Por: Wilson Aquino* |
Pode um pai ou uma mãe amaldiçoar o próprio filho? Mesmo consciente do amor que sente por ele a ponto de dar a própria vida para salvá-lo? Amaldiçoá-lo de forma que dificulte ou até, em muitos casos, impeça seu crescimento pessoal, profissional, amoroso e familiar? Enfim, de prejudicá-lo por toda vida? A resposta, infelizmente, é SIM! E pior: Essa maldição nem sempre é consciente. É sutil, sorrateira. Se disfarça de “educação rigorosa”, de “falar a verdade”, ou simplesmente por que os pais não se dão conta do poder e da força das palavras dirigidas aos filhos não só em momentos de raiva, de explosão, mas no cotidiano, normal.
Expressões como: “... mas você é um incompetente mesmo” , “... filho, você é um tapado...” , “Você NUNCA vai aprender...” , “Você é burro”, “Você é uma infeliz”, “Você não presta mesmo”, “Você nunca será alguém na vida...”, “Você nunca vai aprender nada na vida”, “Você é uma tonta”, “Você não respeita ninguém” e tantas outras, parecem fazer parte da “cultura educacional familiar” em lares brasileiros.
Muitos homens e mulheres, formados, casados e com filhos, têm dificuldade de relacionamento (amoroso, profissional, social...) e não se dão conta do por quê dessa angústia, dessa ansiedade e impossibilidade de se manterem relaxados e focados no crescimento profissional e pessoal. São muitos os que se debatem na vida tentando “encontrar o caminho” e aqueles que podem recorrem à terapia, mas nem sempre obtêm sucesso.
Isso porque o problema está alojado num local muito mais profundo. Está na alma ferida! Rotulada! Amaldiçoada lá atrás pelos próprios pais.
A igreja tem papel fundamental nesse processo de cura. Basta o indivíduo seguir apenas dois mandamentos básicos: “Amar a Deus acima de todas as coisas” e “Amar ao próximo como a nós mesmos”. Com esse alicerce o processo de cura torna-se muito mais fácil.
Temos testemunhado e ouvido inúmeros casos de pessoas que estavam simplesmente “travadas” na vida por conta de maldições inconscientes que os próprios pais plantaram em suas vidas. Se deram conta disso quando “nasceram de novo”, por intermédio do batismo religioso e do seu fortalecimento em Deus.
Soube recentemente de um homem que não conseguia ter paciência com os próprios filhos e no trabalho e na rua tinha explosões de violência que não conseguia controlar. Era uma raiva muito grande que vivia entrando em erupção. E isso o prejudicava enormemente em todos os ambientes. E assim foi até que um dia, num seminário para casais numa igreja, ele trouxe à tona um episódio – do qual já não se lembrava, pois estava esquecido em seu interior – ocorrido quando tinha apenas 8 anos de idade. Alguns amiguinhos dele haviam dormido em sua casa e como ele tinha problema de urinar na cama enquanto dormia, seu pai, no dia seguinte, na mesa do café, diante de todos, inclusive dos amiguinhos, disse em alto e bom som apontando para o filho: “temos aqui um mijão...”
Isso bastou para ferir aquela criança por quase toda sua vida e provocar os atos de violência e irreverência social e familiar. E como um milagre, a partir do momento que ele relembrou desse episódio, colocando-o para fora, mesmo achando-o “insignificante”, estava ali, sem que soubesse, a raiz de todo o mal plantado na sua alma. A partir daquele dia passou a mudar naturalmente seu jeito de ser. Passou a ser mais tolerante e deixou de “explodir” como antes.
Há que se observar sobre esse episódio, que o pai não tinha intenção alguma de simplesmente ferir o filho. Ele achava que dessa forma o ajudaria a não mais urinar na cama enquanto dormia.
Assim como esse pobre homem, quantos outros não estão por aí espalhados, perdidos em nosso meio, precisando da mesma ajuda? Cabe a cada um de nós fazermos a nossa parte e procurarmos, de fato, ajudar nosso próximo da melhor maneira possível. Amando e perdoando. Somente assim teremos filhos melhores educados e, consequentemente, um mundo melhor para viver.
Aos pais cabe ajudar a desenvolver nos filhos a autoconfiança, o encorajamento e elogiá-los com sinceridade, sempre. Precisam mostrar que estão interessados no que fazem e demonstrar amor e preocupação por eles.
Na Bíblia, inúmeras passagens enfatizam esse dever, essa responsabilidade dos pais. Efésios (6:4) é direto e objetivo: “Pais, não tratem os seus filhos de um jeito que faça com que eles fiquem irritados. Pelo contrário, vocês devem criá-los com a disciplina e os ensinamentos cristãos”.
*Jornalista, Professor