CAMPO GRANDE (MS),

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    18/02/2019

    Asfalto da MS-450 avança entre morros e potencializa o turismo na Estrada Ecológica

    Asfalto chegou ao trecho sinuoso que cruza a morraria, margeando o Rio Aquidauana. 

    ©DIVULGAÇÃO
    Da varanda de sua casa, dona Sebastiana Almeida, 69 anos, observa atentamente a movimentação de máquinas e operário preparando o solo da Estrada Ecológica (MS-450) para implantação do asfalto, um sonho de 30 anos dos moradores da região.

    Ela mora com a família no local desde os anos de 1960, vivenciou momento de apogeu com seu comércio, na época do Trem do Pantanal, e agora projeta uma vida melhor para todos.

    “Criamos os filhos com o movimento do trem, depois parou tudo, ficamos isolados aqui, sem ter para quem vender”, diz a comerciante, que mantém uma venda e aluga quartos para os turistas que chegam para pescar no rio Aquidauana.

    Sua propriedade está localizada entre a estrada e o rio, ao lado dos paredões da morraria da Serra de Maracaju. “A gente andava desanimado, até com vontade de vender tudo, mas o asfalto pode ser bom, trazer de novo o progresso”, também comenta.
    Antiga moradora, Sebastiana Almeida estava desacreditada com o lugar. Foto: Chico Ribeiro
    O investimento do Governo do Estado na pavimentação de 18,5 Km da MS-450, entre os distritos de Palmeiras (Dois Irmãos do Buriti) e Piraputanga (Aquidauana), não trouxe felicidade apenas para a antiga moradora.

    A chegada da infraestrutura em uma região de forte potencial turístico é sinônimo de desenvolvimento, além de facilitar o acesso. Novos empreendimentos de hotelaria estão sendo aguardados, anuncia a prefeitura de Aquidauana.

    Obra avança na morraria

    Com 55 Km de extensão, do trevo com a BR-262 a Aquidauana, a MS-450 é o principal acesso aos distritos, privilegiados pelos recursos naturais situados no entorno dos paredões de arenito da Serra de Maracaju, entrecortados pelo rio de mesmo nome do município.

    O local é muito visitado por pescadores e amantes de esportes de aventura, como trilhas, ciclismo e escaladas, e conta com estrutura de hotéis, pousadas e pesqueiros ao longo do rio, que divide planalto e planície.
    Obra no entorno da morraria exigiu tratamento diferenciado para reduzir impactos. Foto: Edemir Rodrigues
    O trade turístico, o comércio e os produtores rurais da região comemoram a chegada da infraestrutura viária. Para o dono do restaurante Pita, de Piraputanga, Ademar Cassaro, 49 anos, o asfalto “é uma grande conquista” e impulsionará a economia, principalmente o ecoturismo.

    “Estou aqui há 15 anos e nosso sofrimento sempre foi a dificuldade de acesso. Quando não é a poeira e os buracos, o atoleiro quando chove”, afirma o comerciante. “A gente agradece muito ao governador.”, conclui.

    A obra contemplando o último trecho primário da estrada foi autorizada em agosto de 2017 pelo governador Reinaldo Azambuja, ao custo de R$ 17,6 milhões. Apesar das chuvas e das dificuldades naturais, como o solo rochoso e implantação de redes coletoras de águas pluviais, o serviço segue dentro do cronograma, com mais de 70% concluído.

    A ponte de concreto sobre o córrego das Antas foi licitada, ao custo de R$ 1,7 milhão, e as estruturas pré-montadas já estão no local.
    Técnicos da Agesul vistoriaram a obra esta semana: Cronograma sendo cumprido, apesar da chuva. Foto: Edemir Rodrigues
    Arqueologia preservada

    A MS-450 é classificada como Estrada Ecológica e integra a Área de Proteção Ambiental (APA) de 10 mil hectares, criada em 2000. O complexo é um diversificado ambiente que exigiu uma intervenção monitorada pela Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul).

    A Agência contratou um arqueólogo para realizar estudos das áreas com incidência de sítios arqueológicos. Vários fragmentos do período pré-indígena, com milhares de anos, foram encontrados no trecho.
    Trecho onde foram encontrados vestígios arqueológicos não será asfaltado. Foto: Edemir Rodrigues
    “É uma obra difícil, não apenas pelas características da região, que exige cuidado ambiental por ser um ecossistema muito complexo”, explica o engenheiro Ricardo Ximenez, gerente de obras da Agesul. “Usamos o mínimo de explosões para retirada de pedras, árvores nobres foram preservadas, bem como uma área definida como sítio arqueológico, onde o Governo decidiu não pavimentar”, acrescenta.

    Uma faixa de 750 metros da estrada, já em Piraputanga, receberá uma base primária para preservar o sítio arqueológico descoberto ao pé da morraria, cujo contorno já está pavimentado com alargamento da pista.

    Na atual fase da obra, a empreiteira executa implantação de estruturas de drenagem e nivelamento da via, enquanto aguarda autorização para pavimentar os trechos sob investigação arqueológica e próximos ao córrego das Antas.


    Por: Sílvio Andrade – Subsecretaria de Comunicação (Subcom)



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