Tecnologia nacional separa ouro e cobre sem utilizar água
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As recentes tragédias envolvendo o setor de minério em Minas Gerais – tanto de Mariana como de Brumadinho – reacenderam a discussão sobre os métodos utilizados por empresas como a Vale. O rompimento das barragens, formadas por rejeitos úmidos de minério, ceifou vidas e deixou centenas de desaparecidos. O debate, portanto, se centrou na utilização da mineração a seco, mais ecológica e também mais cara do que a tradicional.
De acordo com a Vale, 60% das operações da empresa usam beneficiamento a seco. Neste caso, não há barragens nem rejeitos. Localizado no município de Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará, o complexo S11D já tem 80% da produção com processamento a seco. A transição do método tradicional para o mais ecológico, segundo a Vale, não exige mais investimentos.
No processamento a úmido, as etapas são britagem, peneiramento, flotação e concentração. Na mineração a seco, é necessário utilizar, por exemplo, somente um britador de mandíbula e fazer o peneiramento.
Na mineração hidráulica, as lamas são despejadas pela tubulação desde o processamento até o reservatório. No caso do processamento a seco, é necessário um equipamento para fazer a filtragem, para deixar o material com menos água -- e é isso que deixa o custo da mineração mais alto. Depois de compactados, os grãos sólidos são levados para um aterro. Além disso, há mais gasto de energia elétrica com maior demanda de procedimentos de britagem e moagem da terra.
A mineração a seco, mesmo com as dificuldades, pode produzir um mineral com mais qualidade, além de diminuir o risco de acidentes. É por este motivo que a Vale investe alto na região do Pará com o método. Também há diferenças na topologia das regiões – na Amazônia, as condições não são favoráveis para o reservatório.
A Vale diz que o sistema diminui o consumo de água em 93%, o equivalente ao abastecimento de uma cidade de 400 mil habitantes. O projeto do Pará está em funcionamento desde 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Até 2022, o objetivo é ter 70% da mineração com o processamento a seco no estado. Hoje, esse índice é de 40%.
A tecnologia nacional mais recente do método ecológico se chama Eco Gold System Joares. Ela não usa água no processo de separação de ouro e cobre. Neste caso, a terra é desidratada, para posteriormente ser moída e poder separar o ouro dos demais materiais. É ecológico também porque dispensa a utilização de produtos químicos como mercúrio e cianeto, evitando a contaminação do solo.

