CAMPO GRANDE (MS),

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    07/08/2017

    ARTIGO| Acusações que cansam a todos

    Por: Waldir Guerra *
    Um fim de semana em que novamente preciso fazer um artigo e desta vez determinado a não comentar os últimos acontecimentos políticos nacionais. É uma recomendação de amigos e concordo com isso, até porque esse questionamento ao atual governo federal está se tornando cansativo pra todo mundo, inclusive para meus leitores. 

    Tudo bem, mas de antemão confesso que é difícil largar os assuntos políticos, afinal, sempre foi assim na maior parte da minha vida. A política partidária entrou cedo na minha vida. Aos 23 anos já estava fazendo campanha para me eleger vereador na pequena cidade de Pato Branco, Estado do Paraná e para isso tinha o incentivo e a ajuda firme de um ex-vereador, meu pai. 

    Eleito com uma expressiva votação, o quinto vereador mais votado do município, já na Primeira Legislatura fui eleito Secretário da Mesa Diretora. Tendo em vista que o Presidente da Câmara, João Dalpasquale, ter se licenciado exerci, então, a Presidência do Legislativo Pato-branquense durante quase todo aquele período. 

    Naqueles tempos vereador não recebia salário e também não tinha qualquer funcionário para assessorá-lo. Nem mesmo a própria Câmara de Vereadores os tinha. Eles eram requisitados à Prefeitura que os cedia para trabalhar nos dias em que havia Sessão no Legislativo – uma ou mesmo duas sessões semanais. 

    A primeira impressão que transparece é de que naqueles tempos não havia tanto trabalho, mas havia sim. A diferença dos dias de hoje com aqueles de antigamente é que hoje as Câmaras de Vereadores têm uma estrutura muito grande e a maior parte dos trabalhos – e dos gastos, claro – está voltada para atender a própria Casa.

    (Cruzes! Lá fui eu navegar pelo passado. Bastava dizer que a política partidária está de todas as maneiras entranhada na minha vida, como disse no começo e estaria justificado para comentar a cerca de qualquer outro assunto; e pronto. Mas já que comecei...)

    Ainda preciso acrescentar que dei um tempo na questão político-partidária a partir de 1964 quando os militares tomaram conta do país. Por conta disso larguei mão das coisas políticas e mergulhei Brasil a dentro; fui abrir lavouras novas no Estado de Mato Grosso. Certamente tomei uma das decisões mais difíceis na minha vida – mas foi acertada. 

    Se fui infectado novamente pelo vírus da política partidária em 1986, ou teria sido uma recaída ao mesmo vício, não saberia dizer, mas lembro que fui estimulado para que isso acontecesse pelo irmão Alceni e pelo médico, George Takimoto – que acabara de se eleger Vice-Governador – para que aceitasse comandar uma Secretaria no Governo do Estado.

    Quatro anos trabalhando diuturnamente sob o comando de um governador (Marcelo Miranda) dinâmico e bem intencionado. Juntos conseguimos iniciar o processo da industrialização do Estado e foi pelo bom trabalho naquela Secretaria que me levou a ser candidato à Câmara dos Deputados em 1990. Terceiro candidato a deputado federal mais votado do Estado – ainda hoje sinto muito orgulho disso.

    Em 1998 lutei, como candidato a vice-governador, para eleger Pedro Pedrossian ao governo do Estado; não conseguimos. O Partido dos Trabalhadores (PT) emplacou no MS seu primeiro governador. Foi a partir daí que os governos petistas iniciaram sua maneira de administrar a coisa pública.

    Neste final de semana penso que poderia, sim, ter feito um pouco mais na política partidária e não ficar apenas no voto, como foi a recomendação de meu pai – ele que teve três filhos eleitos deputados federais. Contudo, se vivo fosse certamente não recomendaria fazer parte desta atual maneira de fazer política e estaria também cansado das acusações aos atuais políticos. 

    * Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador, secretário do Estado e deputado federal. (wguerra@terra.com.br) 


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