CAMPO GRANDE (MS),

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    08/10/2014

    Costa Rica, MS: Comissão, pesquisadores da Embrapa, Biosul, MP e produtores rurais debatem ações de controle à mosca-dos-estábulos

    Divulgação


    A fim de passar informações à classe rural sobre a Stomoxys calcitrans, conhecida popularmente como mosca-dos-estábulos, o pesquisador da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/Gado de Corte, Gado de Corte, médico veterinário Antônio Thadeu Medeiros de Barros, ministrou palestras na tarde desta terça-feira, 07 de setembro de 2014, promovida pela comissão de combate ao inseto, liderada pelo prefeito de Costa Rica – MS, Waldeli dos Santos Rosa.

    O evento foi realizado no auditório da SEMED – Secretaria Municipal de Educação - e contou com a participação de cerca de 70 ruralistas, e ainda do promotor de Justiça, Bolívar Luís, do comandante da PMA – Polícia Militar Ambiental, Anderson Ortiz, dos vereadores Averaldo Barbosa, líder do prefeito, no ato representando a Casa de Leis; Jovenaldo Francisco dos Santos; Ailton Amorim; Joaquim Alcides Carrijo e Ronivaldo Garcia Cota, da imprensa, de secretários e subsecretários da administração municipal, entre outros.

    “É preciso que seja feito um trabalho integrado, unindo as forças para resolver esse problema mais rapidamente possível. Estamos trazendo estes pesquisadores para que nos forneçam soluções que possam reduzir o problema da mosca, pelo menos, minimizando o efeito que ela produz no gado”, declarou o prefeito ao fazer a abertura do debate e passar a palavra para o presidente da Biosul – Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul - Roberto Hollanda.

    Hollanda comentou sobre as medidas que devem ser tomadas para tentar minimizar o problema, já que a erradicação total da mosca seria muito difícil. “É preciso haver um consenso entre a usina e os pecuaristas para poder resolver o problema de forma que os produtores fiquem satisfeitos e a mosca não interfira no rebanho deles”, declara.

    Em seguida o pesquisador da Embrapa, Thadeu de Barros, ministrou palestra primeiro falando sobre o trabalho que o instituto vem desenvolvendo na defesa sanitária animal e vegetal no Estado de Mato Grosso do Sul. Também disse que o órgão coloca sua estrutura para trabalhar em conjunto com outras entidades para juntos conseguirem um manejo adequado, tanto da parte das lavouras quanto da pecuária e poder controlar a infestação desta praga.

    “Estamos provocando debates para achar uma solução para a região e para todo Brasil porque esse é um problema que assola o país. Precisamos de uma solução viável para que a agricultura e a pecuária possam conviver em paz e diminuir essa infestação”, destaca Barros que acrescenta que não há inseticida algum que possa controlar a mosca do estábulo.

    O promotor parabenizou e elogiou a palestra do pesquisador Thadeu de Barros. “Perfeitas as suas explicações, assim como muito importante à participação do presidente da Biosul, dos representantes da usina, dos produtores, dos vereadores, do prefeito, isso mostra que todos estão envolvidos em uma só causa”.

    Por sua vez, durante o debate, o médico veterinário e pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Paulo Henrique Duarte Cansado, explicou aos produtores que o objetivo do evento foi apresentar o que a instituição tem em andamento em relação a pesquisas de combate à mosca. Ele enfatizou que as poucas soluções encontradas são: “para as usinas, o cuidado deve ser na aplicação da vinhaça de forma mais controlada e adequada possível, evitando acúmulos de poças por um período máximo de 24 horas. Já no caso do produtor buscar não deixar acumular fezes, poças ou lama, e retirar os alimentos em excesso nos coxos”.

    Paulo acrescentou que “as pesquisas ainda estão em fase inicial. Hoje sabemos muito sobre como o problema acontece e onde está acontecendo. Com estas informações, podemos tomar as medidas básicas de higiene. A gente avançou um pouco, mas soluções definitivas vão demorar, infelizmente. Para minimizar, todo mundo tem que fazer a sua parte. Assim, vai ter uma redução do problema”, afirma. Segundo Paulo Cançado, a mosca tem se alastrado em quase todo o País, atingindo principalmente os estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

    Cançado também explicou que o descontrole da mosca ocorreu com a mecanização da colheita da cana-de-açúcar. “Anos atrás, não existia esse problema quando eram feitas as queimadas da cana e o corte manual. Com a utilização das máquinas para não agredir o meio ambiente, a mosca-dos-estábulos prolifera, uma vez que a vinhaça já não é mais dispensada nos rios”.

    O presidente do Sindicato Rural de Costa Rica, Valdeci Pelizer, reforçou a preocupação dos produtores e reafirmou que a mosca vem se proliferando e causando grandes prejuízos aos pecuaristas. Ele afirma que toda a diretoria da entidade está empenhada em buscar a melhor solução para ambas as partes, pois, como observa, é função dela representar o produtor rural. “Sabemos da importância da usina na região e também deste problema com a mosca que é insuportável porque enlouquece o animal. Mas, temos que estudar a melhor forma de resolver essa questão, em que saiam ganhando a usina e o produtor rural”, enfatiza.

    O produtor Carlos Antonio Alves, popularmente conhecido como Carlinhos Caixa D'água, também ressaltou que é crítica a sua situação e dos proprietários vizinhos. Ele vem tendo vários prejuízos porque os animais atacados pela mosca ficam irritados e param de comer. “É uma situação muito difícil e eu até pensei em desistir do ramo porque não podemos lutar contra a natureza. A gente pede solução para a usina, eles até atendem, mas não conseguem e a situação está se tornando, cada vez, mais grave”, finaliza.

    Já o secretário Municipal de Agricultura e Desenvolvimento, Keyler Simey Garcia Barbosa, também se mostrou empenhando em resolver este problema e diz que “não adianta um culpar o outro, porque tanto a usina como os proprietários rurais têm criadouros da mosca em seus estabelecimentos”.

    Também presente na reunião, o presidente da Odebrecht Agroindustrial, Luiz Paulo Santana, enfatizou que a proposta da indústria é trabalhar em parceria com os produtores no sentido de encontrar uma solução para o problema.

    Entre as medidas que já estão sendo desenvolvidas pela usina é: a retirada de mais de 90% da palha; a criação do toalet da vinhaça, a distribuição de forma mais controlada e adequada da vinhaça, entre outras. Para o representante dos produtores, Claudionor Martins Carrijo, a palestra foi ótima porque pôde aprender muitas coisas que poderão ajudar na prevenção. Segundo ele, as medidas que vem sendo tomada pela usina nos últimos dias já vem surtindo efeito. “Já melhorou muito, vamos todos juntos unidos pela causa”.

    Ao finalizar o debate mediado pelo prefeito Waldeli, ficou acordado entre os participantes a intensificação das reuniões, ficando marcada para toda primeira terça-feira do mês, às 14h, no mesmo local, com objetivo de acompanhar a evolução dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos, tanto pela usina, quanto pelos produtores.



    Fonte: ASSECOM/PMCR/JE