Presidente da Câmara disse estimar quórum acima de 480 deputados na sessão, mas negou que tenha conversado pessoalmente com os parlamentares.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, dá entrevista na sede da Prefeitura de SP (Foto: Felipe Néri/G1) |
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta sexta-feira (28) que é preciso concluir a votação do prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) na Câmara para que a Casa retome a análise das reformas, como a da Previdência e a tributária.
O plenário da Câmara vai decidir se a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que acusa Temer de corrupção passiva deve ou não seguir para o Supremo Tribunal Federal (STF). A votação está marcada para a próxima quarta-feira (2).
"A gente precisa votar a denúncia para que a gente volte a votar reformas. [...] Haverá quórum, tenho certeza", declarou Maia. "Na quinta-feira, a gente precisa ter agenda de reformas em andamento", completou.
Para ser aberta, a sessão que analisará na Câmara a denúncia contra Temer precisa de quórum mínimo de 51 deputados. Para dar início à votação, é necessário o registro da presença de 342 dos 513 deputados, mesmo número necessário para que seja aprovada a denúncia.
Maia disse estimar quórum acima de 480 deputados na sessão, mas negou que tenha conversado pessoalmente com os parlamentares para saber quem estará presente. "Não preciso [conversar], tenho certeza [que estarão presentes]."
Apoio ao governo e à política econômica
Maia concedeu entrevista coletiva em São Paulo após reunião com o prefeito em exercício da capital paulista, vereador Milton Leite (DEM), seu colega de partido. Na entrevista, Maia disse apoiar o governo de Temer e a política econômica adotada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
"Defendo que se mantenha a política econômica desse governo federal, que a gente não deve, não pode, mexer na meta que foi apresentada no início do ano. Já temos um rombo fiscal enorme", disse o deputado. Para Maia, as reformas da Previdência e tributária podem beneficiar a economia mais do que a mudança da meta fiscal.
"A gente precisa votar a denúncia [contra Temer] exatamente pra que a gente possa retomar ao tema das reformas. Porque com as reformas é que a gente vai conseguir superar esse déficit fiscal, que não é apenas de R$ 139 bilhões, é maior", declarou.
Reunião no Jaburu
Na noite desta quinta-feira (27), Temer recebeu, no Palácio do Jaburu, ministros e parlamentares com o objetivo de discutir as estratégias para barrar o prosseguimento da denúncia contra ele.
Maia participou do encontro é disse nesta sexta-feira ter atuado apenas com "árbitro" que presidirá a sessão e que tem "papel institucional".
Além de reunir parlamentares, Temer também tem adotado a estratégia de ligar para deputados indecisos para tentar convencê-los a apoiar o governo na votação, conforme mostrou o Bom Dia Brasil nesta quarta -feira.
Denúncia
Com base nas delações de executivos do grupo J&F, que controla a JBS, Temer foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal pela Procuradoria Geral da República (PGR) pelo crime de corrupção passiva. Mas o STF só poderá analisar a peça se a Câmara dos Deputados autorizar.
Por Felipe Néri, G1 SP, São Paulo