CAMPO GRANDE (MS),

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    17/04/2018

    Fecomércio participa das discussões sobre extração do gás de "xisto" em MS

    © Divulgação/ALMS 
    A economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio-MS (IPF-MS), Daniela Dias, representou a Federação na audiência pública realizada nessa segunda-feira (16), na Assembleia Legislativa, que debateu os impactos da extração do gás de "xisto" no Estado, promovida pelo deputado Amarildo Cruz (PT). 

    O Brasil ocupa o 10º lugar nas estimativas de reserva mundial do gás de xisto ou folhelho, segundo dados da Agência Internacional de Energia, e o interesse pela utilização desse gás ocorre, principalmente, porque tem se demonstrado como uma alternativa para baratear a produção de energia no mundo. 
    © Divulgação/ALMS 
    A Petrobrás arrematou em setembro do ano passado o bloco de exploração da Bacia Terrestre do Paraná, que engloba, no Mato Grosso do Sul, os municípios de Água Clara, Anaurilândia, Angélica, Bataguassu, Batayporã, Brasilândia, Campo Grande, Deodápolis, Ivinhema, Nova Alvorada do Sul, Nova Andradina, Novo Horizonte do Sul, Ribas do Rio Pardo, Rio Brilhante, Santa Rita do Pardo, Taquarussu e Três Lagoas, durante a 14ª rodada dos leilões promovidos pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

    © Divulgação/ALMS 
    Há ainda a possibilidade de outros nove municípios de Mato Grosso do Sul serem impactados com a atividade, já que também fazem parte da bacia: Alcinópolis, Bandeirantes, Camapuã, Cassilândia, Chapadão do Sul, Costa Rica, Inocência, Rochedo e São Gabriel do Oeste.

    Segundo a economista Daniela Dias, o grande foco é o custo social da extração do gás, que poderá ser maior que os benefícios que ele pode oferecer. “Embora a exploração do gás possa contribuir para a geração de emprego, renda e produção de uma energia considerada mais barata, ela traz consigo riscos ao meio ambiente, agricultura, pesca, pecuária e à população, que poderão ofuscar e reduzir os resultados econômicos. Por isso, os efeitos dessa extração devem ser vistos com cautela, pesquisas são necessárias para tanto, bem como evidências qualitativas e quantitativas que corroborem com as tomadas de decisões, crescimento e desenvolvimento sustentável do Estado”, afirma.

    Considerando esses possíveis efeitos negativos, a Fecomércio-MS se posiciona a favor do projeto de lei 3/2018, proposto pelo deputado Amarildo Cruz, que suspende pelo período de dez anos a extração do gás de "xisto" ou gás de folhelho em Mato Grosso do Sul, por meio do método de perfuração seguido de fraturamento hidráulico (fracking), até que se consiga providenciar estudos de impacto e/ou de outros métodos de exploração que amenizem os aspectos negativos da atividade.

    Segundo a Earth Observatory da Universidade de Columbia (2014), nos EUA, líder na exploração do gás, identificou-se graves problemas ambientais, como a poluição da água, contaminação de áreas vizinhas, emissões de metano (um gás do efeito estufa) e aumento de incidências de terremotos.

    De acordo com o professor da UFMS, Leonardo Francisco Figueiredo Neto, que atua com linhas de pesquisa voltadas ao meio ambiente e economia, a extração do gás de xisto utiliza mais de 600 componentes químicos que emitem metano, que é mais potente que o CO2 para o efeito estufa. “Dentre os riscos mais graves dessa extração está a contaminação do solo e da água subterrânea. Com a água contaminada, a população poderá ser acometida por diversos problemas de saúde. Além disso, haverá uma maior probabilidade de desencadeamentos de explosões e incêndios. Devido a esses riscos, países como a França, Bulgária e alguns estados norte-americanos, proibiram por lei a exploração do gás pelo método fracking”, explica.

    Ainda segundo o professor, uma vez contaminados quimicamente, o solo, a água, a fauna e a flora locais sofrerão graves consequências, como a morte e o afugentamento das espécies, causando desequilíbrio e um enorme impacto ao meio ambiente. “Por isso, são necessários estudos voltados à exploração do gás de xisto ao longo dos anos, pois ao que parece existem muitas indagações sobre as externalidades dessa nova fonte de combustível fóssil”, afirma.

    Fonte: Infinito Comunicação Assessoria
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