CAMPO GRANDE (MS),

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    05/06/2015

    Ponta Porã Linha do Tempo: Narrativas de causos e lendas da região fronteiriça de outras épocas.

    O misterioso mito da fonte de Nhá Kanuta


    Vista aérea da Laguna Porã, década de 50 - Fonte: Imagem da web.
    Como distinguir o que é real ou mito? Segundo levantamentos e pesquisas de fatos históricos “mito” é uma palavra de origem grega (mythos) que tem os seguintes significados: A fábula que relata a história dos deuses, semideuses e heróis da antiguidade pagã, interpretação primitiva e ingênua do mundo e de sua origem, tradição que, de forma alegórica, deixa entrever um fato natural, histórico ou filosófico, exposição simbólica de um fato, coisa inacreditável. Enigma, utopia, pessoa ou coisa incompreensível. Fonte: Web Mistérios.

    Acreditar em algo que a gerações esta adormecido no tempo, aconteceu e pouco se sabe, mesmo assim instiga o imaginário de quem conhece a lenda da fonte de Nhá Kanuta e seus mistérios. A região fronteiriça onde hoje se encontra as cidades de Ponta Porã (BR) e Pedro Juan Caballero (PY) e cercada de fatos, causos e lendas de épocas antigas antes mesmo do real povoamento desta vasta terra, que sempre provocou o espirito aventureiro de muitos viajantes que se aventuraram a desbravar estas matas.

    A fonte de Nhá Kanuta segundo a lenda se localizava nesta região onde era o antigo buracão da Avenida Brasil que se estendia até os limites do quartel do 11º RC Mec. Era uma linda fonte e águas puras e cristalinas com efeito medicinais, pois diz a lenda, quem bebesse da água da fonte de Nhá Kanuta adquiria a longevidade e cura de seus males. 

    Muitos se aventuraram para tentar conseguir encontrar esta fonte enigmática, mas fora tudo em vão, pois os caçadores desconheciam toda a história que envolvia a fonte de Nhá Kanuta, que cuidava de todas estas matas e não permitia que intrusos que desejassem beber ou utilizar as águas de poder curativo, somente Nhá Kanuta poderia beber e usufruir dos poderes da fonte e de toda riqueza das matas da região.

    Conta à lenda que certa vez, uma mãe foi em busca das águas da fonte para tentar curar seu filho que estava muito doente, quando chegou à fonte avistando Nhá Kanuta suplicou um pouco de água fresca para levar para seu filho enfermo, mas de nada adiantou de coração duro e sem se importar Nhá Kanuta expulsou a mulher impedindo que ela levasse.

    Segue lenda que ao chegar à sua casa sem a água de poderes medicinais, a mãe viu seu filho lentamente morrer, com raiva e dor no coração ela voltou na fonte e lançou uma maldição praguejando Nhá Kanuta, dizendo que a terra iria se abrir e engolir toda mata e a fonte que tudo seria consumido pela terra.

    O que veio acontecer, pois chuvas caíram em toda região algo nunca visto antes, alagando e fazendo profundas valas (sulcos) no solo provocando grandes erosões nas terras de Nhá Kanuta, um grande lago se criou, e lentamente foi sumindo para dentro do buracão.

    Ponta Porã, Avenida Brasil esquina Rua Baltazar Saldanha. 1976 - Foto: Arquivo pessoal de Nélio Alves de Oliveira


    O buracão que se localizava na Avenida Brasil foi aterrado na década de 70 para melhorar o transporte urbano ligando uma ponta a outra da cidade com maior facilidade, uma grande obra da engenharia nesses tempos, pois fora feito todo um sistema de drenagem e tubulação para canalizar o filete de água que contribuía para erosão, sendo que em dado momento da execução da obra ocorreu um trágico acidente que soterrou em torno de 12 operários que executavam a obra de canalização, alguns foram resgatados com vida outros infelizmente faleceram no local, segue lenda sobre o assunto que nem todos os corpos foram retirados do local que serviu de tumulo para alguns trabalhadores soterrados, ficando este fato um mistério até os dias de hoje, muitos ligam estes acontecimentos a lenda da fonte de Nhá Kanuta.

    Com a finalização da obra a Avenida Brasil com suas duas vias se tornou um cartão postal da cidade. Com o passar dos anos, a lenda da fonte de Nhá Kanuta, ficou adormecida, mas sempre viva na memória dos antigos moradores da região que conhecem a lenda da fonte de Nhá Kanuta, diz a lenda que um dia as águas ressurgirão no mesmo local, pois o espirito de Nhá Kanuta vaga sem descanso em busca de sua fonte destruída.

    Preservar a memória histórica de um povo, seus causos e suas lendas e preservar sua identidade social e cultural.