Confira seis dicas para reconquistar os amigos, aliviar o clima com colegas de trabalho e voltar às boas no namoro depois das discussões eleitorais
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Herbert Weiss, militante político, em foto de internet. Ele brigou com um amigo por política, mas quer fazer fazer as pazes (Foto: Arquivo pessoal) |
Weiss e Maurício não foram os únicos a brigar por causa da discussão política. A campanha presidencial rachou o país inteiro. Em suas propagandas eleitorais, no marketing, nos debates e discursos, candidatos e seus respectivos partidos apelaram para os ataques. A bem da verdade, a campanha não descambou para a baixaria. Os candidatos não chegaram a trocar ataques de ordem pessoal e desvinculados do exercício do poder, como já ocorreu em campanhas anteriores no Brasil. Mesmo assim, o clima pesou nas redes sociais, nas mesas de bar, nos almoços em família e nos ambientes de trabalho. Na urgência de tentar convencer o amigo, vizinho, namorado ou colega, muitos esqueceram de regras básicas da democracia – respeitar o direito do outro à própria opinião e não atribuir essa opinião à ignorância ou má-fé. Se respeitadas essas duas regras, o adversário não vira inimigo e a opinião diferente não vira ofensa. “A disputa política mexe com as emoções, como medo de perder e de se frustrar. É aí que mora o perigo”, afirma Antonio Carlos Pereira, psicólogo e professor da PUC-SP. “A eleição acabou domingo e o país seguiu inteiro nesta segunda-feira. A presidente eleita governará para as duas metades e seria irresponsável apostar em um país dividido”, afirma.
Política se discute, sim. Diferente de futebol e religião, posições políticas deveriam se orientar pela lógica e podem mudar com o tempo, conforme muda o ambiente e conforme surgem informações novas. Mas o melhor é fazer as pazes. A seguir, algumas sugestões de como conseguir a reconciliação.
1. SAIBA ESPERAR
Passada a apuração, mesmo que sua intenção seja colocar uma pedra sobre os desentendimentos e recuperar a amizade, espere. Não telefone, não mande mensagens, não chame para conversar pela internet. Espere alguns dias, para que os ânimos comemorativos dos vitoriosos e a frustração dos derrotados se dissipem um pouco. Enquanto o assunto ainda estiver quente, as chances de uma conversa conciliatória desandar para outra briga são grandes. “Às vezes, o silêncio é a melhor estratégia para resolver a situação”, diz Pereira.
2. CONTENHA A EUFORIA OU A FRUSTRAÇÃO
Se o seu candidato ganhou, fuja da comemoração ostensiva. Não grite o nome do seu candidato, não ofenda o que perdeu, não faça piadas com os eleitores do derrotado (isso vale para todo ambiente, do escritório à internet). Vale um conselho similar se o seu candidato perdeu: demonstrações públicas de raiva, de desejo de confrontação e de suspeição quanto à lisura do resultado tornam mais difícil reatar relacionamentos. Disputa eleitoral não é final de campeonato de futebol.
3. REDES SOCIAIS NÃO SÃO A VIDA
Se a briga aconteceu numa rede social, publicamente, lembre que esse tipo de ambiente virtual baixa inibições e estimula o radicalismo. Muita gente publica comentários com o objetivo de conseguir felicitações e compartilhamento, e não defender um ponto de vista. “Nas redes sociais, muitos usuários querem chamar a atenção. Mesmo quem não é radical fora do computador, às vezes se comporta de forma diferente na frente do teclado”, diz o psicólogo Pedro Del Picchia, mestre em Comunicação com dissertação sobre redes sociais. Se quiser retomar a conversa também por meio da internet, faça isso primeiro de forma privada, por mensagem particular ou e-mail. Seja objetivo: se acha que passou do limite, peça desculpas e afirme que considera o relacionamento pessoal de vocês mais importante que a discordância política. Se sua ofensa foi grave, pública e impossível de apagar, o outro lado tem o direito de só acreditar num pedido de desculpas igualmente público.
4. CUIDADO COM A TURMA QUE PEDE “BRIGA! BRIGA!”
É comum que uma briga online pública atraia palpiteiros. Pode ser gente sem intimidade com quem está brigando, e por isso mesmo mais inconsequente ao disparar comentários impróprios. Eles tornam o ambiente ainda mais belicoso entre os debatedores, sem ter nada a perder com isso. Use sem receio as ferramentas de edição de comentários – exclua ofensas e agressões, mesmo que tenham sido a seu favor e mesmo que tenham sido escritas faz tempo. Isso mostrará ao outro lado que o seu pedido de desculpas é sincero. Se você considerar algum comentário seu também inadequado e puder apagá-lo, faça- o .
5. OBSERVE O MUNDO PELOS OLHOS DO OUTRO
Pedir desculpas sinceras será difícil, se você acha que o outro lado só pensa como pensa por causa de motivos ruins, como ignorância, má-fé, tolerância com a corrupção ou insensibilidade quanto aos problemas sociais. Tente entender as causas, anseios e receios do outro. Ele pode apenas atribuir pesos distintos aos mesmos critérios de escolha que você usa. Ou pode ter uma experiência pessoal diferente da sua, e que seja determinante para o voto. “Continuar a olhar para a situação apenas a partir do seu próprio ponto de vista facilita o tropeço na desastrosa repetição da pressão que não deu certo ou no deslize para a tortura do silêncio”, afirmam os professores americanos de administração Allan Cohen, da Babson College, e David Bradford, da Universidade Stanford, no livro “Influência sem autoridade”.
6. ENFATIZE O QUE VOCÊS TÊM EM COMUM
Política é o território dos acordos, não da exclusão. Entre adversários políticos que aceitam o jogo democrático, sempre há possibilidade de encontrar opiniões e causas comuns (como demonstram as alianças que tanto PT como PSDB fizeram com partidos e políticos bem diferentes de ambos). O guru americano de negociação Robert Cialdini recomenda que uma aproximação comece com a descoberta de semelhanças, de áreas para elogios sinceros e de oportunidades de cooperação. Cialdini pensa nessa tática como forma de influenciar o outro de forma ética. Pense na reaproximação como uma tentativa de influenciar o outro – para que ele desculpe você e a amizade volte a ser como era antes.
Fonte: Época/JE
Por: BRUNO FERRARI, CAMILA GUIMARÃES, JÚLIA KORTE E MARCOS CORONATO
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