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    12/06/2017

    ARTIGO| Primeiro, a reforma ética

    Por: Victória Ângelo Bacon
    Alexandre Schwartsman, doutor em economia pela Universidade da Califórnia, recentemente publicou artigo em que defende a necessidade urgente da aprovação das reformas (Trabalhista e da Previdência) independente da saída ou não do presidente Michel Temer para que o país renasça. Há três anos se falava e nem se comentava a urgência dessas reformas, mesmo em período que estávamos em período de campanha eleitoral. Ocorre uma enfatização de riscos e medo da inflação para justificar o rentismo. A causa de nossos problemas está no contracionismo de base monetária forçado pelo Banco Central a 6% de juro real, quando no mercado internacional pagaríamos 1%. Há muita falácia em relação à inflação, déficit primário, crise política.

    A brutal recessão é a responsável pela queda da inflação e não uma tangencial reforma trabalhista ou da previdência. A necessidade antes de uma reforma seja ela trabalhista ou previdenciária não teria de partir do campo ético? O sociólogo A. Giddens, afirma que as instituições, por definição, são as peças mais duradoras da vida social. Por outro lado, existe um consenso de que as diferenças entre os países ricos e os demais está na qualidade das instituições. Enquanto os ricos são obcecados pelas suas instituições, os pobres são obcecados pelos indivíduos. A qualidade das instituições sociais tem impacto direto na ética dos indivíduos. Se queremos ética dos indivíduos, temos antes que consertar o sistema. Sem uma reforma ética, em primeiro lugar, dificilmente terá campo para uma reforma política. A ideia de que se passa para a população é a de que as reformas acabam privilegiando aqueles que se encontram no topo da pirâmide, forma todas as concessões realizadas pelo governo. A reforma é essencial para avançar e retomar o crescimento, mas não pelos operadores que agora estão atuando nos bastidores dessa reforma. O presidente Temer perdeu a credibilidade. A equipe econômica se esforça, porém é atingida pro cada espaço de escândalo político que surge inesperadamente. 

    Engolfado por uma onda de impopularidade, Michel Temer tornou-se um presidente à procura de uma marca. Desde que assumiu a Presidência no lugar de Dilma Rousseff, Temer afirma que não está preocupado com a popularidade. O diabo é que o reformismo de Michel Temer está escorado numa fórmula vencida. Para aprovar suas reformas no Congresso, Temer compôs um governo loteado e convencional. Está conseguindo passar até por onde nunca imaginávamos passar. Estão mais do que evidentes – com ou sem o Temer – as razões para a manutenção de um estado de exceção. São duas: a jurídica, onde a corrupção é tão grave que justificaria até a suspensão do estado de direito. Por isso, muitos batem palmas, inclusive no exterior, acreditando que o Brasil estaria mais maduro por combater tão abertamente o problema da corrupção.

    O problema norteador são as reformas? Evidentemente que não. As reformas são parte de um todo que sequer foram debatidas com a sociedade, sindicatos e organizações sociais. Em menos de seis meses, Temer e sua equipe econômica conseguiram o inesperado. Pena que em seis meses a reforma política ainda sequer tenha sido lembrada. 

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