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Por: Pedro Chaves* |
Eu conheço o esforço dos integrantes dessa cadeia e as mudanças que ela vivenciou nos últimos 40 anos, para conquistar o mercado mundial de proteína animal. Da propriedade rural até as gôndolas dos supermercados e açougues existe um processo de inspeção ativo e eficaz. As regras sanitárias são rigorosas.
Em todo lugar, a carne brasileira goza de imenso prestígio. Os consumidores sabem que nosso rebanho é produzido no campo, seguindo o que há de mais moderno no trabalho de sanidade animal. Tanto isso é verdade que exportamos nossa carne para mais de 160 países.
Conhecendo o potencial dessa cadeia produtiva e sabendo que o esforço de várias gerações de homens e mulheres pode estar ameaçado, em função de supostos malfeitos de alguns funcionários do Ministério da Agricultura e de dirigentes irresponsáveis de frigoríficos, com o luxuoso apoio midiático da Polícia Federal, não posso deixar de registrar minha profunda indignação.
Das 4.837 unidades frigoríficas sujeitas à inspeção federal, apenas 21 estão supostamente envolvidas em eventuais irregularidades, enquanto dos 11 mil funcionários do Ministério da Agricultura, apenas 33 estão sendo investigados. Não havia motivo para um estardalhaço desse tamanho.
Assusta-me saber que, em poucas horas, a melhor carne produzida no mundo passou a ser chamada de “carne fraca”. Como é que a Polícia Federal chama a nossa carne de fraca? Só as intrigas e disputas por espaço político, como sugerem alguns analistas, podem explicar essa iniciativa da polícia.
Eu quero que apurem os fatos. Que os frigoríficos e funcionários ligados ao caso sejam julgados com o rigor implacável da lei. Defendo que o Brasil seja passado a limpo. Aliás, apoiei o pedido que tramita no Senado Federal para pôr fim ao foro privilegiado para crimes comuns. Quem errou que pague por seus atos!
Nos últimos dias, venho recebendo muitos telefonemas de amigos e amigas que atuam na cadeia da carne de Mato Grosso do Sul. Eles querem saber o que vamos fazer para estancar a crise, porque os prejuízos já começaram a ser contabilizados.
Como se sabe, Mato Grosso do Sul é um importante produtor de proteína animal. De acordo com a imprensa, somente no primeiro bimestre deste ano, Mato Grosso do Sul exportou US$ 48,586 milhões em carnes desossadas de bovino, congeladas; além de US$ 43 milhões em pedaços e miudezas de frango congeladas, e US$ 23,54 milhões em carnes desossadas de bovino, frescas ou refrigeradas.
As notícias, no momento, não são alvissareiras. União Europeia, Japão, Suíça e Hong Kong suspenderam a compra da nossa carne. China e Chile, compradores de uma parte considerável da carne de MS, chegaram a interromper, mas retomaram importação. Alguns frigoríficos já pararam de comprar gado e diminuíram o abate. A venda de carne para o mercado internacional está praticamente parada.
Reconheço que o momento é grave, mas, por outro lado, tenho esperança e fé que logo sairemos dessa situação. Vejo que o Congresso Nacional está empenhado em conhecer o problema e encontrar solução. O governo federal, por sua vez, também está agindo com rapidez e eficiência.
Com paciência, verdade e muito diálogo, o Brasil vai esclarecer os fatos e criar as condições para que o mundo continue consumindo, com tranquilidade, a nossa carne, que é a mais segura e saborosa do mundo.
*Senador da república