CAMPO GRANDE (MS),

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    30/08/2015

    Ponta Porã Linha do Tempo: Lendas dos tesouros de Lopéz da guerra da “Tríplice Aliança”. A Plata Yvyguy e seus mistérios

    A Guerra do Paraguai também conhecida como “Guerra da Tríplice Aliança”, na história da América Latina foi o maior conflito armado envolvendo quatro grandes nações sul-americanas, existem muitas narrativas históricas de ambos os lados sobre fatos ocorridos durante esse conflito, esses fatos estão cercadas de mistérios até os dias atuais. Esse conflito ocorreu no período de 1864 a 1870 principalmente na região da província de Mato Grosso nessa época, tendo a região de Ponta Porã Brasil e Pedro Juan Caballero Paraguai, como um dos principais pontos do desfecho deste conflito.

    causas da guerra do Paraguai.
    Francisco Solano Lopéz - Foto divulgação web

    Não vamos abordar o conflito armado, e sim rememorar as histórias sobre os tesouros das ricas famílias paraguaias, histórias essas que se tornaram causos, e se espalhou pela região de fronteira, todo esse mistério e histórias surgiram após o fim deste conflito que ficou gravado na memória histórica cultural das Américas.

    A Coleção Thereza Christina Maria é composta por 21.742 fotografias, reunidas pelo Imperador Pedro II e por ele doada à Biblioteca Nacional do Brasil. A coleção abrange uma ampla variedade de temas. Documenta as conquistas do Brasil e do povo brasileiro no século XIX, e também inclui muitas fotografias da Europa, África e da América do Norte. Esta fotografia mostra Luis Filipe, o Conde d'Eu, um príncipe francês que era esposo da princesa Isabel, junto a outros oficiais companheiros na Guerra do Paraguai. Foi tirada no vilarejo paraguaio de Vila do Rosário, em 13 de janeiro de 1870, dois meses antes do fim da guerra. O conde aparece ao centro, trajando um uniforme militar de gala.

    Durante a guerra muitas famílias tentaram se refugiar longe dos confrontos entre as tropas, levando com elas tudo que podiam e deixando para traz sua história, casas, fazendas e vendo seus parentes e filhos irem ao combate famílias inteiras acompanhou até o fim Francisco Solano Lopéz. 

    Arquivo pessoal de Nilza Terezinha: Foto do acervo de seu pai Itrio Araújo dos Santos conhecido como (cabo Itrio), que serviu no 11º Regimento de Cavalaria na cidade de Ponta Porã, Cabo Itrio era um admirador da arte de tirar fotos, desta forma ao longo dos anos ele agregou ao seu acervo centenas de ricas imagens da região de fronteira. Esta imagem da região do maemi fazenda nas proximidades década de 40.

    Cada pátria defendendo seus ideais, esses foram tempos difíceis de escassez, privações e doenças a morte pairava no ar, cada família tinha sua comitiva e escolta, para assim proteger-se de ataques de saqueadores e quatreiros (bandidos, ladrões), com o passar dos anos e a dificuldade por alimento e transporte, forçaram as famílias e também o próprio guarda particular de Lopéz a esconder seus tesouros, para isso o método utilizado era semelhante a dos piratas, pois escavavam buracos profundos e ali enterravam seus tesouros sua riqueza e história, joias das mais variadas espécies, ouro e prata.

    Foto Arquivo da Família Rodrigues (Francisco Rodrigues in memoriam). Acervo de Carlos Morel. Dom Rodrigues uruguaio trajado com vestimentas típicas da época (pilcha), patriarca da família Rodrigues pioneira na formação de fazendas estâncias ervateiras na região fronteiriça na virada do século XIX.

    Cercado de lendas e contado através de causos pelos antigos, que repassaram de geração em geração esses acontecimentos, e toda crença que o rodeia, sobre os enterros de Lopéz e das famílias paraguaias, essas tinham uma grande riqueza nesses tempos influenciada pelo estilo de vida europeu, principalmente da França, essas riquezas para serem protegidas foram todas escondidas, e até hoje despertam curiosidade de muitos da região, que vinham em busca destes tesouros épicos, a Plata Yvyguy que significa Prata enterrada, escondida.

    Noticias de caçadores de tesouros se espalharam pela região de fronteira em busca dos enterros do Lopes, cercados de crenças e com um lado oculto, vamos realizar o resgate uma de centenas de histórias sobre esses tesouros que despertam cobiças até ao mais cético dos homens.

    As notícias se preocupam mais em explicar cientificamente tais fatos e amenizar os efeitos do fantástico. No máximo dedicam tempo ou espaço às repercussões sociais que certos acontecimentos causam não aos fenômenos sem si mesmos ou às experiências decorrentes de tais acontecimentos. (COSTA, Andreolli de Brites apud MOTTA, 2006, p. 9).

    Ocorreu em décadas passadas, no século XX (vinte), uma intensa caça ao tesouro na região fronteiriça, circulavam histórias de aparições, clarões de fogo e fantasmas que reclamavam seu descanso, segundo a história, soldados eram mortos após enterrar o tesouro, isso para nunca tentar desenterrar e ficar com o tesouro a Plata Yvyguy, este fato resultou em causos, relatos que tais almas servem de guardião dos tesouros e afugentam qualquer que queira desenterra-los.

    O escolhido conseguirá desenterrar a Plata Yvyguy, isso se o mesmo tiver coragem para, pois será testado durante o ato de cavar, se resistir conseguira ser o dono do tesouro.

    Um entre muitos causos sobre a Plata Yvyguy, que ocorreu na região próxima a Pousada do Bosque, antes era uma região de vasta mata, muitas chácaras e poucas casas, conforme o tempo foi passando casas foram surgindo nesta localidade, muitos moradores de outras regiões do país, atraídos pelo trabalho de exploração de erva mate e madeira na fronteira fixavam moradia em Ponta Porã.

    Conta o causo que existia uma casa de madeira na avenida principal que raramente famílias conseguiam permanecer por muito tempo, segundo história padres, pastores eram chamados para tentar afastar os espíritos que rodeavam esta moradia, quem morou neste local, relatava que abrir e fechar de porta, quebrar pratos e copos, bater de palmas, chamados, eram comuns, conversas e gritos acordavam os moradores, mas nada era achado dentro da casa quebrado e ninguém era avistado, somente um clarão no fundo do quintal que do mesmo jeito que surgia desaparecia rapidamente, este fato da casa assombrada durou por anos.

    Foto Arquivo da Família Rodrigues (Francisco Rodrigues in memoriam). Acervo de Carlos Morel. Francisco Rodrigues e sua esposa Joaquina Rodrigues, frequentavam as altas classes da sociedade nacional e internacional e desta maneira os mesmos em seu tempo cultivaram muitas amizades e estima de amigos e familiares por onde passaram deixaram sua marca, nesta imagem de 21 de janeiro de 1918. Amigo da família Major de Pedro Juan Caballero de nome Miguel enviou uma foto como estima e amizade à família na época.

    Quando uma família vinda da Bahia morou na casa tudo parecia se repetir, mas com os passar das semanas e meses, intrigado com os relatos dos fronteiriços, e com tudo que ocorria na casa, essa família se arriscou a escavar a Plata Yvyguy, se encontraram algo, isso ficou no imaginário dos fronteiriços, pois a família desapareceu deixando para trás seus pertences o buraco ficou por tempos no fundo do quintal, quem conhecia a família na época do ocorrido, relatava que todos saíram às pressas na penumbra da noite, ou como dito popular anoiteceram, mas não amanheceram.

    Cuando los Padres Jesuítas se retiraron de la Misiones escondieron en um lugar desierto todos sus tesoros, dinero, alhajas y los libros de su sabiduría. Para ello construyeron edificios con profundos y largos subterrâneos entregados a la protección de indios malos o espíritus y monstruos. (COSTA, Andreolli de Brites apud GONZALES TORRES. 1995, p.97).

    Há quem diga que ficaram ricos voltaram para Bahia, outros já são mais céticos e falam que foram os espíritos que espantaram a família, pois violaram o que não eram para eles, esse mistério ficou adormecido, mas vivo na memória da região fronteiriça.

    Arquivo pessoal de Nélio Alves de Oliveira: Vista aérea da região da Pousada do Bosque, Bairro Santa Izabel, e BNH, Rua Presidente Vargas.

    Existe outro causo que é desconhecido na atualidade, desta região da Pousada Bosque que em determinado local um ponto luminoso acompanhava quem passava pelo corredor que ligava as chácaras que existiam ao centro da cidade, esta luz forte era avistada sempre, tarde da noite, muitos moradores antigos falam de um espirito de outros tempos que vaga pelo local, outros falam que são os guardiões a procura do merecedor de encontrar a Plata Yvyguy que esta enterrada no local.

    O reflexo da transformação social manifesta-se nas readequações dos meios de transmissão às novas necessidades, por exemplo, na readequação dos mitos de origem, na reformulação das genealogias, na inserção de novas passagens, e assim em diante. (COSTA, Andreolli de Brites apud NETTO, 2008, p.24).

    “Muero con por mi pátria” Francisco Solano López