“Posso ajudar?”
Os péssimos vendedores, representantes das lojas administradas por
pessoas incompetentes, por desconhecerem as técnicas de retórica, costumam
irritar clientes perguntando: “Posso ajudar?”
Posso ajudar é tradução imprópria do jargão das atendentes americanas
(“May I help you?”). Esta pergunta inadequada foi disseminada pelo Brasil,
evidenciando o despreparo de quem a utiliza, principalmente por afastar
clientes que poderiam se transformar em fregueses.
Outras expressões equivocadamente traduzidas da língua inglesas,
derivaram as abomináveis formas de gerundismo que contaminam o sistema de
telemarketing do País. Exemplos:
Vamos estar providenciando...
Vamos estar enviando...
Vamos estar examinando...
Em uma determinada empresa, quando uma vítima pôs o pé à porta, um
simplório vendedor a atormentou perguntando:
- Posso ajudar?
- Pode. Veja se estou na esquina e fique por lá enquanto eu faço a minha
compra, sendo atendida por um vendedor mais qualificado.
Há quem responda de forma educada, embora se mantenha ansiosa para
replicar:
- Claro. Troque a fralda do meu filho; leve o meu cachorro para passear;
pague a compra que farei nesta loja; desapareça da minha frente; qualifique-se
para exercer a sua profissão e volte; vá perturbar o gerente; fique de boca
fechada, por favor!
Atenda apresentando-se. Exemplo:
Bom dia! Sou Ana Paula e posso mostrar-lhe excelentes...!
O vendedor competente oferece cintos, meias e outros
produtos, depois que o cliente escolhe os sapatos que foi comprar. À pessoa que
adquiriu sapatos pretos, oferece também sapatos marrons; àquela que comprou
calças, oferece camisas e, se possível, todos os produtos da empresa,
mostrando-se sempre disposto a fazer uma boa venda.
Se a diretoria da empresa ou da instituição não for
adepta da criatividade e quiser manter a desgastada e inconveniente frase
“Posso ajudar?”, poderá mandar imprimir nas camisetas ou nos coletes dos
funcionários ou dos servidores, a frase na forma afirmativa: “Posso ajudar!”
·
Aceitar responsabilidades e esquecê-las;
·
Manifestar-se aguardando ou exigindo regalias e privilégios;
·
Alterar a voz diante de crianças, idosos, enfermos ou desconhecidos;
·
Contar vantagens financeiras, amorosas ou circunstanciais;
·
Contar vantagens sob a desculpa de que se sente melhor do que as demais
pessoas;
·
Convidar amigos para almoço ou jantar e se esquecer da data e do horário;
·
Demorar-se conversando mais do que o necessário no escritório ou na
residência de alguém;
·
Usar as palavras ou os gestos para evidenciar menosprezo aos adversários
e endeusamento aos pseudos-líderes;
·
Discutir sem raciocinar;
·
Dizer palavrões, ainda que, supostamente, estejam em moda;
·
Dramatizar as circunstâncias adversas;
·
Exibir cultura ou competência no momento inadequado;
·
Exigir, esquecendo-se das frases “por favor”, “muito obrigado”, ou “muito
obrigada”, “perdoe-me”, “reconheço que errei”, “desculpe-me”, “sei que lhe
causei mágoas e transtornos irreparáveis”, “quando precisar, conte comigo”;
·
Expressar-se aos gritos;
·
Fazer perguntas inoportunas e desnecessárias;
·
Eologiar, criticar ou e fazer ligações fora de hora;
·
Irritar-se por motivo irrelevante;
·
Limpar os dentes enquanto dialoga;
·
Falar com a boca cheia de alimento;
·
Sair da mesa com palito dental na boca;
·
Manter segredos e conversar particulares em detrimento da boa convivência do casal ou da família;
·
Firmar e não honrar compromisso;
·
Falar mal de quem não está no local para se defender;
·
Cometer o crime de alienação parental.
Fim do Capítulo
DIALOGAR
Próximo Capítulo:
Discursar Corretamente