CAMPO GRANDE (MS),

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    29/04/2019

    Brasileiro consome 50% mais açúcar que meta da OMS

    Acordo com indústria visa cortar 144 toneladas de açúcar dos alimentos processados 

    ©DIVULGAÇÃO
    Cerca de 18 colheres de chá de açúcar, ou 80 gramas, por dia. Essa é a dose que os brasileiros consomem, segundo o Ministério da Saúde. O número está fora do padrão estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que iniciou uma campanha para reduzir a taxa para 50 gramas por dia -- ou 12 colheres de chá. No futuro, a meta é chegar a 25 gramas por dia (6 colheres de chá). 

    A OMS estipula que o consumo médio de açúcar de uma pessoa deve ser equivalente a 10% do total das calorias diárias. O ideal, no entanto, é representar 5% das calorias consumidas em um dia. 

    Para diminuir as taxas de consumo, o foco é estabelecer um limite à indústria de alimentos brasileiros. A ideia é que sejam retirados 144 mil toneladas de açúcar dos produtos que fabrica até 2022 -- o que reduziria 62,4% do açúcar presente hoje em biscoitos. 

    As metas serão monitoradas a cada dois anos e valerão para os produtos em cada uma das categorias que têm a maior quantidade de açúcar consumido pela população. Daqui três anos, o objetivo é que bolos reduzam a quantidade de açúcar em 32,4%; as misturas para bolos, 46,1%; as bebidas açucaradas, 33,8%; os produtos lácteos (incluindo suplementos como o Whey Protein), 53,9%; e os achocolatados, 10,5%. 

    O presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Wilson Mello, diz que novo acordo é parte de uma postura assumida pelos fabricantes há dez anos, quando eles se comprometeram em diminuir o uso de gordura trans nos alimentos. Posteriormente, atendeu a um pedido das agências reguladoras para dosar a quantidade de sal nos ingredientes das comidas processadas. 

    “[Vamos] movimentar toda a indústria para que reduza, dentro do maior nível possível, os índices de açúcar nos alimentos. Fizemos isso com o sódio e vamos fazer com os açúcares. É um compromisso, mas é um movimento que vem sendo feito nos últimos anos sob demanda do próprio consumidor”, avaliou. 

    Segundo uma pesquisa publicada pela revista Cancer Epidemiology, que teve o apoio do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, um terço das mortes causadas por câncer no país poderia ser evitado com mudanças no estilo vida dos brasileiros. 

    Tabagismo, consumo de álcool, excesso de peso, alimentação não saudável e falta de atividade física são fatores de risco associados a 114 mil casos da doença (27% do total) e 63 mil mortes (34% do total) por ano no Brasil. 

    Um dos dados que mais chamam a atenção é que as incidências de câncer de pulmão, de laringe, de orofaringe, de esôfago, de colón e de reto poderiam ser reduzidas pela metade caso esses cinco fatores de risco fossem eliminados. “O que nos surpreende é a magnitude de casos e mortes que a gente conseguiria evitar a partir da redução desses fatores de risco. Esse número deve chamar atenção para políticas públicas de redução do risco de câncer no Brasil”, disse Leandro Rezende, pesquisador da FMUSP e um dos autores do estudo. 

    A OMS indica que, até 2025, os casos de câncer cresçam em até 50% no Brasil em decorrência do aumento e do envelhecimento da população. Atualmente, a doença é a segunda causa de morte no país.


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