CAMPO GRANDE (MS),

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    08/12/2016

    Documentário traz universalidade intimista de Edson Castro

    Há oito anos na França, obra de artista pantaneiro está em curta-metragem que o MIS exibe nesta sexta 

    Divulgação

    Só o fato de ser filho de pai Guarany e mãe guató, nascido às margens do Rio Paraguai e maturado na derramação de águas e cores pantaneiras, seria suficiente para desenhar um ser maior que o tamanho convencional do seu universo geocultural. Mas a arte de Edson Castro comete o atrevimento de ir além das varandas físicas territoriais e revela uma confissão de ampla e convidativa universalidade.

    Quem quiser mergulhar nesse encontro instigante, para fascinar-se, a chance é assistir ao curta-metragem “Edson Castro”, amanhã (sexta-feira, 9), a partir das 16h, no Museu da Imagem e do Som, em Campo Grande. A produção é da Água Comunicação e Eventos e tem 10 minutos de duração. Dirigida por Mara Silvestre, com montagem e roteiro de Natacha Figueiredo Miranda, faz parte da série “A Universalidade dos Artistas Plásticos Sul-mato-grossenses”.

    No vídeo, Edson Castro passeia com as memórias, certezas e alguns guardados afetivos diante de seus quadros. Natural de Corumbá, onde nasceu em 1970, fixou residência na França e em novembro passado, oito após a mudança, retornou a Mato Grosso do Sul. Trouxe na bagagem as saudades acumuladas e quadros de sua lavra, parte de um acervo que enfrentou íngremes e desconfiados terrenos europeus até ser reconhecido pelo talento de singularidades marcantes. 
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    “Diziam que minha arte não avançaria, que suas luzes não eram europeias, eram muito fortes”, recorda. Mas revolve o chão de suas fontes e lembra que desde os primeiros traços, inclusive com um prêmio conquistado na escola com 13 anos de idade, já tinha a convicção de que carregaria consigo o DNA universalista do pantaneiro. “A beira de rio, onde nasci, ficou na minha cabeça. O pantanal, Corumbá, suas cores, seus bichos e sua natureza são presença constante no meu dia-a-dia”, revela.

    Não por acaso um dos mais importantes críticos de arte da Europa, o francês Gérard Kuriguera, cedeu à emoção de incursões por sua obra. E frisa: “Edson Castro não para de prolongar o sonho acordado, começado na sua infância”, acrescentando que por suas mãos e olhares retrata-se um mundo que resiste ao tempo. “Sua obra dá (...) mais que promessas e afirma sua singularidade”. São palavras de um especialista em universalidade carimbando a ilimitada aventura de um pantaneiro sem rédeas no abraçar o mundo.

    Edson Castro pontua também com alegria e reverência a atenção que recebia do poeta Manoel de Barros, com quem trocava correspondências. Na última carta que lhe enviou, o poeta assim comentou seus quadros: “Sinto um cheiro de sol nos seus azuis e uma insistência de solidão nas suas imagens”. Para o artista que pôs a província no altar do glamour, sublimando o abstracionismo pulsante num ser que redefiniu-se no mágico das incompletudes, vale enfatizar outra aula de Maneco que Edson Castro pendurou nos seus amanheceres: “As coisas não me entram nos olhos. Elas me saem deles”.



    Fonte: ASSECOM
    Por: Édson Moraes


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