| Próximo ao Parque das Nações Indígenas, oito sobrados do residencial Gardênia, no Bairro Cidade Jardim, estão no leilão judicial (Foto: Marcos Ermínio) |
Confiscados pela Justiça em 2010, sobrados de um condomínio que pertenceu ao traficante conhecido como João Jacaré vão a leilão na próxima quinta-feira (29), em Campo Grande. Um dos imóveis já foi vendido no primeiro certame. O conjunto deve render cerca de R$ 1,8 milhão, pois cada casa tem lance inicial de R$ 210 mil. Há outras três residências na cidade, avaliadas em cerca de R$ 1 milhão cada, que também serão colocados à venda, conforme o desenrolar do processo, segundo o juiz da 3ª Vara Federal, Odilon de Oliveira.
João Freitas de Carvalho é acusado de envolvimento no tráfico de cocaína da Bolívia para o Brasil, atuando como piloto, e de lavagem de dinheiro por meio dos bens, que incluem carros de luxo, jet ski e aeronave, já confiscados e vendidos. O acusado foi preso em 2003, mas fugiu depois de passar para o semiaberto e foi preso novamente, quando pilotava avião com maconha, na Argentina, em 2011. No entanto, não voltou para regime penitenciário brasileiro e pode estar até morto, segundo Odilon. “Há boatos de que ele já morreu assassinado ou em queda de avião, mas nada confirmado”, comentou.
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| A 30 quilômetros do Centro da capital, próximo a Jaraguari, condomínio tem casa que foi de João Jacaré (Foto: Timblindim) |
Um dos bens que foram do traficante, avaliados em cerca de R$ 6 milhões no total, é uma casa de alto padrão no condomínio Nasa Park, em Campo Grande, que já foi leiloada. O imóvel chegou a ser usado para festas patrocinadas por parentes de Jacaré, quando já estava nas mãos da Justiça, em 2008. No fundo da piscina da casa, o traficante mandou colocar o desenho de um avião, o meio usado para ganhar dinheiro no mundo do crime.
Condomínio – Oito sobrados do residencial Gardênia, que fica na rua de mesmo nome, no Bairro Cidade Jardim, estão no leilão judicial que ocorre na próxima quinta-feira (29), às 9h, na Justiça Federal, no Parque dos Poderes. O condomínio fica próximo ao Parque das Nações Indígenas, região nobre da cidade.
Conforme a leiloeira, quem arrematar sobrado do residencial Gardênia deve dar sinal de 30% e a comissão da leiloeira, que é de 5% do valor total. O restante pode ser pago em 15 dias corridos ou parcelado em 12 vezes.
Os imóveis são administrados por uma empresa, contratada pela Justiça, que aluga e realiza os leilões. A compra de um desses bens não representa risco, de acordo com Odilon. “Quem compra não tem ônus nenhum e não tem como perder a casa. O leilão nunca é desfeito, porque o valor fica em lugar do bem. Se o acusado for absolvido no STF (Supremo Tribunal Federal), ele não recebe de volta o bem, ele recebe o dinheiro”, explica o juiz.
Temor - Morar na casa que pertenceu a um traficante não desperta medo nos interessados, pelo menos, não na Capital. Odilon conta que se desfazer de bens como esse é difícil ou até impossível, na região de fronteira. Quando isso ocorre, os prédios são cedidos para o poder público, como é o caso do quartel da Secretaria de Segurança Pública de Ponta Porã, cedido há mais de cinco anos.
“Já chegamos a vender dois imóveis em Ponta Porã, em que os compradores sofreram ameaça e foram despejados à bala. Mas tem um prazo para a pessoa contestar o leilão e teve caso em que mesmo depois desse prazo, eles conseguiram desfazer a compra e ter o dinheiro de volta”, conta Odilon, sem dar detalhes sobre os proprietários, que tiveram os bens sequestrados.
Fonte: campograndenews
Por: Caroline Maldonado
Link original: http://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/cinco-anos-apos-sequestro-justica-leva-mansoes-de-traficante-a-leilao
