CAMPO GRANDE (MS),

  • LEIA TAMBÉM

    21/09/2020

    Governo Bolsonaro impulsiona o número de armas no país

    Primeiro semestre de 2020 registra 73 mil novas autorizações de porte ou posse de arma 

    ©iStock
    O número de armas registradas no Brasil saltou em 205% no primeiro semestre de 2020. Nos primeiros seis meses do ano passado, 24.236 autorizações de posse ou porte de arma para defesa pessoal foram concedidas, enquanto no mesmo período deste ano foram 73.996. 

    Em um comparativo mais distante, no ano de 2004, havia 3 mil armamentos autorizados, e, em 2019, 54 mil. Se esse ritmo for mantido, em 2020, o número de registros pode ultrapassar os 100 mil, já que apenas no primeiro semestre deste ano pouco menos de 58 mil novas autorizações foram aprovadas. 

    Os locais que registraram aumentos mais significativos foram o Distrito Federal, com crescimento de 1.429% – até julho do ano passado eram 235 e atualmente são 3.595 –, o Rio de janeiro, com 860%, e a Bahia, que aumentou em 620%, de acordo com a Polícia Federal. 

    A PF informa também que, até 2019, 35,2% de todo o armamento autorizado pertencia a cidadãos que utilizavam o material para defesa pessoal. 

    Facilitação do porte de armas 

    O aumento pode ter ligação direta com as facilitações do governo Bolsonaro quanto à posse – permissão para manter a arma em casa – e ao porte – autorização para carregá-la na rua. Uma das medidas mais recentes nesse sentido foi a nova permissão, emitida pela Polícia Federal no dia 28/08, para que cada pessoa possa registrar até quatro armas, com burocracia reduzida no processo. 

    A modificação também facilita o porte de armamento, que agora depende apenas da comprovação da necessidade de defesa na rua por exercer atividade profissional perigosa ou estar sob ameaça. Agora, não há mais necessidade de apresentar documentos para comprovar o risco no caso de "fatos públicos e notórios". 

    Quem ocupa determinados cargos públicos, como membros do Ministério Público, tem direito de portar uma arma. Com a nova regra, esses servidores não precisam mais apresentar laudos de capacidade técnica – que provam que eles fizeram treinamentos suficientes com pistolas de pressão anteriormente – e aptidão psicológica. 

    Aumento da violência 

    No mesmo período em que as armas se popularizaram, os homicídios também aumentaram, de acordo com o Monitor da Violência – levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, junto ao Núcleo de Estudos da Violência da USP e do portal G1. O crescimento foi de 7% em todo o país. 

    Os dados apontam também que 30% a 40% das armas utilizadas por criminosos e apreendidas pela polícia vieram de pessoas sem ligação ao crime e foram obtidas a partir de vendas posteriores ou roubos. 



    Imprimir