CAMPO GRANDE (MS),

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    26/09/2018

    Cúpula da máfia do cigarro está em presídio lotado e com pouca segurança

    Estabelecimento Penal Ricardo Brandão, em Ponta Porã, tem 600 presos, agentes penitenciários desarmados e apenas um policial militar fazendo a segurança externa por turno

    Presos na Operação Nepsis sendo levados do presídio em Ponta Porã para audiência de custódia, na segunda ©Divulgação/Arquivo
    Ângelo Guimarães Ballerini, o Alemão, o chefão da quadrilha de contrabandistas de cigarro desmantelada sábado (22) pela Operação Nepsis, da Polícia Federal e da PRF (Polícia Rodoviária Federal), está recolhido em um presídio superlotado e com pouca segurança.

    Essa é a situação do Estabelecimento Penal Ricardo Brandão, em Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai. São pelo menos 600 ocupando espaço destinado a 300 presos, baixo efetivo de agentes penitenciários para cuidar dos internos e pouca vigilância externa.
    ©Divulgação/Arquivo
    No local, além de Alemão, preso em um resort de alto padrão de Maceió (AL) horas antes do casamento, estão outros três líderes da quadrilha, o irmão dele conhecido como Lupa, Valdenir Pereira dos Santos, o “Perna”, e um quarto “cabeça” do esquema, não identificado, já que a PF não divulgou os nomes dos presos.

    Também estão no presídio de Ponta Porã outros 15 alvos da Operação Nepsis. Presos no sábado, todos foram levados inicialmente para a sede da Polícia Federal em Dourados e depois transferidos para o presídio da fronteira.

    Preocupação – O site Campo Grande News apurou que a presença da cúpula da máfia do cigarro no presídio de Ponta Porã gerou revolta e muita reclamação, principalmente de agentes penitenciários que trabalham na unidade e seus familiares.

    “Por que os cigarreiros foram transferidos para o presídio de Ponta Porã? Por que não foram levados para um presídio de segurança máxima ou até mesmo para o presídio federal?”, questiona uma fonte ouvida pela reportagem que pediu para não ter o nome divulgado temendo represálias.

    “Aqui é vulnerável, estamos do lado da fronteira com o Paraguai. Falta efetivo e cada turno tem apenas um policial militar para fazer a vigilância externa”, afirmou o reclamante. “Até nas ruas falta policiamento”, disse o morador.

    Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, a cidade gêmea que fica do lado paraguaio, enfrentam uma onda de violência com dezenas de assassinatos nos últimos meses. A região é base de várias facções criminosas que lutam pelo controle do tráfico de drogas e de armas.

    Agepen 

    Procurada para falar sobre o caso, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) enviou nota através da assessoria de imprensa:

    “Conforme a Diretoria de Operações da Agepen, os presos estão na Unidade Penal Ricardo Brandão devido ao mandado de prisão ser de Ponta Porã. A diretoria está realizando a análise de perfil para definir se serão necessárias remoções, apreciação que conta também com parecer da direção do presídio”.

    “Hóspedes”

    Na segunda-feira (24), sete dos 32 presos na Operação Nepsis passaram por audiência de custódia na Justiça Federal em Ponta Porã. Após duas horas de audiência de custódia, todos foram levados de volta pela Polícia Federal para a unidade penal.

    Ao site Campo Grande News, o advogado José Augusto Marcondes de Moura Junior, que defende Ângelo Ballerini o irmão dele e Valdenir dos Santos, disse que a audiência foi apenas para a Justiça saber se os direitos dos acusados estavam sendo respeitados.

    Foragidos 

    Dos 43 contrabandistas de cigarros alvos da Nepsis, 11 ainda não foram localizados. Um deles é Carlos Alexandre Gouveia. As equipes continuam em diligências para localizar os suspeitos, segundo a PF.

    A reportagem apurou que dos 32 presos, oito foram por mandado de prisão temporária, válida por cinco dias, mas que pode ser prorrogado por mais cinco dias.

    Entre esses oito estão os seis policiais rodoviários federais lotados em Bataguassu, acusados fazer parte da quadrilha. Se a prisão temporária não for prorrogada, o prazo vence hoje. O inquérito está em segredo de justiça.

    Fonte: campograndenews
    Por: Helio de Freitas, de Dourados


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