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    20/12/2017

    2018: consumidor vai pagar R$ 16 bi em subsídios na conta de luz

    Esse aumento deve ter um impacto médio de 2,14% nas tarifas em 2018

    Em média, no ano que vem, cada usuário terá que pagar 28,48 reais a cada megawatt-hora consumido para arrecadar recursos para os beneficiários da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) (iStock/Getty Images)
    Os consumidores de energia terão que pagar 16,019 bilhões de reais para custear gastos com subsídios e programas sociais do governo embutidos na conta de luz no ano que vem. O valor representa um aumento de 22,88% em relação às despesas deste ano, de 13,038 bilhões de reais. Esse aumento deve ter um impacto médio de 2,14% nas tarifas em 2018.

    Os números constam do orçamento aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo setorial que é bancado por um encargo que onera as tarifas.

    Os subsídios na conta de luz beneficiam diversos grupos de interesse. Na prática, o consumidor residencial paga um valor adicional para permitir que outros possam ter descontos tarifários. Todos os grupos beneficiados têm seus descontos assegurados por lei.

    Na proposta aprovada pela Aneel nesta terça-feira, 19, os gastos totais da CDE vão atingir 18,843 bilhões de reais em 2018, um aumento de 17,8% em relação aos 15,989 bilhões de reais do ano passado.

    O fundo conta com apenas 2,824 bilhões de reais de recursos próprios, que tem como renda taxa de uso do bem público (UBP), pago pelos donos de hidrelétricas pelo uso da água, multas e pagamento de empréstimos realizados no passado.

    Somando despesas e receitas, há um déficit de 16,019 bilhões de reais, que será repassado às tarifas pagas pelo consumidor.

    O impacto médio nas tarifas é de 2,14%, mas há uma diferença no peso da cobrança por regiões. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o impacto será de 2,72%, e no Norte e Nordeste, de 0,77%.

    Também há diferenças por nível de tensão. Para a alta tensão, no Norte e Nordeste, o aumento será de 1,04%, e para o Sul, Sudeste e Centro-Oeste, 4,36%. Para a média tensão, 0,71% no Norte e Nordeste e 2,57% no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. E para a baixa tensão, 0,60% no Norte e Nordeste e 1,90% para Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

    Beneficiários da CDE

    Em média, no ano que vem, cada usuário terá que pagar 28,48 reais a cada megawatt-hora consumido para arrecadar recursos para os beneficiários da CDE.

    No orçamento de 2018, o maior impacto é a rubrica “descontos tarifários na distribuição”, que terá 6,944 bilhões de reais. Entre os beneficiados estão empresas que fornecem serviços públicos de água, esgoto e saneamento, irrigantes, aquicultores e agricultores.

    Também têm direito a esse desconto a cadeia de fontes incentivadas, como eólica, solar, biomassa, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e cogeração. Nesse caso específico, as duas pontas têm benefícios: as usinas que produzem a energia e o comprador do insumo, como o comércio e a indústria. Essa cadeia também conta com descontos na transmissão, que somarão 503 milhões de reais no ano que vem.

    Os consumidores atendidos nas regiões isoladas, fora do Sistema Interligado Nacional (SIN), principalmente no Norte do País, receberão 5,346 bilhões de reais. Esse valor é usado para pagar o combustível usado em termelétricas a gás, diesel e óleo combustível.

    O Programa Luz para Todos teve o orçamento mantido em 1,172 bilhão de reais. A população de baixa renda, beneficiada pelo programa Tarifa Social, terá 2,440 bilhões de reais. Produtores de carvão mineral terão 752 milhões de reais. As cooperativas terão 155 milhões de reais.

    Para amenizar o impacto tarifário, a CDE contará com reserva técnica de 460 milhões de reais em 2018, correspondente a 2,5% da previsão total de gastos. A previsão inicial era de 5%. Para cobrir custos administrativos, financeiros e tributários na gestão do fundo, a CCEE receberá 8,807 milhões de reais.

    RGR

    Os empréstimos subsidiados da Reserva Global de Reversão (RGR), que compõe a CDE, devem somar 1,307 bilhões de reais. A proposta inicial, de 946 milhões de reais, foi elevada devido à necessidade de manter financiamentos para as distribuidoras designadas da Eletrobras, que serão privatizadas em 2018.

    Restos a pagar

    A Aneel incluiu na rubrica “restos a pagar” o valor de 1,061 bilhão de reais, correspondente à estimativa de déficit da CDE em 31 de dezembro deste ano, de acordo com informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), gestora do fundo. Os valores não foram pagos devido a liminares judiciais e inadimplência dos agentes, e entram como despesas do fundo em 2018.

    Amazonas Energia

    A Aneel destacou ainda que não pôde incluir receitas de 2,9 bilhões de reais para o fundo. Os valores seriam pagos pela Amazonas Energia. Um processo de fiscalização da Aneel apurou que a distribuidora da Eletrobras terá que ressarcir o fundo por valores recebidos indevidamente entre 2009 e 2016.

    A Aneel deu prazo de 90 dias para que a empresa comece a pagar a dívida, o que fará com que os valores comecem a entrar apenas em 2018. No entanto, a empresa entrou na Justiça e tenta se livrar do pagamento e obteve na segunda decisão liminar favorável, que obrigou a Aneel a retirar o processo da pauta da reunião da diretoria desta terça. O orçamento da CDE será “revisitado imediatamente após a confirmação do pagamento pela Eletrobras”, informou a Aneel.

    Por Estadão Conteúdo


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