CAMPO GRANDE (MS),

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    29/06/2015

    As crianças Beaumont – Quase 50 anos depois, o mistério permanece

    Em janeiro do próximo ano, o mistério envolvendo as crianças Beaumont – o mais infame e notório caso frio na história criminal australiana envolvendo o desaparecimento de menores – completará cinquenta anos. E até hoje, não existem indícios sólidos ou factuais a respeito do que teria acontecido às crianças.

    Divulgação


    Em 26 de janeiro de 1966, Jane Nartare Beaumont, de nove anos, sua irmã mais nova Arnna Kathleen Beaumont, de sete anos, e seu irmão Grant Ellis Beaumont, de apenas quatro anos, desapareceram misteriosamente sem deixar rastros, para nunca mais serem vistos novamente. As crianças viviam, juntamente com seus pais, Jim e Nancy, em um subúrbio de Adelaide, no sul da Austrália, e frequentavam regularmente Glenelg, um popular e conhecido resort à beira-mar. Devemos nos lembrar que, naquela época, durante a década de 60, a criminalidade era relativamente baixa – especialmente na Austrália, considerada, então, uma nação desenvolvida –, e a sociedade, de uma forma geral, era vista como um lugar seguro, até mesmo para crianças. Como Jane, Arnna e Grant Beaumont frequentemente saíam para brincar, naquele ensolarado dia de janeiro – um feriado nacional, o Dia da Austrália – seus pais não tinham motivo algum para proibir as crianças de irem até a praia. Elas haviam feito exatamente o mesmo passeio, no dia anterior. O programa que fariam no litoral, portanto, era algo rotineiro, nada fora do comum. Jane, a filha mais velha, com nove anos, era considerada responsável o suficiente para cuidar de sua irmã mais nova e de seu irmão pequeno, e, dessa maneira, as crianças, depois de ouvirem recomendações de sua mãe, guardaram o dinheiro para o transporte público e para o lanche, e pegaram o ônibus, que chegava até a praia em questão de aproximadamente cinco minutos, com a intenção de passar uma agradável manhã à beira-mar, tendo por obrigação regressar, ao início da tarde. Os pais exigiam que os filhos estivessem de volta até às duas horas. Quando era sete e meia da noite, e as crianças ainda não haviam chegado, seus pais decidiram chamar a polícia. A partir de então, iniciou-se aquela que viria a ser a mais infame e improfícua investigação de desaparecimento de menores na história criminal australiana.

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    Diversas investigações apontaram a possibilidade das crianças terem sido vistas na companhia de um homem alto e loiro, e, ao que tudo indica, o acompanhavam de bom grado. Quando Jim e Nancy, os pais das crianças, afirmaram que Jane, a mais velha, era tímida e retraída demais na companhia de estranhos, a polícia começou a suspeitar que elas haviam sido possivelmente abduzidas por alguém que conheciam, e que havia conquistado a confiança e a simpatia das crianças, ao socializar com elas em ocasiões anteriores. Um carteiro, que conhecia bem as crianças, afirmou tê-las visto naquele mesmo dia, entre o início e o meio da tarde. De acordo com o seu testemunho, elas se mostravam alegres e sorridentes, e pela direção em que estavam indo, pareciam voltar para casa. De acordo com seu depoimento, ao menos até aquele momento, elas não estavam acompanhadas de nenhum adulto. Apesar de seu relato ser considerado confiável, houve conflitos com relação à exata hora do dia em que ele teria visto as crianças. 

    A partir daí, a polícia seguiu literalmente milhares de pistas, a maioria das quais mostraram ser especulações vazias, infrutíferas e improdutivas. Depois de um início intenso nas investigações, a falta de resultados rapidamente desacelerou o andamento do caso, que logo esfriou. 

    Com o passar dos anos, inúmeros suspeitos foram interrogados, entre os quais criminosos muito bem conhecidos como predadores de crianças, e diversas conexões, em sua maioria, de natureza puramente especulativa, foram estabelecidas, com outros casos de crianças desaparecidas, que ocorreram posteriormente, em diferentes partes da Austrália.

    Não obstante, os anos passaram, e as investigações não resultaram em absolutamente nada. A possibilidade de homicídio nunca pôde ser confirmada, pois corpos nunca foram encontrados. Ao longo dos anos, a polícia teria elaborado todas as teorias e conjecturas possíveis, seguindo todas as pistas necessárias, mas sem resultados plausíveis. Em determinado momento, até o auxílio de um renomado clarividente europeu foi empregado, sem qualquer resultado. O caso continua aberto até hoje, sendo um dos mais infames casos frios na história criminal australiana. Muitos ainda se perguntam: o que de fato aconteceu às crianças Beaumont?

    Não obstante, a triste verdade é que, apesar de muitas pessoas preferirem pensar que elas estão vivas, e bem – e caso estivessem, hoje seriam adultos de meia idade – a maior probabilidade é que elas tenham, de fato, sido vítimas de algum terrível predador sexual, que as matou, depois descartou rapidamente os seus corpos, ou que tenham sido raptadas, e depois vendidas, para fins não específicos, mas certamente, nada benévolos. No final das contas, a constatação mais plausível que resta à polícia, ao povo australiano, e aos pais das crianças – se ainda estiverem vivos – é que a verdade, provavelmente, jamais será esclarecida.




    Por: Wágner Hertzog