CAMPO GRANDE (MS),

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    31/08/2016

    Copom se reúne e deve manter juros em 14,25% ao ano, maior em 10 anos

    Decisão do Banco Central será anunciada nesta quarta-feira após as 18h. Previsão de analistas é que taxa começará a recuar só no fim de novembro.

    Reprodução

    O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem seu segundo dia de reunião nesta quarta-feira (31) e deve manter a taxa básica de juros da economia brasileira estável, novamente, em 14,25% ao ano, segundo a estimativa da maior parte dos analistas do mercado financeiro. A decisão sobre a taxa Selic será anunciada após as 18h.

    Com isso, a previsão dos economistas dos bancos é de que os juros permanecerão estáveis, deste modo, no maior patamar em dez anos. Essa é a segunda reunião comandada pela nova diretoria e presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Este informou, ao assumir o cargo, que buscará atingir a meta central de inflação de 4,5% em 2017 – o que pressupõe um atraso maior no processo de queda dos juros.

    O aumento dos juros, ou sua manutenção em um patamar elevado, é o principal mecanismo usado pelo BC para frear a inflação. Com esse procedimento, o BC encarece o crédito. O objetivo é reduzir o consumo no país para conter a inflação que tem mostrado resistência. Porém, os juros altos prejudicam a atividade econômica e, consequentemente, inibem a geração de empregos. Quando o Banco Central julga que a inflação está compatível com as metas preestabelecidas, pode baixar os juros.

    Apesar da forte recessão que castiga a economia brasileira, gerando aumento do desemprego e da inadimplência, a inflação corrente do país ainda está elevada. Em 12 meses até julho, o índice somou 8,74%, distante do objetivo central de 4,5% para o próximo ano. Economistas das instituições financeiras estimam que o processo de redução dos juros básicos da economia começará somente no final de novembro, na última reunião do Copom de 2016.

    "Acredito que o Banco Central vai manter os juros porque ainda não há sinais de redução da inflação no curto prazo, mas também não há indicativo de aumento" Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios

    Para 2016 e 2017, o CMN definiu uma meta central de inflação de 4,5% no ano e o Banco Central tem que calibrar a taxa de juros visando cumprí-la. Para este ano, o limite de tolerância em relação à meta central é de dois pontos percentuais acima do centro da meta. Portanto, se o IPCA ficar em até 6,5% ao final deste ano, a meta não terá sido descumprida. Para 2017, esse teto é de 6%.

    "Acredito que o Banco Central vai manter os juros porque ainda não há sinais de redução da inflação no curto prazo, mas também não há indicativo de aumento. Como a queda da inflação vem ocorrendo lentamente, as condições para reduzir a taxa de juros vai se dar somente no ano que vem. Temos inflação passada alta, de alimentos e reajustes feitos nos preços administrados. Daqui para frente, não vai haver uma pressão muito grande, mas você tem que esperar que os novos dados", avaliou Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios.

    Segundo análise da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada por meio do documento "Agenda para o Brasil sair da Crise 2016-2018", a presença de uma política de juros "muito restritiva", com a taxa básica em patamar elevado - em função de déficits elevados nas contas públicas - atrai capitais externos "que fomentam uma valorização da moeda brasileira não fundamentada nos fatores reais de custo e competitividade". "Atuar sobre a questão fiscal e fontes da elevação da taxa de juros é, portanto, imprescindível", avaliou.

    Os representantes dos trabalhadores, por sua vez, seguem pressionado por queda do juros. Segundo João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Força Sindical, avaliou que houve uma pequena melhora na economia entre abril e junho, depois de meses de retração. Acrescentou que "o resultado poderia ter sido muito melhor se as taxas de juros estivessem baixas, inclusive gerando mais empregos”.



    Do G1, em Brasília
    Por: Alexandro Martello

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