CAMPO GRANDE (MS),

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    08/03/2017

    Governo lança diretrizes para humanizar parto normal e reduzir intervenções

    Diretrizes foram lançadas em cerimônia no Palácio do Planalto em homenagem ao Dia da Mulher; recomendações incluem, por exemplo, presença de doulas e direito à anestesia.

    O presidente Michel Temer (centro), acompanhado da primeira-dama, Marcela, e de ministros durante o lançamento das novas diretrizes para o parto humanizado (Foto: Beto Barata/PR)
    O governo federal lançou nesta quarta-feira (8) uma série de diretrizes para humanizar o parto normal e reduzir o número de intervenções consideradas desnecessárias.

    Segundo o Ministério da Saúde, as diretrizes têm como objetivo permitir que a mulher tenha maior poder de decisão sobre como será o nascimento do filho – leia mais abaixo a lista completa.

    As novas diretrizes, explicou o ministério, são baseadas em evidências científicas coletadas por um grupo de especialistas, entre os quais obstetras, clínicos gerais, neonatologistas, anestesiologistas e enfermeiras, além de integrantes de entidades da área da saúde.

    O lançamento das diretrizes aconteceu em cerimônia no Palácio do Planalto, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

    Entre os presentes à cerimônia estavam o presidente Michel Temer, a primeira-dama, Marcela Temer, e os ministros Ricardo Barros (Saúde) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).

    O que preveem as diretrizes

    Leia abaixo o que as novas diretrizes preveem como medidas que deverão ser incorporadas pelas maternidades:
    • Permitir à mulher a posição que ela preferir durante o parto, visando o conforto;
    • Presença de doulas e de acompanhante;
    • Dieta livre, com o fim do jejum obrigatório;
    • Métodos de alívio para a dor, como massagens, banhos quentes e imersão na água;
    • Direito à anestesia e à reaplicação dela;
    • Contato pele-a-pele da criança com a mãe imediatamente após o parto;
    • Direito à privacidade da gestante e da família;
    • Estímulo à amamentação.
    Métodos a serem evitados

    De acordo com o governo, outro objetivo da política é reduzir os "altos índices" de intervenções consideradas desnecessárias, entre as quais cesarianas e episiotomias.

    Na avaliação do Ministério da Saúde, esses procedimentos não levam em consideração os aspectos emocionais e culturais das mães e podem colocar a vida da gestante e do bebê em risco.

    Saiba abaixo os procedimentos que, segundo as novas diretrizes, devem ser evitados, quando possível:
    • Episiotomia (corte no períneo);
    • Uso do hormônio ocitocina para acelerar a saída do bebê;
    • Cesariana;
    • Aspiração do nariz e da faringe do recém-nascido;
    • Técnica conhecida como "manobra de Kristeller", quando se pressiona o útero da mulher para ajudar a expulsão da criança;
    • Uso do fórceps;
    • Lavagem intestinal antes do parto;
    • Raspagem dos pelos pubianos;
    • Rompimento da bolsa;
    • Corte precoce do cordão umbilical (os médicos deverão esperar de 1 a 5 minutos ou até cessar a pulsação).
    Acesso ao DIU

    O governo federal também informou que vai ampliar o acesso das mulheres ao Dispositivo Intrauterino de Cobre (DIU), método contraceptivo disponível nas unidades básicas de saúde, mas que agora passará a ser oferecido para mulheres após o parto e após abortos.

    As maternidades, segundo o Ministério da Saúde, terão 180 dias para se adaptar à medidas.

    Ligue 180

    No evento desta quarta, o governo também informou que o Ligue 180 passará a receber denúncias de violência obstétrica. O programa foi criado em 2005, no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para orientar mulheres sobre direitos e serviços públicos.

    Em 2014, no governo da então presidente Dilma Rousseff, o Ligue 180 também passou a ser disque-denúncia, com capacidade de envio de denúncias para as secretarias de Segurança Pública estaduais e para os ministérios públicos locais.



    Por Luciana Amaral, G1, Brasília