CAMPO GRANDE (MS),

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    20/02/2017

    Assassino confesso de advogado tem prisão preventiva decretada

    Corpo foi encontrado carbonizado dentro de carro em Dourados

    Foto: Adilson Domingos
    “Não se bate na cara de homem, fala para mim que eu sou moleque de novo”. Essa frase, segundo o inquérito policial instaurado para investigar o assassinato do advogado Valmir Leite Júnior, foi dita por Juliander de Oliveira Alcântara enquanto esfaqueava a vítima. Nesta tarde, o acusado teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Caio Márcio de Britto, da 3ª Vara Criminal de Dourados, município distante 228 quilômetros de Campo Grande onde o crime ocorreu na quinta-feira (16).

    Em audiência na tarde desta segunda-feira (20), o magistrado acatou o pedido feito pelo MPE-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para converter a prisão em flagrante por preventiva, “para garantia da ordem pública, conveniência da instrução e aplicação da lei penal”. O suspeito foi ouvido sem utilização de algemas e sem a presença de policiais, conforme o termo de assentada ao qual a reportagem teve acesso.

    “Sobre os fatos relatou Juliander de Oliveira Alcântara: ‘Que a vítima parou o carro e foi urinar primeiro, e o interrogando, se aproveitando da situação, aproximou-se da vítima e desferiu uma facada em seu abdômen, momento em que a vítima caiu e o interrogando segurou o colarinho da camisa da vítima e desferiu as outras facadas, dizendo para a vítima 'NÃO SE BATE NA CARA DE HOMEM, FALA PARA MIM QUE EU SOU MOLEQUE DE NOVO'”, consta no documento.
    Reprodução
    Ainda segundo o relatado na audiência, o crime “ocorreu por volta das 23h00min” e o suspeito “não se recorda de quantas facadas desferiu na vítima, mas afirma ter sido várias; (...) Que, enrolou a vítima num pano que estava dentro do carro e com muita dificuldade o interrogando colocou a vítima no porta-malas do carro, jogou a gasolina na vítima e em seu veículo, riscou o fósforo e evadiu-se a pé do local até a casa de sua genitora (...)”.

    Para o magistrado, “o indiciado, provavelmente, desferiu vários golpes de arma branca e ateou fogo em Valmir Leite Júnior, supostamente porque a vítima deu um tapa no seu rosto, isto em hipótese, fatos a demonstrarem a gravidade do delito e provável periculosidade concreta do réu”.

    Também foi mencionado no despacho que justifica a prisão preventiva o fato de Juliander de Oliveira Alcântara possuir “várias passagens policiais por ameaça, lesão corporal, furto e tráfico de drogas, condenação por tentativa de homicídio qualificado e vias de fato, sem olvidar que estava evadido do sistema prisional quando praticou o delito, consoante guia de execução n.º 4801-21.2015”. “Logo, tudo indica que solto voltará a delinquir, em clara ameaça à sociedade”, ponderou o juiz.

    No dia 30 de novembro de 2015, sentença assinada pelo juiz César de Souza Lima com base em parecer do Tribunal do Júri condenou Juliander a penda de seis anos, três meses e 20 dias de reclusão regime inicial fechado pela prática de crime violento e hediondo. Ele estava preso desde o dia 21 de março de 2013, data em que foi preso após esfaquear a ex-namorada; a jovem teve o pulmão perfurado, mas sobreviveu.

    “O suspeito não demonstrou endereço certo e atividade lícita, assim, nada indica que permanecerá no distrito da culpa. Por fim, as medidas cautelares não são suficientes, pois simples comparecimento em juízo e não se aproximar das testemunhas sem efetiva fiscalização policial e pela audácia do réu na prática do delito, restariam inócuas”, acrescentou o magistrado.

    Esse crime do qual Juliander é acusado começou a ser desvendado às 6h30 da quinta-feira passada, quando uma equipe da PM (Polícia Militar) encontrou o Ford Fusion de Valmir Leite Júnior em chamas no bairro Estrela Verá, periferia de Dourados. No porta-malas havia um corpo carbonizado. Embora o exame de DNA para comprovar a identidade da vítima só deva ter resultado em 30 dias, a família do advogado conseguiu a liberação para sepultar os restos mortais do jovem, já que o suspeito do crime confessou ao ser preso na sexta-feira (17).


    Fonte: Midiamax
    Por: André Bento, de Dourados