CAMPO GRANDE (MS),

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    25/11/2016

    'Nando' era 'justiceiro' do Danúbio Azul e cuidava covas como troféus

    Luiz Alves Martins Filho, o “Nando”, 49 anos (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)

    Classificado pela Polícia Civil como um serial killer, Luiz Alves Martins Filho, o “Nando”, 49 anos, caminhava pelas ruas do bairro Danúbio Azul, em Campo Grande, como uma espécie de “justiceiro”. Para ele, quem colocava em risco a “segurança” da comunidade deveria ser punido com a morte.

    Nando está diretamente envolvido com 12 assassinatos no bairro, de pessoas viciadas em drogas e que eram explorados sexualmente. Ele contava com o apoio de mais quatro “colegas”, que juntos formavam o grupo de extermínio do bairro.

    Os cinco e mais três pessoas foram presos no dia 10 deste mês e acabaram revelando o local de um “cemitério particular”, no Jardim Veraneio, onde sete ossadas das vítimas já foram encontradas.

    Porém, o detalhe mais macabro da história é que Nando visitava as covas todos os dias e, segundo a delegada que o ouviu, Aline Sinott, da Deaij (Delegacia de Atendimento à Infância e a Juventude), o ritual era como uma espécie de troféu ao assassino confesso.
    Secretário José Carlos Barbosa, delegada Aline Sinott e delegado geral Marcelo Vargas (Foto: Marina Pacheco)

    “Lei e Ordem” 

    Segundo a delegada, Nando era morador do Danúbio Azul há 20 anos e acreditava que tinha o dever de proteger seu bairro. “Ele foi ouvido novamente ontem (24/11) e em um depoimento, que durou 5h, Nando disse que todos os que foram mortos praticavam crimes no bairro, como por exemplo, pequenos furtos. Alguns até eram avisados para que deixassem de praticar os crimes, mas não conseguiam, pois furtavam para sustentar seu vício em drogas”, explica a delegada.

    Os primeiros registros de desaparecimento começaram em 2012 e Nando chegava a receber o “convite” dos outros membros do grupo de extermínio para “matar vagabundo”.

    Sexo e orgias 

    As vítimas eram atraídas para a emboscada que resultaria em sua morte com a promessa que iriam praticar sexo ou usar drogas. “Elas estavam acostumadas de na companhia de membros do grupo de extermínio usar drogas ou participar de orgias no Jardim Veraneio, local que se tornaria sua cova”, detalha a delegada.

    O que chama a atenção é que a maioria foi morta por estrangulamento, pois Nando contou a polícia que não gostava de ver sangue. “Ele afirma que viu sua mãe morrer quando tinha 11 anos em um crime de violência doméstica, por isso não gosta de ver sangue”.
    Ossada encontrada em "cemitério" no Jardim Veraneio (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)
    Grupo de extermínio 

    Além de Nando, integravam o grupo: Talita Regina de Souza, 21 anos, Wagner Vieira Garcia, 24 anos, Jean Marlon Dias Domingues, 20 anos e Michel Henrique Vilela Vieira, 21 anos.

    Todos estão presos preventivamente e nas próximas semanas devem ser levados para unidades penais do Estado, que não tiveram os nomes revelados pela polícia.

    Homossexualismo 

    A delegada afirma que Nando tinha um relacionamento amoroso com Jean e que também já havia se relacionado com Wagner.

    Em 1996 ele foi investigado pelo estupro de um menino de 13 anos.

    Ossadas 

    Até a manhã desta sexta-feira (25) a polícia já havia encontrado sete ossadas, no Jardim Veraneio. A polícia acredita que os restos mortais sejam de: Bruno Santos da Silva, 18 anos, Ana Claudia Marques, 37 anos, Lessandro Valdonado de Souza, 13 anos, Alex da Silva dos Santos, 18 anos e de dois homens que até o momento apenas foram identificados como “Café” e “Alemão”. Já a sétima, até a publicação desta matéria também não tinha sido identificada.
    No dia 10 deste mês oito pessoas foram presas pela polícia (Foto: Guilherme Henri)

    Lista 

    As escavações no "cemitério" devem continuar. A polícia ainda busca os restos mortais de Flavio Soares Correia, 25 anos, Jhennifer Lima da Silva, 13 anos, Eduardo Dias Lima, 15 anos, Aline Farias da Silva, 22 anos, Jhennifer Luana Lopes, 16 anos e Daniel Gomes de Souza, 17 anos. 

    Danúbio Livre 

    No total são 17 pessoas presas, suspeitas de terem algum envolvimento com os desaparecimentos, mortes, ocultação de cadáver, tráfico e exploração sexual. Deles, permanecerão presas oito pessoas, que possuem ligação direta com os assassinatos. Outras nove serão liberadas.

    A operação foi batizada como “Danúbio Livre”, pois Nando e seu grupo “aterrorizavam” o bairro e chegaram a decretar uma “lei do silêncio” em que ninguém podia comentar o que acontecia ali.

    “Horror” 

    O balanço da operação, que ainda segue, foi apresentado na manhã de hoje e contou com a presença do titular da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) José Carlos Barbosa, que afirmou que este deve ser o caso de mais mortes seguidas em Mato Grosso do Sul. “Parabenizo o trabalho da Polícia Civil em desmontar este esquema que chocou a todos”, destaca.



    Fonte: campograndenews
    Por: Guilherme Henri
    Link original: http://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/nando-era-justiceiro-do-danubio-azul-e-cuidava-covas-como-trofeus