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    20/02/2017

    OPINIÃO| Morre na Malásia Kim Jong-nam, meio-irmão do ditador coreano Kim Jong-un

    Kim Jong-nam (à esquerda) era meio-irmão de Kim Jong-un (à direita); ambos eram filhos de Kim Jong-il, ditador da Coréia do Norte entre 1994 e 2011.  

    Morreu no dia 13 de fevereiro, aos quarenta e seis anos, no aeroporto internacional de Kuala Lumpur, na Malásia, Kim Jong-nam, meio irmão do ditador norte-coreano Kim Jong-un. Até onde as investigações nos permitem especular, tudo indica que Kim Jong-nam teria sido envenenado por duas mulheres, que poderiam ser agentes norte-coreanas. Não obstante, evidências que surgiram posteriormente nas investigações corroboram fatos que expõem um plano de assassinato muito mais complexo e intrincado do que se pensava à princípio. 

    Embora muitos não saibam, Kim Jong-nam foi a primeira escolha de seu pai, o ditador Kim Jong-il, para sucedê-lo como soberano da Coréia do Norte, ao invés de seu meio-irmão, Kim Jong-un. Depois de um vergonhoso incidente, em maio de 2001, no qual Kim Jong-nam foi detido tentando entrar no Japão com um passaporte falso, utilizando um nome Mandarim, especula-se que ele tenha perdido a credibilidade com seu pai. Ao ser deportado para a China em decorrência da proibição de entrar no Japão, seu pai Kim Jong-il subsequentemente cancelou compromissos políticos com o país vizinho, de tão constrangido que ficou com o incidente.
    Kim Jong-nam há tempos fugia de atentados contra a sua vida, possivelmente orquestrados por seu meio-irmão, o ditador norte-coreano Kim Jong-un
    Pouco tempo depois, Kong Jong-nam passou a viver em Macau, desaparecendo por completo da cena política de seu país. Alguns anos mais tarde, ficou evidente que seu meio-irmão, Kim Jong-un, o havia substituído como o provável sucessor de seu pai, Kim Jong-il, na regência do país. 

    Com o passar dos anos, Kim Jong-nam tornara-se crítico de sua família, e da maneira como regiam com mão de ferro o governo da Coréia do Norte. Eventualmente, passou a temer por sua vida, e não sem razão. Tentativas de assassinato passaram a ser esporadicamente planejadas e realizadas contra Kim Jong-nam, o que levou-o a mudar-se de Macau para Singapura. Em 2010, agentes de segurança de Seul prenderam um agente norte-coreano, que afirmou ter como missão assassinar Kim Jong-nam. 

    Inicialmente, autoridades na Malásia tiveram problemas em identificar Kim Jong-nam, em função do fato deste deslocar-se pelo mundo sempre utilizando documentos falsos. Assim que sua identidade foi confirmada, autoridades malaias comunicaram o ocorrido à representantes do governo norte-coreano. Pouco tempo depois, a polícia malaia prendeu duas mulheres, supostamente envolvidas na morte de Kim Jong-nam, mas investigações posteriores revelaram a forte possibilidade de ambas terem sido usadas como bode expiatório de quatro agentes norte-coreanos. 

    Há décadas, agentes norte-coreanos atuam em países como Malásia, Indonésia e Singapura, rastreando atividades de políticos e diplomatas japoneses e sul-coreanos. Como Kim Jong-nam já havia se tornado um alvo há tempo considerável, tornou-se evidente que, transitando por esta região da Ásia, eventualmente ele seria encontrado. 

    Embora não exista certeza absoluta de que Kim Jong-nam tenha sido assassinado a mando de seu meio-irmão, Kim Jong-un, não há como negar que as evidências apontam nesta direção. Oficiais da Coréia do Sul afirmaram que o assassinato vem a ser mais uma demonstração do brutal, corrosivo e destrutivo regime de Kim Jong-un.


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