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Delegada Marília de Brito Martins, da Deam, disse que caso de estupro estava no início das investigações. (Foto: Alcides Neto) |
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Miguel Said investiga o homicídio, pela 1ª DP. (Foto: Marcelo Calazans) |
A denúncia de estupro pela qual respondia Bruno Soares da Silva Santos, executado na manhã de ontem (16/3) aos 29 anos, no Centro de Campo Grande, estava em fase inicial de investigação por parte da Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher). De acordo com a delegada Marília de Brito Martins, a Polícia ainda reunia provas e preparava a intimação da vítima de 32 anos.
Bruno foi assassinado pelo marido dela, Francimar Cândido Cardoso, 30 anos, antes mesmo de dar sua versão oficial sobre os fatos. O crime aconteceu por volta das 07h30, na escola de cursos técnicos onde o professor de informática trabalhava, localizada na Rua Maracaju, entre a 13 de Maio e a 14 de Julho. Antes, ele havia sido apontado como autor em dois casos de ato obsceno e um de importunação ofensiva ao pudor, os três em 2010.
Estupro – O suposto abuso aconteceu dia 23 de fevereiro, não muito distante da escola. Segundo a mulher, na ocasião, o também personal trainer foi até o ponto de ônibus na Rua Maracaju, próximo à Avenida Calógeras, onde ela estava. Ele teria a agarrado à força e a levado a um corredor abandonado, onde cometeu os abusos. Por razões que ainda estão sendo apuradas, a mulher registrou a ocorrência apenas em 6 de março, na Casa da Mulher Brasileira, no Jardim Imá.
“O registro foi feito recentemente e estávamos colhendo provas”, reforçou a delegada, lembrando que a morte do suspeito não põe fim às investigações. “Ainda há muitas diligências a serem feitas. Precisamos ouvir testemunhas e também a própria vítima, já que este caso pode ter sido o pivô do da morte de Bruno, como vingança”, completou.
Outros casos – Em 2010, três pessoas registraram boletins de ocorrência contra Bruno, segundo dados fornecidos pela assessoria de imprensa da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.
No primeiro caso, de ato obsceno, o registro informa que ele parou o automóvel, um GM Corsa preto de quatro portas, e pediu informações para uma jovem de 21 anos que aguardava no ponto de ônibus na Rua Presidente Café Filho, no Bairro Almeida Lima. Quando ela se aproximou, ele mostrou o órgão genital e disse palavras de baixo calão, indo embora em seguida.
Em junho, na região da Vila Planalto, na Avenida Júlio de Castilho, teria abordado uma moça também de 21 anos e a forçado a entrar em seu carro, tentando beijá-la à força. Ela conseguiu tirar a chave da ignição e fugir – caso registrado como importunação ofensiva ao pudor. Em outubro, voltou a mostrar seu órgão, desta vez para duas adolescentes que transitavam pela Júlio de Castilho, cruzamento com a Barão de Ladário, na Vila Sobrinho.
Ele não foi intimado ou preso porque os atos cometidos foram entendidos como “de menor potencial ofensivo”, alega a Polícia. A delegada explica que a importunação ofensiva ao pudor nem chega a ser crime. “É uma contravenção penal e por isso não leva a prisão. É feito um termo circunstanciado e o caso é encaminhado para o juizado especial”, explicou.
Homicídio – De acordo com o delegado Miguel Said, da 1ª Delegacia de Polícia da Capital, responsável pelas investigações, a principal hipótese é que, ao tomar conhecimento do possível estupro contra a esposa, Francimar tenha tramado uma vingança.
No crime, ele, que atua como técnico em automação bancária, usou um carro Volkswagen Gol alugado da empresa onde trabalha – sem o consentimento de seus superiores - para levar a arma até à escola e matar Bruno. “O veículo foi apreendido na região do Aero Rancho e veremos qual a importância dele no inquérito, para depois devolvermos”, explicou.
Francimar chegou ao local e disse na recepção que queria se matricular em algum curso, mas que teria de ser com Bruno. Quando a vítima se apresentou, ele saiu, foi até o carro, pegou uma arma de cano longo e efetuou o disparo fatal. “Ainda não sei o calibre porque não recebi os laudos, mas acredito que seja uma arma de caça”, disse o delegado, afirmando que Francimar vai responder por homicídio qualificado por ter dificultado a defesa da vítima. Segundo advogado, o autor pode se apresentar nas próximas horas.
Fonte: campograndenews/JE
Por: Renan Nucci
Link Original: http://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/caso-que-pode-ter-motivado-morte-de-professor-ainda-estava-em-fase-inicial