CAMPO GRANDE (MS),

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    11/09/2020

    Banco Central escolhe momento propício para lançar a nova cédula de 200 reais

    ©DIVULGAÇÃO
    Mais uma cédula foi introduzida ao sistema monetário brasileiro este mês. E com ela, veio também a enxurrada de memes que mostra como a internet no Brasil é quem monta muitas das pautas da mídia tradicional em tempos atuais. 

    Muitos foram os apelos para que o Banco Central abraçasse um dos memes mais famosos, com um vira-lata caramelo ilustrando a nota de 200 reais. Mas o BC decidiu manter-se firme na tradição, ao invés de jogar para a galera – ainda que o banco utilizará o vira-lata em questão para uma ação promocional. Ao invés dele, outro animal tradicional do país é quem estampa a nova cédula: o lobo-guará, maior canino da América Latina, cujo território se estende pelo cerrado brasileiro – incluindo aí partes do Mato Grosso do Sul – até os pampas da região sul do país. 

    A escolha pelo lobo-guará é nobre, justamente por se tratar de um animal perto de entrar em risco de extinção. De fato, já se encontram recordes da espécie ocupando a mata atlântica, por conta da redução do território do cerrado que é o seu habitat natural. Mas para além da conscientização do público quanto aos perigos que o lobo-guará enfrenta, existe também a importância de facilitar ainda mais as transações que ocorrem na nossa economia dentro de um contexto de crise.


    Em tempos de auxílio emergencial, tiveram notícias de que estava faltando dinheiro físico nos caixas eletrônicos e bancos comerciais por conta de não estarem acostumados com a demanda por esse tipo de moeda em tempos atuais. Essa escassez é comum para tempos normais onde boa parte das transações comerciais são feitas via cartões de crédito e débito, com créditos e descontos em conta feitos por via digital. Entretanto, os novos tempos exigem políticas diferentes quando se trata de dinheiro. 

    E a escassez de notas fez lembrar o Banco Central e os bancos comerciais em si que muitos brasileiros ainda usam cédulas como seu principal meio de pagamento. Mesmo com a popularização das “maquininhas” a preço ultra acessível a qualquer empresário, não importa o porte de sua empresa, o dinheiro físico é de suma importância em cidades do interior do país e também em bairros mais afastados das regiões centrais em grandes cidades, onde costumam morar pessoas com menos recursos – e também com menos acesso às benesses do nosso sistema bancário. 

    Isso claramente não significa que o meio de pagamento digital sairá de voga. A chegada da gigante de comércio eletrônico Amazon no Brasil é evidência clara quanto a isso, além dos serviços que lançam mão de pagamentos virtuais como os novos cassinos online listados na Casinos.pt, que aceitam desde cartões de crédito até criptomoeda, e a loja de videogames Steam que possui uma variedade de meios de pagamento tanto diversa quanto. Isso sem esquecer os diversos serviços de assinatura online que hoje fazem parte de qualquer domicílio, como os serviços de streaming de Netflix e Spotify. 

    Mas a grande demanda por cédulas mostra que ainda estamos longe de nos tornarmos sociedades “sem dinheiro”, como é o caso de países escandinavos onde a quantidade de moeda física utilizada na economia chega a menos de dois dígitos até mesmo em cidades rurais. De certa forma, isso é também reflexo da desigualdade que faz com que bancos não cheguem às regiões mais distantes dos nossos centros, que em geral acabam sendo mais pobres também. 



    O medo da inflação está sempre na mente do brasileiro, e o anúncio de uma nota com o dobro do valor daquela que foi a nossa cédula mais valiosa por mais de 25 anos pode ter trazido ressuscitado esse temor entre aqueles que testemunham os temporais hiper inflacionários dos anos 80. Por sorte, hoje estamos em um outro contexto quando a questão é a origem da inflação que ainda acomete o país. 

    Hoje, a preocupação maior é com o câmbio. A desvalorização atual do real frente às moedas estrangeiras mais fortes como euro, dólar e libra fez com que as exportações ficassem ainda mais favoráveis. É algo que beneficia grandemente o produtor rural do Mato Grosso do Sul e do resto do centro-oeste, que tem visto altos ganhos em suas vendas externas de grãos e carnes. Mas não para boa parte dos consumidores nacionais que veem a cesta básica ficando cada vez mais cara a cada mês que passa. 

    Além da redução de oferta dos produtos nos mercados nacionais que impulsionam o aumento do custo ao consumidor, está também o aumento dos custos de produtos e insumos básicos importados. Assim o efeito de aumento de preços é potencializado, levando ao nosso estado atual onde mais racionamento é necessário aos domicílios brasileiros. 

    A nota de 200 reais entra nesse contexto como meio de facilitar as trocas. Os calhamaços de dinheiro vão se tornar menores, e trocos serão mais fáceis de serem calculados a partir de uma nova unidade de conta. Tudo em um contexto radicalmente diferente dos tempos onde novos regimes monetários eram introduzidos a cada um ou dois anos. 



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