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Divulgação |
Quadrilha de estelionatários presa em Campo Grande adulterou uma lâmina de cheque, mudando o valor de R$ 200 para R$ 98 mil - quase 500 vez mais. Para conseguir essa e outras façanhas semelhantes, o esquema organizado envolveu contatos em bancos, empresas de telefonia e laranjas que emprestaram contas correntes para receber as quantias desviadas.
O cheque era de um posto de gasolina, não revelado pela polícia, e foi depositado e compensado em uma unidade da cooperativa Sicredi. Os quase R$ 100 mil entraram na conta corrente do cooperado Tales Gonçaves Oliveira, de 30 anos, que pulverizou o valor para outras duas contas, incluindo a de sua esposa, Eliane Dias Sousa, 40 anos, que recebeu R$ 30 mil.
Outros R$ 60 mil foram para a conta de Allan Cleyton de Souza Ferreira, de 24 anos, e R$ 8 mil permaneceram com Tales.
Concluídas as transferências, ou melhor, as divisões, começaram os saques. Conforme eles, tais contas seriam para receber o dinheiro da quadrilha e teriam direito a apenas 10% dos valores. Tales sacou os R$ 8 mil que restaram em sua conta, enquanto sua esposa tirou R$ 10 mil dos R$ 30 mil creditados. Já Allan, conseguiu sacar R$ 40 mil dos R$ 60 mil recebidos. Até serem pegos em flagrantes, conseguiram "sumir", com R$ 58 mil.
Apenas R$ 600 foram recuperados até o momento. Ao identificar a fraude, o banco tratou de bloquear os R$ 40 mil restantes e logo avisou a polícia, que deu início às investigações.
Allan, Eraldo e Júlio foram apresentados pelo Garras nesta sexta-feira (Foto: Amanda Bogo)
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Na manhã de quarta-feira (28) cinco pessoas, incluindo o chefe da quadrilha e as três pessoas que receberam as quantias foram presas em flagrante pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros).
O esquema era mais complexo e o boletim de ocorrência registrado em 23 de dezembro.
Funcionava assim: Eraldo Balbino Silva, de 38 anos, conhecido por "Tio", coordenava tudo em sua residência, no bairro Coophatrabalho, onde adulterava cheques e outros documentos. No local foram apreendidas seis impressoras, um notebook, um pen drive com software para realizar a fraude, além de várias lâminas de cheques preenchidas e também em branco e, ainda, carteiras de identidade, aparentemente falsificadas.
Ele foi preso em flagrante em sua residência, avaliada em R$ 450 mil, suspeita de ser fruto de dinheiro ilícito, já Eraldo é conhecido da polícia e possui antecedentes por roubo e estelionato. Para manter o sigilo, contas de água e energia elétrica não estavam em seu nome.
Ligado diretamente a Eraldo, havia alguém responsável por abordar e convencer pessoas a emprestarem suas contas correntes para receberem as quantias, em troca de um percentual. Esta função era cumprida por Júlio Emerson Barbosa, de 33 anos, também na quarta-feira (28), no salão de beleza em que trabalhava. Já o casal que recebeu o depósito reside nas Moreninhas e o chefe da casa (Tales) atuava como instalador de antenas e foi preso em seu local de trabalho, na avenida Júlio de Castilho.
Infiltrados
Para conseguir que o banco autorizasse saques de valores tão altos também havia outras artimanhas. Pessoas infiltradas em empresas de telefonia, não identificadas, instalavam um tipo de aplicativo chamado "Siga-me" que desviava a ligações feita do correntista para seu gerente. Neste caso, caía para os membros da quadrilha. "No momento que o gerente da conta corrente da vítima entrasse em contato para autorizar o pagamento a ligação caía no celular da quadrilha e eles autorizavam".
Dentro dos banco, outros coligados informavam saldos e possíveis vítimas. O caso foi encaminhado para a Dedfaz (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes de Defraudações e Falsificações), que dará continuidade nas investigações e irá apurar outro golpe aplicado pela quadrilha neste ano, no valor de R$49 mil.
Forma de agir
A quadrilha agia de diversas formas, mas uma delas ocorria na fila do banco. A vítima que trocaria um cheque de baixo valor, era interceptada por um integrante da quadrilha, antes de chegar na boca do caixa. O estelionatário perguntava se a vítima queria trocar o cheque pelo dinheiro, que na maioria das vezes, aceitava.
Os integrantes tinham contato com empresas de telefonia e pessoas dentro de agências bancárias.
Com o cheque em mãos, o próximo passo seria o de encontrar o número da vítima em agendas telefônicas e fazer a instalação do aplicativo Siga-me, para que as chamadas do banco, para confirmar o alto saque, fossem desviadas para um integrante da quadrilha.
Por exemplo, durante os altos saques, os funcionários dos bancos faziam as ligações, mas os próprios integrante autorizavam.
Os contatos na agência serviam exatamente para saber o saldo do dono da conta era suficiente.
Eles foram presos em flagrante por organização criminosa e quem segue com as investigações é a dedfaz
Audiência de Custódia
Tales e Eliane foram liberados, após pagarem três salários mínimos, cada um. Eles também não tinham passagens pela polícia.
Fonte: campograndenews
por: Alberto Dias e Amanda Bogo
Link original: http://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/quadrilha-transforma-cheque-de-rs-200-em-um-de-rs-98-mil-e-consegue-sacar