CAMPO GRANDE (MS),

  • LEIA TAMBÉM

    09/12/2021

    ARTIGO| Pequenas Migalhas, um Grande Negócio

    Autor: Raimundo Candido da Silva Jr *
    Permita a necessidade e fabrique um escravo! 

    Estimule a necessidade e perpetue a escravidão! 

    O assistencialismo no Brasil não é novo, não foi criado por este governo e o risco político em ceifá-lo é tão grande que governos vão, governos vem e a migalha se mantêm... 

    Bolsa família, vale gás e outros diversos nomes em múltiplas finalidades, que ao final das contas, tem um único resultado, a manutenção e perpetuação da dependência... 

    A relação Estado x Cidadão tornou-se uma relação parecida com a de traficante e usuário de drogas... 

    Enquanto isso, tem-se um País de engrenagens quebradas, comprometidas, interligadas umas às outras em um ciclo negativo, que não se sabe quem veio primeiro, se o ovo ou a galinha, mas uma coisa é fato, ao mesmo tempo que faz “bem” e mal aos cidadãos, pesa ao País, que consequentemente, sofre o cidadão e não acaba mais... 

    É impossível crer em um crescimento econômico, sem que haja uma evolução social, por um motivo muito simples, quanto mais necessitados, mais pessoas sem poder de compra, ainda que haja uma minoria com elevado poder de compra, esta não faz média, é a minoria, se a maioria tivesse o seu poder de compra aumentado, em conjunto com a minoria de elevado poder, ter-se-ia um acréscimo real no percentual econômico, vendas, tributos, ou seja, toda a engrenagem que move um País e obviamente, a minimização do sofrimento humano. 

    Bolsa família(R$189,00), agora, auxílio brasil (R$400,00),vale gás(R$52,00)...pequenas migalhas...um grande negócio! 

    Para piorar a situação, o valor é quase nada para quem ganha, mas ao governo federal custará algo em torno de R$133 bilhões, segundo a CNN Brasil, com a elevação de 14,7 milhões de pessoas dependentes desse auxílio, para 35 milhões. Para se ter uma ideia, um contingente de pessoas nesse número corresponderia à mais da metade da França(66 milhões/habitantes),em torno de 95% da população do Canadá(37 milhões/habitantes),3 vezes e meia o tamanho de Portugal(10 milhões/habitantes),ou seja, são muitas pessoas, sofrendo muito, por muito tempo, sem perspectiva alguma de segurança ou solidez que garanta uma evolução de classe social, ou seja, sofre a população e paga caro o Estado.

    Certamente, o Contrato Social que Rousseau escreveu na França em 1762,se fosse no Brasil teria o nome de Infarto Social! 

    O empresariado com negócios no Brasil, em outra vertente, tem a sombria perspectiva de um mercado produtor, mas com consumo interno anulado, um vazio, um breu econômico, um País com 212 milhões de habitantes, onde 35 milhões(16,6% da população) vivem em situação de extrema vulnerabilidade, com uma classe média empobrecida em torno de 47% da população, temos somente aí 63,6% de consumidores a menos, mais da metade da população. 

    O desenvolvimento de um País se não se reverter de forma global dentro de si, entre os seus, não representa desenvolvimento algum e a solução não tem cunho socialista, à la “pedir esmola para dois”, muito pelo contrário, em se tratando de produção e geração de renda, a solução é capitalista. 

    O socialismo é a arte da opressão e da ditadura, a distribuição de migalhas a muitos, com a concentração de riqueza aos governantes e membros do alto escalão do partido que governa, ou seja, a maioria sustentando a minoria, parece muito com o capitalismo que vemos no Brasil, não deveria, pois o grande diferencial entre socialismo e capitalismo é a elementar, liberdade de oportunidades, que no socialismo não existe e essa liberdade permite o crescimento econômico de forma mais ampla no capitalismo, o que aqui, estranhamente, nunca existiu. País rico com população pobre, representa um País pobre que se faz de rico, pois alimenta o que pior pode ocorrer ao ser humano, vez que afronta a sua dignidade humana de um lado e corrói o poder de compra de outro, com geração de problemas diários ao empresariado que em países desenvolvidos não existem e um peso econômico crescente e eterno ao Estado, não resultando em vantagem à ninguém... 

    A pandemia de Covid 19 trouxe danos econômicos, sanitários e sociais de forma global, mas uma realidade imutável não pode ser desconsiderada, qualquer vírus, quando atinge um corpo saudável, o risco de morte é menor e a recuperação é bem mais rápida, e assim o é na economia, países que não tem solidez econômica, fatores sociais que geram déficit no seio das contas públicas, terão maior risco e dificuldade. A dependência econômica da sociedade para com o Estado representa um gasto que não deveria existir. 

    Nota sobre o autor 

    *Advogado, Jurista, Administrador, Escritor, Conferencista e Palestrante, membro do IAB(Instituto dos Advogados Brasileiros),IBCCRIM(Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), ABDPC(Academia Brasileira de Direito Processual Civil),IBDFAM(Instituto Brasileiro de Direito de Família), IBRADEMP(Instituto Brasileiro de Direito Empresarial).