Maurício Valeixo prestou depoimento à PF nesta segunda (11), em Curitiba. Episódio da demissão levou Sergio Moro a deixar cargo de ministro da Justiça.
O ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo afirmou nesta segunda-feira (11) em depoimento que o presidente Jair Bolsonaro o telefonou para informar que a exoneração dele do cargo seria publicada "a pedido".
Exonerações publicadas no "Diário Oficial da União" com o termo "a pedido" informam que o ocupante do cargo pediu para deixar a função. Quando o termo não é publicado, indicam que o funcionário foi demitido.
Valeixo foi exonerado do cargo em 24 de abril. A exoneração, publicada "a pedido", foi assinada por Bolsonaro e pelo então ministro da Justiça, Sergio Moro. O caso levou Moro a se demitir do cargo de ministro.
Isso porque, ao anunciar a saída do governo, Moro afirmou que Bolsonaro havia tentado interferir politicamente na PF ao tirar Valeixo do cargo. Moro disse também que não havia assinado a exoneração de Valeixo nem recebido o pedido de exoneração do então diretor-geral da PF.
As declarações de Moro levaram à abertura de um inquérito, autorizado pelo Supremo Tribunal Federal, para investigar a suposta tentativa de interferência política por parte de Bolsonaro na PF.
Nesta segunda, Valeixo esteve na Superintendência da PF em Curitiba para prestar depoimento.
O depoimento durou mais de seis horas e, conforme a colunista do G1 e da GloboNews Natuza Nery, Valeixo também disse que Bolsonaro queria alguém com "afinidade" na Direção-Geral da PF.
Depoimento de Ramagem
O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, também prestou depoimento, em Brasília.
Ramagem chegou a ser nomeado por Bolsonaro no cargo de diretor-geral da PF. Mas a nomeação foi barrada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que viu desvio de finalidade no ato do presidente da República.
Por Camila Bomfim e Filipe Matoso, TV Globo e G1 — Brasília

