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    30/10/2017

    ARTIGO| Igrejas? Pode passar a sacolinha!

    Por: Demerval Nogueira*
    E não é que a tal da sacolinha plástica tem dado o que falar! Nos últimos anos a sacolinha plástica descartável tornou-se o assunto da moda e até mesmo discussões e aprovações por vários Parlamentos, quanto a sua retirada de circulação, tendo em vista a sua durabilidade no solo e os consequentes efeitos ecológicos, isto sem contar os problemas ocasionados com animais que as ingere, chegando até à morte, visto que, a maioria dos municípios brasileiros não dispõe de aterros sanitários e sim, os chamados lixões a céu aberto e, quando de um vendaval, é sacola pra toda banda.

    Quase 63% das capitais de Estados brasileiros já dispõem de leis que proíbem ou que regulam o uso de sacolas plásticas em supermercados e outros estabelecimentos que trabalham com esse tipo de material. Mas, se todas as 27 capitais já estivessem com leis regulamentadas, atingiria uma população alvo de 42.553.401 habitantes. Para uma população, segundo o Censo do IBGE de 2010, de 190.732.694. Este ano, 2017, basicamente, 205 milhões. Mas, os demais municípios brasileiros contêm 148.179.293 habitantes, o que representa três vezes e meia a população das 27 capitais dos Estados federados. Ou seja, as medidas tomadas nas capitais não equacionam nem de longe os problemas gerados pelas ditas sacolas.

    No entanto, para os mercadistas é mais interessante que os clientes levem suas compras ensacoladas, que a própria entrega a domicilio. Isto devido o tempo gasto pelo funcionário e o custo com combustíveis. Colocando na ponta do lápis, para o mercadista é mais vantajoso o cliente levar sua compra. Até porque, os preços das sacolinhas já estão embutidos nos produtos. No Brasil, o uso de sacolas plásticas está estimado em 41 milhões por dia, 1,25 bilhão por mês e 15 bilhões anualmente. Mas o consumo brasileiro representa apenas uma parte do uso mundial do referido produto. Mundialmente são distribuídas de 500 bilhões a 1 trilhão de sacolas plásticas por ano.

    É consumido no mundo inteiro, aproximadamente, 1 milhão de sacolas plásticos por minuto. Como a maioria das invenções do mundo moderno, os sacos plásticos estão relacionados à praticidade e ao conforto, porém, este é o resíduo que mais causa impacto e degradação ao meio ambiente. E na sua maioria, eles são usados apenas uma vez e depois descartados. Essa é a mecânica que estamos acostumados diariamente.

    Atualmente falam-se muito sobre as chamadas sacolas oxibiodegradáveis, que são fabricadas a partir de combustíveis fósseis, assim como, as convencionais. A diferença é que as oxibiodegradáveis recebem um aditivo que, tecnicamente agiliza sua “decomposição”. Enquanto uma sacola convencional leva cerca de 450 anos para decompor-se, as oxibiodegradáveis duram basicamente de 3 a 18 meses para “desaparecer”. Entretanto não é a solução, mesmo porque se dá a impressão que a sacola se decompôs, mas na verdade, ela continua na natureza, fragmentada e espalhada. Você não enxerga esses fragmentos espalhados, mas é extremamente nocivo às pessoas e ao meio em que vivemos.

    As sacolas plásticas são produzidas a partir do petróleo ou gás natural, que são dois recursos não renováveis e fósseis, que liberam muitos gases poluentes na sua extração. Esse é o primeiro motivo pela qual elas fazem mal ao meio ambiente, fora disso, como elas são descartáveis, seu consumo é desenfreado, o que exige cada vez mais extração e cada vez mais gases liberados.

    Por outro lado, a criação de produtos biodegradáveis pode de fato piorar o problema do lixo, porque leva as pessoas a pensar que é correto jogar no lixo produtos como o plástico. Exemplificando, um saco plástico biodegradável, que se joga no lixo, leva centenas de anos para decompor-se e, no entanto, há quem pense que a sua durabilidade é de apenas alguns dias ou meses. A casca de banana também é biodegradável e, quando jogada no lixo, demora de 1 a 3 anos para decompor-se. 

    Esclarecendo melhor, o plástico biodegradável exige condições específicas para poder degradar-se corretamente, ou seja, microorganismos, temperatura e umidade e, se não houver grande cuidado em manejá-lo, pode tornar-se para o meio ambiente, pior do que o plástico convencional. Quando o plástico biodegradável é jogado numa lixeira, o que em todo caso deve ser sempre evitado, porque produz Gases de Efeito Estufa (GEE) ao degradar-se, gerando danosas consequências ao meio ambiente. Pedimos desculpas por mencionar no título do artigo, a palavra “Igrejas”, isto foi apenas para chamar a atenção dos sérios problemas que afetam o meio ambiente.

    *Articulista, Radialista, Jornalista e Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos. E-Mail: demerval.nogueira@bol.com.br


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