CAMPO GRANDE (MS),

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    21/08/2015

    Existe alguma serventia para o Governo Federal?

    Congresso Nacional - Divulgação

    No Brasil atual, o governo federal tornou-se sinônimo de corrupção, favoritismo, oligarquia, nepotismo, inefável e exasperante burocracia, cargas tributárias exorbitantes sobre o cidadão brasileiro e sobre as empresas privadas, e uma centena de outros predicados deploráveis e depreciativos, mas que são todos verdadeiros, por corresponderem aos fatos, e a total e completa falta de resultados positivos, em qualquer área da esfera governamental. Além de não oferecer nenhum retorno adequado ou satisfatório, que por direito poderia – e deveria – ser exigido, em virtude da absurda e excessiva quantidade de impostos cobrados, com novos impostos sendo criados a cada dia, o cenário que desponta hoje sobre a realidade brasileira é o de um precário quadro de progressiva deterioração governamental, que torna a revolta do cidadão brasileiro não apenas justificável, mas compreensível, especialmente se levarmos em consideração os elevadíssimos salários que boa parte dos dirigentes governamentais federais ganham, e que é sustentado pelo consumidor, pelo trabalhador e pelo empreendedor brasileiro.

    No Brasil a política nunca deu certo porque nunca foi vista, desde o princípio, pelo ângulo correto. Política, para ser executada com ética e princípios, deveria ser doação, e não profissão, o que não é o caso – e, diga-se de passagem, nunca foi – na República Federativa do Brasil. Hoje, não é segredo algum que ministros, deputados, senadores e todos aqueles envolvidos na administração federal da nação se dirigem diariamente até os seus respectivos ministérios e gabinetes tendo todo o tipo de interesses em mente, menos servir aos interesses do país, o que dirá servir ao cidadão brasileiro comum. Estamos falando de pessoas, indivíduos, poderes e grupos de interesses que todos os dias se levantam, vestem seus ternos caros e suas gravatas de seda, e muita coisa fazem, em seu próprio benefício, mas quando a questão é ter que “trabalhar” de verdade – ou seja, em benefício de alguém que não eles mesmos – então, podemos ter certeza de que absolutamente nada irá acontecer. Quando decidem fazer alguma coisa, o fazem sem produzir qualquer tipo de resultados plausíveis, concretos ou duradouros, e quando o fazem – nas raras vezes em que decidem fazê-lo – exigem méritos e reconhecimento, como se não estivessem sendo regiamente bem pagos para fazer o que teriam a obrigação de fazer.

    Além de boa parte deles – para não dizermos todos – se envolverem regularmente em atividades ilícitas, que terminam com a abertura de contas bancárias no exterior, quando acusados de corrupção, se defendem, dizendo-se “ultrajados”, “ofendidos” e “caluniados”, com toda a pompa e circunstância a que tem direito, especialmente quando tem o benefício da cobertura da mídia. Fazendo olhar de coitadinhos, e repetindo a palavra integridade – cujo significado verdadeiro eles invariavelmente desconhecem – inúmeras vezes, como se isso fosse remediar suas tão santificadas reputações, o governo federal brasileiro virou um acúmulo de dejetos e destroços institucionais de proporções tão sórdidas e grotescas, que ficou praticamente impossível varrer tudo para debaixo do tapete, em função das enormes dimensões que os problemas tomaram, tornando impossível ocultá-los, escondê-los ou ignorá-los. A indiferença, a incompetência, a letargia, o monopólio e a corrupção afetam, tanto direta quanto indiretamente, cada cidadão brasileiro, em todos os cantos do país, que devem se virar como podem, no sistema “quem pode mais chora menos”. 

    A verdade é que não somos governados. Quando existe um governo, existe ordem, razoabilidade, dinamismo, lógica, coerência, pragmatismo, e, acima de tudo, resultados, coisa que o Brasil não tem há muito tempo. Pensamos que somos governados, e os governantes pensam que governam, mas a verdade é que não existe nem uma coisa nem outra. Como já dizia o ditado em latim, Rex regnat, sed non gubernat – o rei reina, mas não governa – portanto, já podemos parar com a hipocrisia de fingir que somos governados, pois não o somos, assim como os “governantes” deste país não governam, a não ser as suas contas bancárias e as da união, que, neste ponto da história, tornaram-se praticamente a mesma coisa, afinal, o que é de uma vai parar na outra, portanto, a realidade hoje é que somos liderados por uma legião de homens gananciosos e inescrupulosos, que desviam o dinheiro público em benefício próprio, tornando-se também, indiretamente, assassinos, da pior espécie, afinal, ao desviarem dinheiro público que poderia ser gasto com infraestrutura na segurança deste país, por exemplo – e, sendo o Brasil o quinto país mais violento do mundo, acredito que estaríamos precisando, de fato, de um pouquinho de investimentos nesta área – pessoas morrem, vítimas de latrocínio, porque a segurança é virtualmente inexistente, e porque as verbas destinadas para este fim foram desviadas. Ao desviarem dinheiro público, crianças pobres e destituídas passam fome. Ao desviarem dinheiro público, essas mesmas crianças pobres e destituídas vão parar em hospitais precários e sem infraestrutura, porque o dinheiro que deveria ser destinado a este mesmo ambulatório foi parar na conta bancária particular de algum honrado e meritório dirigente governamental, que não pode, nem deve, ser “ultrajado”, ou privado de sua resplandecente dignidade, em virtude de seu digníssimo caráter – do qual todos os seus conterrâneos de Brasília são testemunhas – e que “tanto fez” por este país. Só que neste país, ninguém faz nada. E este “nada” é todo – e o único – legado do qual os dirigentes governamentais brasileiros poderiam se gabar. Nada é tudo o que eles sabem e são capazes de produzir. 

    Quando a polícia federal consegue capturar, prender, encarcerar e reunir provas que de fato incriminam os corruptos, os melhores advogados, um habeas corpus e o beneplácito do foro privilegiado rapidamente conseguem garantir a liberdade para estes mesmos homens, cuja nobreza jamais os impede de praticar enormes e generosos atos de benevolência para consigo próprios, o tempo inteiro, e com isto aprendemos que ser brasileiro é ser completamente órfão. Muito mais do que pertencer a uma nacionalidade, ser brasileiro é aprender a aprimorar a cada dia a arte da sobrevivência. 


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