CAMPO GRANDE (MS),

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    26/02/2020

    Ministério da Saúde confirma primeiro caso de coronavírus no Brasil

    Homem de 61 anos, que mora na capital paulista, fez viagem para a Itália entre 9 e 21 de fevereiro. O primeiro exame foi feito no Hospital Albert Einstein e deu positivo. Contraprova do Instituto Adolfo Lutz confirmou a infecção.

    Laboratório Adolfo Lutz conclui diagnóstico de coronavírus
    O Ministério da Saúde afirmou nesta quarta-feira (26) que está comprovado o caso positivo de coronavírus na capital paulista. Este é o primeiro caso da doença no país e em toda a América Latina.

    Além dele, há outros 20 casos em investigação e 59 suspeitas já foram descartadas.

    De acordo com o ministro Luiz Henrique Mandetta, o paciente com Covid-19 chegou ao país vindo da Itália. Ele estava assintomático e, depois de alguns dias, procurou um serviço de saúde com sintomas respiratórios.

    O hospital Albert Einstein registrou a suspeita, fez um teste, que deu positivo. O caso foi para o Instituto Adolfo Lutz para contraprova, que foi concluído rapidamente, em três horas, comprovando a infecção por coronavírus. A média de conclusão do exame é de três dias.

    Passageiros não ficarão em quarentena

    Segundo o ministro Luiz Henrique Mandetta, os passageiros que estavam no avião com o paciente detectado com Covid-19 não serão postos em quarentena.

    "Não existe quarentena porque não existe eficácia nesse tipo de situação", afirmou.

    A recomendação é que os passageiros entrem em contato com a companhia aérea e informem o quadro respiratório e a proximidade que viajaram a este paciente.

    Providências

    Mandetta afirmou que não serão alterados procedimentos nos aeroportos ou bloqueios a países suspeitos, devido ao grande número de conexões nos voos. "Não existe nenhuma tecnologia que possa nos dizer que quem está dentro de um avião possa estar com o vírus ou não", disse.

    "A regra continua sendo: se tem sintomas, não viaje. Viajou? Informe as autoridades quando chega. Passou 14 dias da chegada, se sentir sintomas, procure a rede de saúde da sua cidade."

    "Essa é mais uma gripe que o mundo vai ter que atravessar. O mundo não tem fronteiras. Não tem como parar uma pessoa em um lugar. Como todo vírus, a medida de melhor controle é por etapas, é termos agilidade [no diagnóstico]", afirmou Mandetta. "O sistema [de saúde] brasileiro fez tudo com muita agilidade." O ministro reforçou que há pacientes assintomáticos que transmitem a doença, e não há eficácia na testagem de temperaturas, por exemplo.

    "Já passamos por epidemias respiratórias graves, como a H1N1. (...) Vamos passar por essa situação investindo em soluções, ciência e informação. [A recomendação é] Higiene, evitar aglomerações desnecessárias, cuidados de etiqueta respiratória, o brasileiro precisa aumentar o número de vezes que lava a mão", afirmou Mandetta.

    "Passamos a uma nova fase de providências, no sentido de mitigar os efeitos da doença em SP e em todo Brasil. Nosso comitê de emergência está reunido em SP, e de tarde vamos nos juntar a eles para falar sobre o que deve ser feito. Não muda muito com relação aos casos suspeitos, mas agora temos uma patologia confirmada", afirmou o ministro.

    Segundo Mandetta, é possível que o número de casos suspeitos aumente no Brasil, porque aumentou o número de países com mortes.

    "Estamos na fase de contenção, que é evitar que o vírus se espalhe. Caso se espalhe, vamos para a fase de mitigação", afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira.

    O coronavírus é conhecido desde 1960. A doença provocada pelo novo coronavírus, chamada de Covid-19, está sendo investigada, mas apresenta gravidade moderada a leve, segundo o Ministério da Saúde. Cada pessoa infectada pode transmitir para duas ou três pessoas, em alguns casos chegando a sete. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o período de incubação varia de 0 a 14 dias, mas já há estudos apontam que os sintomas aparecem de 9 a 10 dias.

    Um estudo feito com 44 mil pessoas com casos confirmados apontou que a maioria dos infectados tinha idade entre 40 e 69 anos. Destes, 1.023 morreram. Os quadros mais graves deste estudo apareceram em pessoas acima de 60 anos.

    Caso em SP

    O Hospital Albert Einstein, na Zona Sul da capital paulista, registrou em 25 de fevereiro a notificação do caso suspeito de um homem de 61 anos. Ele é brasileiro e viajou para o norte da Itália entre 9 e 21 de fevereiro. O paciente tem sinais brandos da doença, como tosse, e está em isolamento domiciliar.

    "O paciente encontra-se em bom estado clínico e sem necessidade de internação, permanecendo em isolamento respiratório que será mantido durante os próximos 14 dias. A equipe médica segue monitorando-o ativamente, assim como as pessoas que tiveram contato próximo com ele", diz nota do Hospital Albert Einstein (veja nota completa abaixo).

    Segundo o Ministério da Saúde, no atendimento, o hospital "adotou todas as medidas preventivas para transmissão por gotículas, coletou amostras e realizou testes para vírus respiratórios comuns e o exame específico para SARS-CoV2 (RT-PCR, pelo protocolo Charité), conforme preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

    Com resultados preliminares realizados pela unidade de saúde e de acordo com o Plano de Contingência Nacional, o hospital enviou a amostra para o laboratório de referência nacional, Instituto Adolfo Lutz, para contraprova, que deu positivo.

    O paciente viajou para a região da Lombardia (norte do país), a trabalho, sozinho, no período de 9 a 21 de fevereiro. Iniciou com sinais e sintomas (Febre, tosse seca, dor de garganta e coriza) compatíveis com a suspeita de Doença pelo Coronavírus 2019 (COVID-19). O paciente está bem, com sinais brandos e recebeu as orientações de precaução padrão.

    A SES/SP e SMS/SP estão realizando a identificação dos contatos no domicílio, hospital e voo, com apoio da Anvisa junto à companhia aérea", diz a nota do Ministério da Saúde.



    Por Elida Oliveira e Brenda Ortiz, G1 e G1 DF



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