CAMPO GRANDE (MS),

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    26/07/2017

    Ex-senador é condenado a mais de 27 anos de prisão por abusar de filhas de caseiro

    Crianças tinham 6 e 9 anos na época do crime, praticado no ano passado. Denúncia foi feita pelo pai das meninas, que gravou cenas em celular.

    Nezinho Alencar foi condenado a 27 anos de reclusão © Reprodução
    O ex-deputado estadual e ex-suplente de senador Manoel Alencar Neto, mais conhecido como Nezinho Alencar, foi condenado a 27 anos e 9 meses de reclusão e a cino anos de detenção, por abusar sexualmente de duas crianças. O crime aconteceu no início do ano passado. Na época dos fatos, as vítimas tinham 6 e 9 anos. O réu também teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Ele está preso na Casa de Prisão Provisória de Guaraí.

    O G1 tenta contato com a defesa de Nezinho Alencar.

    Nezinho Alencar e a mulher foram presos no dia 23 de janeiro do ano passado durante a operação Confiar, da Polícia Federal, mas em março do mesmo ano, ele foi solto após pagar uma fiança no valor de R$ 22 mil. A mulher dele foi solta antes, no dia 4 de fevereiro. A denúncia de que o ex-senador estava envolvido no crime de abuso sexual partiu do próprio pai das crianças. Para provar o fato, o pai deixou um celular escondido em uma árvore, antes de sair para trabalhar.

    Segundo o Ministério Público Estadual, autor da ação, a condenação foi baseada no vídeo e nos depoimentos das duas vítimas, dos seus pais e de seu irmão, que tinha 11 anos, na época. Segundo os relatos, os crimes aconteceram várias vezes, entre os meses de dezembro de 2015 e janeiro de 2016, sendo praticados com maior frequência contra a menina mais nova.

    Nos processo, conforme o MPE, consta um vídeo de 20 minutos em que Manoel Alencar Neto pratica continuamente atos libidinosos contra as crianças. Também é registrado o momento em que o réu serve bebida alcoólica às meninas, infringindo o Estatuto da Criança e do Adolescente.

    As imagens também mostram o momento em que as crianças estão sentadas no colo do suspeito. Ele coloca a mão nas partes íntimas das meninas. Conforme o MPE, o ex-senador também beijava a menina mais nova na boca e ameaçava as crianças para que não contassem sobre os abusos.

    O MPE disse ainda que um segundo vídeo que foi anexado ao processo mostra a esposa do réu oferecendo dinheiro aos pais das crianças para que estes eles não levassem o caso ao conhecimento das autoridades.

    Ainda segundo a promotoria, a menina de 9 anos disse em depoimento que não contou nada ao pai temendo que ele perdesse o emprego e não pudesse mais comprar comida para a família e até que fosse preso.

    O MPE revelou ainda que o irmão das meninas contou que presenciou diversos abusos e que também sofreu reiterada pressão de Nezinho para que guardasse segredo sobre os fatos, mas disse que decidiu relatar os acontecimentos ao pai, que comprou um celular para registrar os abusos.

    A sentença é do juiz Fábio Costa Gonzaga, da Comarca de Guaraí. A família, que levou o caso à Justiça, foi incluída no Programa Federal de Proteção a Testemunhas.

    Vídeo

    O caso chegou a ser exibido no Fantástico. A reportagem mostra o vídeo que o pai gravou depois que soube dos abusos. Nezinho Alecar deu a sua versão dos fatos. "Eu fui senador da República, tive uma representatividade no estado de homem renomado, agora querem me incriminar. Eu estou sendo julgado pelo que eu represento. Se eu não fosse ninguém, isso não estava no Fantástico, isso não estava em lugar nenhum".

    Nezinho negou as acusações e disse que foi vítima. "Eu fui vítima de uma armadilha. Aquelas crianças estavam torpedeando, pisando, passando a mão em mim, me agarrando. E eu extremamente desacordado, não vi absolutamente nada. As imagens foram montadas. As crianças foram induzidas fazendo um verdadeiro malabarismo, foram conduzidas como atrizes para me induzir àquelas cenas".

    O pai das crianças contou que, primeiro desconfiou dos abusos, depois presenciou. "Sentou debaixo do pé de manga. Aí começou a abusar das meninas e eu olhando de dentro da quarto, da janela. A minha reação? Eu peguei a espingarda, botei no rumo dele, sem ele perceber porque eu estava dentro de casa. Puxei o gatilho e pensei: 'ou eu mato ou eu não mato'? Aí abaixei a espingarda e deixei quieto. Aí fui pensar em comprar um telefone para poder pegar ele".

    O pai vendeu as galinhas, comprou um celular e gravou as imagens, as quais levaram Nezinho à prisão.

    Por G1 Tocantins
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