CAMPO GRANDE (MS),

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    24/07/2019

    Baixos públicos dos estádios são um sinal de crise do futebol brasileiro?

    Jogos da Copa América disputados no país neste ano chamaram a atenção da imprensa e até mesmo dos meios internacionais 

    ©DIVULGAÇÃO
    O futebol não é mais o mesmo. Aquele status de quase religião no qual esse esporte sempre foi envolvido no Brasil parece estar se perdendo. Numa clara aposta Brasil e outros países encontram nas transmissões ao vivo nos diversos veículos de comunicação, seja rádio, TV ou internet, uma alternativa. Mas, o problema está nos estádios: cada vez mais vazios, silenciosos e sem vida. 

    O Brasil pôde notar isso com certo temor na última edição da Copa América. A média de público beirou os 30 mil durante a primeira fase, o que equivale a menos de 50% da taxa de ocupação total da competição. 

    Aliás, o jogo com menos público registrou pouco menos de 10 mil pessoas. Equador enfrentou o Japão diante de 9,729 mil torcedores, sendo que grande parte era pagante. Um número que equivale a menos de um sexto da capacidade do estádio, o Mineirão, que suporta até 60 mil pessoas. 

    O futebol não é mais “populoso”, nem popular 

    No Brasil o futebol sempre foi sinônimo de festa, de casa lotada, de barulho. A imagem que temos do esporte no século 20 é da reunião de todas as classes e idades em torno de um espetáculo. 

    Não é de graça que diversos clubes decidiram ampliar ou mesmo construir do zero seus estádios. 

    O crescente aumento no quadro de sócios dos times indicava a necessidade de tornar maiores as arquibancadas, de modo a não deixar ninguém de fora. 

    Ainda que os estádios representassem fisicamente a estrutura da sociedade brasileira, com camarote, geral e arquibancada, sempre pudemos classificar o futebol como popular. 

    Hoje, com o aumento exponencial das mensalidades dos sócios e dos valores dos ingressos dos setores mais simples, houve uma debandada dos torcedores. 

    Há quem diga que o futebol se tornou um jogo das elites, não havendo mais espaço para os grupos minoritários. 

    Elitismo, ingressos mais caros e televisão: fontes do problema 

    As classes sociais mais ricas são as que têm acesso aos “melhores” bens de consumo – e o futebol tornou-se inegavelmente um bem de consumo, destinado a quem tem dinheiro para pagar por ele. Não é à toa que as políticas de muitos dirigentes de clubes no país é restringir o acesso ao estádio a quem tem menos poder aquisitivo. 

    Isso se dá de várias formas, sendo a principal delas o aumento do valor dos ingressos. Na última década diversos campeonatos nacionais e regionais no Brasil sofreram com redução de público nos estádios devido à impossibilidade de os mais pobres terem acesso aos jogos. 

    Outra fonte do problema é a televisão. O aumento das transmissões televisivas de jogos tirou boa parte das pessoas dos estádios. Com a popularização da TV a cabo, diversas famílias, mesmo aquelas com condições financeiras reduzidas, já tem acesso aos canais pagos de esporte. 

    O conforto de ver o jogo em casa, aliado à insegurança nas ruas é um dos grandes motivos para hoje as pessoas preferirem a TV às arquibancadas. Uma atitude compreensível e que provavelmente só vai aumentar nos próximos anos. 



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