Fazer um estágio é, sem sombra de dúvida, uma das atividades mais importantes na vida do universitário, afinal, é por meio de um que o aluno tem a oportunidade de desenvolver melhor as próprias habilidades e colocar em prática tudo o que aprende em sala de aula. Sendo assim, quando se pensa em um estagiário, é comum imaginar um jovem com seus 20 e poucos anos, inexperiente e que acabou de entrar na faculdade, porém, essa é uma realidade que está mudando no mercado de trabalho, uma vez que, uma parcela dos estagiários já passaram dos 27 anos de idade.
Isso é o que mostra a pesquisa “O perfil do candidato a vagas de estágio em 2019”, realizada pela Companhia de Estágios, consultoria especializada em programas de estágio e trainee. O levantamento indica que 12,4% dos estagiários entrevistados em todo o Brasil possuem mais de 27 anos de idade, mais do que o dobro quando comparado com 2017. O número de candidatos a estágio com essa faixa-etária também cresceu para 23%, tendo um aumento de 25% nos últimos três anos, demonstrando maior busca por aqueles que, em tese, já possuem uma carreira ou algumas experiências profissionais.
Momento econômico influencia na busca por estágio
De acordo com Tiago Mavichian, diretor da Companhia de Estágios, esse aumento de faixa-etária entre os estagiários é uma resposta à crise econômica que deixou milhares de brasileiros desempregados, e como o país ainda está em processo de recuperação, muitos veem no estágio a oportunidade de recomeçar a carreira profissional. “A recessão fez com que muitas pessoas mudassem de profissão ou se especializassem em outras áreas para que pudessem se adequar as demandas do mercado, isso acabou trazendo um novo perfil na busca pelo estágio. Apesar da experiência que muito desses profissionais já possuem por serem mais velhos, contrata-los é algo positivo para os gestores, pois eles conseguem trazer mais maturidade e expertise para as equipes”, explica.
Segundo o IBGE, foram mais de 13 milhões de desempregados em todo o país no primeiro trimestre de 2019 e desde o inicio da recessão, os programas de estágio foram apontados como uma alternativa para driblar a crise por oferecer as empresas uma redução de custos significativas já que nessa modalidade não há vínculo empregatício. No entanto, para Mavichian, o estágio não deve ser visto apenas como ‘mão de obra mais barata’, uma vez que, as companhias contribuem diretamente com a formação do profissional e podem futuramente contrata-lo, gerando assim mais oportunidade, o que é essencial para a retomada econômica do país.
Mudanças de comportamento em busca de satisfação
Essa mudança de perfil dos estagiários também ocorre com adultos que estão repensando na carreira e querem mudar de profissão para ter mais satisfação pessoal. “Às vezes as pessoas precisam arriscar e tentar novas coisas, buscar empregos que estejam mais alinhados com os seus propósitos e quando estão dispostas a isso, elas entendem que é necessário passar novamente por algumas fases, como o estágio, uma outra faculdade ou até mesmo um curso técnico, tudo para viver um novo desafio ou seguir uma vocação que acredita ter”, diz Mavichian.
E para o diretor da Companhia de Estágios, neste caso, as empresas não têm nada a perder, pois, ao contratar estagiários que já possuem uma bagagem profissional, o gestor traz para a equipe alguém que buscou sair da zona de conforto. “Uma das características mais avaliadas nos processos seletivos é a capacidade de se adaptar a diversas situações, pessoas e ambientes, então, buscar um estágio aos 30 anos é um sinal de que o candidato não é acomodado e está disposto a reinventar”, detalha.
Dificuldades
Algo que pode ser considerado uma dificuldade entre muitos estagiários que tem mais de 27 anos de idade é o salário, que é inferior ao de uma vaga efetiva, no entanto, para quem está neste momento por consequência da crise econômica ou por realização pessoal, acaba deixando, muitas vezes, a preocupação pela remuneração em segundo plano, já que, o mais importante neste momento é estar no mercado de trabalho.
Outro ponto a ser avaliado que pode ser encarado como uma dificuldade é sobre como construir uma carreira do zero, afinal, não é um desafio fácil. É necessário pesquisar competências que as empresas exigem e estar disposto a desenvolve-las, aptidões técnicas e comportamentais também precisam ser analisadas, além disso, é importante se aprofundar no autoconhecimento, para entender como que as experiências anteriores e as habilidades adquiridas ao longo dos anos podem contribuir na procura do estágio.
Qualificação é a chave para garantir vagas
Embora a idade seja muitas vezes um tabu no mercado de trabalho, pois, há quem diga que as empresas preferem os estudantes que são um pouco mais jovens, Mavichian enfatiza que o mais importante neste momento para os que estão chegando na casa dos 30 é se atualizar sempre, independente do motivo que o levou a buscar por um estágio. “Existem recrutadores que realmente querem alguém inexperiente para moldar de acordo com as necessidades da empresa, no entanto, eles também entendem que profissionais já experientes podem agregar a equipe, uma vez que, a falta de capacidades técnicas tem dificultado muitos os processos, então, o segredo é manter-se atualizado, buscar sempre novos conhecimentos e entender como as antigas experiências podem contribuir neste momento”, finaliza.
Sobre a empresa
Fundada em 2006, a Companhia de Estágios tem atuação nacional e impacta mais de 4 milhões de estudantes. As ações da empresa já selecionaram mais de 12 mil estagiários para programas de estágios da Amazon, Twitter, Scania, Sanofi, DuPont, Goodyear, AkzoNobel, Cyrela, Amil, Microsoft, entre outras com soluções tecnológicas de inteligência artificial, jogos online e realidade virtual.
Por Aline Lira