Por: Waldir Guerra* |
Para os que esperavam coisas bombásticas a semana passada no depoimento do ex-presidente Lula em Curitiba, certamente devem estar frustrados. Tirando os noves fora dos mais fanáticos, a disputa acabou num empate técnico esse embate de Moro x Lula, segundo os jornais.
Acompanhei o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio LULA da Silva e do que ele disse ao juiz Sergio Moro. Preciso destacar a importância para o Brasil do que seu governo fez em benefício dos mais pobres. Que ninguém se engane, a história lhe dará, sim, esse crédito.
Infelizmente a história vai lhe cobrar muito caro os erros que ele cometeu, não somente nos oito anos do seu governo, mas também nos cinco anos de sua pupila e sucessora, Dilma Rousseff. Metade da população do país, as mulheres brasileiras – grande parte delas – não vai perdoá-lo por ter errado ao escolher mal sua sucessora.
Concordo que deveria, sim, escolher uma mulher para ser sua candidata; era o momento certo para fazê-lo, mas escolheu mal; escolheu uma pessoa despreparada e incompetente.
Se realmente, como ele afirmou, elegeria um poste para sucede-lo, ele é o responsável direto pelo fracasso da ex-presidente. Pior, porque criou mais um estigma para as mulheres ambicionarem disputar novamente o cargo de presidente do Brasil.
Mulheres competentes existem e não é necessário citar exemplos externos, como Angela Merkel, que governa a poderosa Alemanha há onze anos. Temos aqui a competentíssima presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia que nos deixa boquiabertos por sua competência.
Outro erro que agora mesmo LULA está sendo cobrado – e a história continuará a fazê-lo para sempre – será a de imputar-lhe a culpa por ter levado ao extremo o uso e o abuso dos recursos públicos a fim de continuar ocupando o Poder Político do Brasil.
Sim, são verdadeiras suas afirmações de que para se eleger a grande maioria dos políticos desviava recursos públicos e os usava nas campanhas políticas. Sim, hoje graças a Lava Jato todos os brasileiros sabem que, não somente políticos, mas que os próprios partidos políticos se transformaram em organizações que rapinaram a coisa pública.
Acontece que Lula e seus comandados, quando no poder, multiplicaram os valores desviados e "se lambuzaram" nisso - como disse o ex-ministro da Justiça, Jaques Wagner. (Perdoe-me caro leitor, mas isso não faz lembrar a novela Saramandaia quando Dona Redonda de tanto comer explodiu causando um tremor de terra?).
Mas retornando o pensamento: com o Mensalão ficou provado que o partido do presidente Lula usava recursos públicos para se manter no comando da política e governar. Tanto que José Dirceu e mais 38 outros membros do esquema foram condenados pela Justiça.
Lá atrás, no Mensalão, Lula simplesmente dizia que não sabia de nada. Foi poupado e a Justiça o deixou em paz, mas agora no Petrolão os depoimentos mostram que a roubalheira continuou a acontecer e de forma geral em quase todos os órgãos e empresas públicas. Ainda que continue dizendo que não sabia de nada, como acreditar se nem ele, nem sua sucessora - que "fez o diabo para se reeleger"- não sejam culpados disso?
Assim, esta semana começamos bem melhor que a passada e por isso, então, nos concentremos nas reformas no Congresso Nacional já que o embate do Juiz Sergio Moro X ex-presidente LULA acabou num empate técnico.
*Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador, secretário do Governo e deputado federal. (wguerra@terra.com.br)