CAMPO GRANDE (MS),

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    10/06/2016

    PGR faz terceira denúncia contra Eduardo Cunha na Lava Jato

    Suspeita é de propina de R$ 52 mi na obra do Porto Maravilha, no Rio. Em nota, Cunha negou ter recebido 'qualquer vantagem indevida'.

    procurador-feral da República, Rodrigo Janot - Arquivo

    A Procuradoria Geral da República apresentou nesta sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal uma terceira denúncia contra o presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Operação Lava Jato.

    A denúncia, cujo teor não foi divulgado, diz respeito ao suposto envolvimento de Eduardo Cunha em desvios nas obras do Porto Maravilha no Rio de Janeiro. A acusação se baseia nas delações premiadas dos empresários Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia.

    Em nota, Eduardo Cunha afirmou desmente "qualquer recebimento de vantagem indevida de quem quer que seja, assim como qualquer relação com as contas denunciadas e desafio a comprovarem" (veja a nota ao final desta reportagem).

    O peemedebista diz ainda que estranha a "seletividade" do procurador-feral da República, Rodrigo Janot, e afirma que não foi ouvido durante a investigação e que, por isso, não teve "a oportunidade de rebater os fatos".

    A suspeita é de que o parlamentar tenha solicitado e recebido propina do consórcio formado por Odebrecht, OAS e Carioca Christiani Nielsen Engenharia – que atuava na obra do Porto Maravilha – no montante de cerca de R$ 52 milhões.

    Agora, o ministro responsável pela Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, vai notificar Cunha para que ele apresente a defesa. Depois, o Supremo terá de decidir se, em razão da denúncia, ele se tornará réu ou não.

    Na Lava Jato, Eduardo Cunha é alvo de uma ação penal, duas denúncias, dois inquéritos e um pedido de abertura de inquérito ainda não não analisado. Ele é o único réu da Lava Jato no Supremo.

    Na última segunda-feira (7), o procurador-geral, Rodrigo Janot, pediu a prisão de quatro políticos do PMDB – entre os quais Eduardo Cunha – por suspeita de tentativa de obstrução das investigações da Operação Lava Jato. Os pedidos de prisão estão, há pelo menos dez dias sobre a mesa do ministro do Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF.

    Navios-sonda

    Eduardo Cunha já é alvo de duas investigações no Supremo. A primeira apura se ele recebeu pelo menos US$ 5 milhões de suposta propina que se originou de contrato de navios-sonda da Petrobras. O STF já aceitou a denúncia da PGR e tornou Cunha o primeiro réu da Lava Jato na Corte.

    Contas na Suíça

    A segunda denúncia apura se ele é dono de contas não declaradas na Suíça e se recebeu no exterior propina decorrente de um contrato de exploração de Petróleo feito com a Petrobras em Benin.

    O pedido foi baseado em investigação aberta em outubro do ano passado sobre o deputado, sua mulher, Cláudia Cruz, e de uma de suas filhas, Danielle Cunha. O inquérito apontava indícios de que o deputado teria cometido evasão de divisas, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Nesta sexta, o ministro Teori Zavascki, do STF, liberou a denúncia para julgamento em plenário.

    Nota

    Veja a nota enviada por Eduardo Cunha:

    NOTA À IMPRENSA

    Com relação à terceira denúncia apresentada pelo PGR contra mim, tenho a esclarecer o que segue:

    1) Não tenho qualquer relação com os fatos da denúncia e desminto, como já o fiz anteriormente, qualquer recebimento de vantagem indevida de quem quer que seja, assim como qualquer relação com as contas denunciadas e desafio a comprovarem.

    2) É estranha a seletividade do PGR com relação a mim, onde, em nenhum dos três inquéritos que originaram as respectivas denúncias, não chegaram nem a tomar a minha oitiva para ter a oportunidade de rebater os fatos, o que é anormal e não acontece em situações semelhantes.

    3) A estranheza aumenta, na semana que eu seria julgado no Conselho de Ética, uma verdadeira avalanche de vazamentos criminosos e denúncias contra mim e a minha família, que aparecem para criar o clima de pressão nesse processo.

    4) Mais estranho ainda é que 6 inquéritos foram abertos imediatamente após a votação da abertura do processo de impeachment e que outros agentes políticos não têm tido a mesma celeridade na apreciação dos seus inquéritos.

    5) Nesse inquérito específico, que nada tem de conexão com a Lava Jato, foi requerida a redistribuição dele no STF, ainda pendente de apreciação.

    6) Continuo confiando no STF e assim que tomar ciência apresentarei a defesa com a convicção que provarei a minha inocência.




    Da TV Globo, em Brasília
    Por: Mariana Oliveira

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