrique Kawaminami) 


    Por: CAMPO GRANDE NEWS
    Por: Marta Ferreira 



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