CAMPO GRANDE (MS),

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    24/04/2020

    Quais são os efeitos do cancelamento dos Jogos Olímpicos na economia?

    ©DIVULGAÇÃO
    Quem estava se preparando para ir aos Jogos Olímpicos de Tóquio — fez um planejamento financeiro, guardou e aprendeu como declarar dólar, reservou hotéis e etc., teve que rever seus planos devido ao surto de COVID-19. 

    No dia 24 de Março, foi anunciado o adiamento dos Jogos Olímpicos de 2020. A situação, causada pela pandemia do novo coronavírus - que tem deixado países inteiros em quarentena ao redor do mundo -, torna ainda mais grave a crise econômica no Japão. 

    Estima-se que o custo total do evento aumente em mais de onze bilhões de euros - quantidade de dinheiro que, em um momento de crise global, é particularmente difícil de ser investida. 

    O adiamento dos jogos causará queda significativa em alguns setores de economia. Falaremos mais sobre eles abaixo. 

    Setores afetados pelo cancelamento dos Jogos Olímpicos de 2020 

    Como os jogos aconteceriam em Julho deste ano, boa parte das estruturas que comportariam as atividades já foram finalizadas. Dessa forma, já contribuíram para o Produto Interno Bruto japonês nos últimos anos. 

    Com o adiamento, os setores que mais perdem são o de turismo, claro, e os que envolvem consumo direto. 

    Vale lembrar que o turismo japonês já estava em crise, por conta de atritos com a Coréia do Sul, que passou a boicotar o país em 2019. Com o avanço do novo coronavírus, o Japão está em maus lençóis. 

    De acordo com informações disponibilizadas pelo Escritório Nacional de Turismo do Japão (JNTO), o número de visitantes caiu 58,3% em relação ao ano de 2019. 

    Espera-se que, por conta do longo período de quarentena e a instabilidade global, o PIB do Japão se contraia por pelo menos dois trimestres consecutivos. 

    O Brasil terá alguma perda com o adiamento dos Jogos? 

    Pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) alertaram que sim, o adiamento do evento terá consequências, não apenas num âmbito econômico, mas principalmente no que tange o percurso e a valorização dos atletas brasileiros. 

    Os atletas que haviam sido convocados para os Jogos Olímpicos podem sofrer, além da quebra de expectativas - que é imensa e pode gerar problemas psicológicos -, perda de performance e de patrocínio. 

    O ambiente de incertezas, assim como a proibição de aglomerações e utilização de espaços comuns, impede que os atletas permaneçam com a sua rotina de trabalho. A perda de capacidade física, causada pelo afastamento do esportista, pode vir a comprometer a sua performance durante os Jogos. 

    Apesar disso, é consenso que a atitude, embora atípica - os Jogos deixaram de acontecer apenas durante as guerras mundiais, em 1916, 1940 e 1944 -, está correta: um evento com tais proporções tornaria a contaminação pelo coronavírus ainda mais severa, colocando muitas pessoas em risco. 

    Mais do que isso, se o Japão optasse por manter os Jogos, certamente receberia um número menor de atletas, uma vez que nem todos os países enviariam representantes. Seria descabido fazer um evento que visa reunir povos de todo o mundo com uma quantidade pequena de nacionalidades presentes. 

    Aumento de despesas: como o dólar vai influenciar a situação? 

    Segundo Paulo Wanderley, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), há uma coisa a mais para se preocupar: com o adiamento, a previsão de despesas - que inicialmente era de quarenta milhões de reais - irá subir. 

    O fato de que o dólar já passou da casa dos cinco reais e continua dando indícios de que irá subir é o que traz mais preocupação. A atual cotação comercial da moeda é um recorde e, como sabemos, tal circunstância tem efeitos severos na economia do mundo inteiro. 

    Felizmente, ainda há esperança: de acordo com Wanderley, que em coletiva mostrou-se satisfeito com a decisão do Comitê Olímpico Nacional e do governo Japonês -, o adiamento dará tempo para que o Comitê Brasileiro possa entrar em contato com novos patrocinadores. 

    Por que é necessário buscar novos patrocinadores? 

    A maior parte da receita total do Comitê Olímpico Brasileiro viria da Caixa Econômica Federal. Uma vez que estamos em um momento de imensa instabilidade, é improvável que as pessoas estejam dispostas a apostar. 

    Essa diminuição no número de apostadores fará com que a arrecadação seja menor, o que implicará na necessidade de buscar novas fontes de patrocínio. 

    Embora não seja um cenário dos mais animadores, ainda é cedo para prever problemas de maior porte. Por enquanto, a expectativa é que o COB consiga se reorganizar e que os atletas brasileiros tenham meios de competir. 




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