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Um dos maiores poetas brasileiros, Manoel de Barros, que completaria 100 anos em dezembro de 2016, foi homenageado nesta segunda-feira (13) no Plenário do Senado. O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) destacou a simplicidade da poesia autor.
De iniciativa do senador Pedro Chaves (PSC-MS), que o conheceu pessoalmente, a sessão especial se iniciou às 11h e terminou quase às 14h, após discursos, vídeo e uma canção de homenagem.
Moka disse que teve a oportunidade de conversar com um amigo de Manoel de Barros, o jornalista Cândido Alberto Fonseca, que lhe contou que o poeta era um homem simples e discreto.
“Ele teve o privilégio de entrevistar Manoel de Barros algumas vezes. Segundo Cândido, Manoel de Barros era um homem simples, arredio a entrevista e fugia das câmeras como o diabo foge da cruz. A conversa andava bem até o holofote da câmera ser ligado”, relatou.
Chaves contou a história do poeta, que nasceu em Cuiabá (MT), mas mudou-se ainda menino para Corumbá (MS). Em seguida, foi morar numa fazenda no Pantanal, ambiente de onde colheu inspiração para sua poesia. Chaves, que criou a Fundação Manoel de Barros em 1998 em Campo Grande (MS), para apoiar projetos culturais, sociais e ambientais, julgou-se suspeito para falar do poeta.
Pedro Chaves falou ainda que Manoel de Barros, ao morrer em 13 de novembro de 2014, deixou um manancial de palavras comparável apenas à biodiversidade do Pantanal.
O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) narrou o encontro que teve com Manoel de Barros, apresentado a ele pelo senador Pedro Chaves. Cristovam tinha ido fazer uma palestra na universidade e disse a Pedro Chaves que gostaria de visitar Manoel de Barros. Depois de passar por engano em outra casa, Cristovam Buarque contou que Manoel de Barros o recebeu “com um sorriso enorme nos lábios”.
O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) lamentou que, nos tempos atuais, com as tecnologias e redes sociais, as pessoas não tenham mais tempo para apreciar poesia.
“Em franqueza, isso é lamentável. Isso é uma pena. Não é nostalgia, pode até parecer pelos cabelos brancos que ostento. Mas, mesmo assim, ainda em dias recentes, e foi isso que me trouxe a tribuna, quando surge um expoente do calibre do notável Manoel de Barros, isso desaparece, isso muda. Na verdade, a impressão que se tem é que, a poesia, de tempos em tempos, ressurge das cinzas e desponta novamente como uma arte nobre e renovadora do espírito criativo”, afirmou.
O senador Wellington Fagundes (PR-MT) também participou da sessão e disse ser um mérito muito grande do Senado prestar uma homenagem ao poeta Manoel de Barros. Ele lembrou o que o poeta Carlos Drummond de Andrade falou a respeito de Manoel.
“Falaram a Carlos Drummond de Andrade que ele seria o maior poeta vivo do Brasil. Mas Drummond discordou e disse: “não, não sou o maior poeta, porque existe Manoel de Barros”, lembrou o senador.
Compuseram a mesa da sessão, além dos senadores Pedro Chaves, Waldemir Moka e Thieres Pinto (PTB-RR), o deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF); a presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Maria Inês Fini; o vice-presidente do Conselho Curador da Fundação Manoel de Barros, Marcos Henrique Marques e a representante do ministro da Educação, Regina de Assis.
Biografia
Manoel de Barros nasceu em 1916, em Cuiabá, e morreu aos 97 anos, em 2014, em Campo Grande. Ele é considerado um dos principais poetas brasileiros contemporâneos e escrevia versos nos quais elementos regionais se conjugavam a considerações existenciais, em uma espécie de “surrealismo pantaneiro”. Publicou seu primeiro livro de poesias, Poemas Concebidos Sem Pecados, em 1937. Em seguida, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou bacharel em Direito, em 1941. Viajou para a Bolívia e Peru, conheceu Nova York e era familiarizado com a poesia modernista francesa.
A partir de 1960 passou a se dedicar a sua fazenda no Pantanal, onde criava gado. Sua consagração como poeta se deu ao longo das décadas de 1980 e 1990. Recebeu o Prêmio da Crítica/Literatura, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Foi contemplado também com o Prêmio Jabuti de Poesia, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, pela obra O Guardador de Águas.
Fonte: ASSECOM - Com Agência Senado