CAMPO GRANDE (MS),

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    14/07/2020

    Ex-secretário de Saúde Edmar Santos acerta delação e promete provas contra Witzel

    Em acordo com a PGR, ainda não foi homologado, Santos disse que entregará evidências da participação do governador em fraudes na Saúde, como mostrou o RJ2. Governador disse que 'jamais se desviou do caminho da lei'.

    Edmar Santos diz ter provas que envolvem o governador Witzel
    O ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro Edmar Santos acertou uma delação que envolve o governador Wilson Witzel em casos de corrupção na Saúde.

    Santos prometeu entregar um conjunto de provas que revelariam a participação do governador no esquema que mandou para a cadeia a cúpula da Saúde no estado, incluindo o ex-secretário.

    O acordo foi feito com a Procuradoria-Geral da República mas ainda não foi homologado, como mostrou reportagem do RJ2.

    Pelas redes sociais, o governador Wilson Witzel disse que o compromisso dele com a população do Rio é de governar com ética e transparência e que jamais se desviou do caminho da lei e que ninguém pode ser acusado sem provas (veja a íntegra da nota no fim da reportagem).
    Milhões de reais apreendidos em espécie na operação que prendeu Edmar Santos ©Reprodução
    Edmar Santos foi preso na última sexta-feira (10). Fontes do Ministério Público do RJ afirmam que operação foi antecipada porque o MP ficou sabendo que Santos iria esconder R$ 8,5 milhões em espécie – o dinheiro foi apreendido, mas o MP só falou sobre o caso depois que as imagens vazaram e não revelou a quem realmente pertencia.

    O MP informou que o aviso da existência do dinheiro foi dado por uma outra pessoa ligada ao esquema. Fontes do MP ouvidas pelo RJ2 revelaram que essa mesma pessoa estaria negociando um acordo de delação com o órgão.
    Wilson Witzel — Foto: Jornal Nacional
    Disputa pela investigação

    Ministério Público Federal e Ministério Público estadual disputam a investigação que envolve desvio de recursos da Saúde no Rio durante a pandemia do coronavírus.

    São duas investigações em curso:

    • pelo MPRJ, a "Mercadores do Caos", no início de maio, prendeu o subsecretário estadual de Saúde, Gabriell Neves, suspeito de corrupção;
    • pelo MPF, a "Placebo", no fim de maio, realizou busca e apreensão em endereços ligados a Edmar Santos, a Witzel e à primeira-dama, Helena Witzel.
    Como Santos foi preso por determinação da Justiça estadual, a Procuradoria-Geral da República pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a soltura dele.

    A PGR alega que Edmar Santos é investigado pelos mesmos fatos do inquérito da operação Placebo, que tramita no STJ.

    A PGR também pediu o deslocamento da investigação da Mercadores do Caos para o STJ.

    No fim de semana, o presidente do Tribunal, ministro João Otávio de Noronha, determinou que a Justiça estadual compartilhe dados e mantenha sigilo de toda investigação que prendeu o ex-secretário.

    Por ser policial militar, Santos está na Unidade Prisional da PM de Niterói. A Justiça também bloqueou R$ 617 mil das contas do ex-secretário.

    A Procuradoria-Geral da República e o Ministério Público disseram que estão em tratativas para o compartilhamento de prova.

    Mensagem divulgada por engano: 'Estão olhando com lupa'
    Lava Jato achou mensagem de Edmar que seria para Witzel mas foi enviada para vários contatos — Foto: Reprodução
    Em mais uma etapa da Lava Jato no Rio, a Polícia Federal acabou descobrindo ao acaso uma mensagem de Edmar Santos destinada ao governador. Por descuido, o texto acabou enviado a todos os contatos de Edmar no WhatsApp.

    "Governador, para o seu conhecimento. A imprensa está olhando com lupa tudo o que está sendo feito com recursos públicos neste período. Também estão olhando com lupa todas as movimentações", diz a mensagem.

    O que dizem os citados

    Pelas redes sociais, Witzel disse:

    "Com relação às informações divulgadas pela imprensa sobre um possível acordo de delação do ex-secretário Edmar Santos com a PGR, reafirmo, com serenidade e firmeza, o meu compromisso com a população do RJ de governar com ética e transparência. Minha trajetória de vida fala por mim. Jamais me desviei do caminho da lei e, desde janeiro de 2019, do objetivo de reerguer o nosso Estado. Nem eu e nem ninguém pode ser acusado de qualquer irregularidade sem prova."

    A defesa de Edmar Santos informou que o dinheiro não foi encontrado em nenhum dos endereços ligados ao ex-secretário. Sobre a delação, a defesa preferiu não se pronunciar.

    Por Arthur Guimarães, Bette Lucchese, Leslie Leitão e Márcia Brasil, RJ2



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