CAMPO GRANDE (MS),

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    10/07/2014

    Suspeito de abastecer máfia de ingressos foge pela porta dos fundos no Rio

    Raymond Whelan, diretor executivo da Match Services, empresa parceira da Fifa na organização
     do Mundial - 
    Foto: Vinicius Konchinski

    Pouco tempo após a Justiça decretar prisão preventiva, o inglês Raymond Whelan, diretor executivo da Match Services, empresa parceira da Fifa na organização do Mundial, deixou o Copacabana Palace pela porta dos fundos nesta quinta-feira. O paradeiro do empresário é desconhecido até o momento. 

    O delegado Fábio Barucke, responsável pela operação, chegou ao hotel para cumprir o mandato de prisão preventiva, mas não encontrou Whelan. As câmeras de segurança flagraram o inglês deixando o local pela porta dos fundos. Em contato com o UOL Esporte, o promotor Marcos Kac disse que o empresário já é considerado foragido por não ter sido encontrado pela Justiça. Até mesmo a Interpol pode ser acionada. 

    Whelan é suspeito de ser o elo de ligação de dentro da organização da Copa com a quadrilha liderada pelo argelino Mohamadoud Lamine Fofana, acusado de fornecer as entradas para que fossem vendidas. Ele havia sido preso na segunda-feira e solto horas depois por causa de um habeas corpus.

    Fofana e outros suspeitos também tiveram sua prisão preventiva decretada. A maioria deles já está na cadeia. Portanto, devem permanecer detidos.

    O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou nesta tarde 12 envolvidos de integrar a máfia dos ingressos. A Justiça acatou a denúncia e a juiza Joana Cardia Jardim Cortes. do Juizado Especial do Torcedor do Rio de Janeiro, decretou a prisão deles.

    A operação desbaratou a máfia dos ingressos foi batizada de Jules Rimet, em alusão ao nome do primeiro presidente da Fifa. Ela é resultado de mais de um mês de investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro e Ministério Público.

    Na operação, quase 200 ingressos da Copa já foram apreendidos na ação, além de dinheiro e máquinas para pagamento em cartão de crédito. Os bilhetes pegos pela polícia eram reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades e até a membros de comissões técnicas. Dez ingressos, inclusive, eram reservados as integrantes da comissão técnica da seleção brasileira.

    Segundo Polícia Civil, a quadrilha vendia ingressos por até R$ 35 mil. Com isso, lucrava até R$ 1 milhão por jogo. Na Copa, o grupo poderia faturar R$ 200 milhões.

    A polícia informou que o esquema não é novo. Ele funcionava há quatro Copas. O trabalho seria tão lucrativo que integrantes da quadrilha trabalhariam durante o torneio e depois descansariam por quatro anos até o próximo Mundial.

    Suspeitos presos e Whelan negam que cometeram qualquer crime. A Match, aliás, divulgou um comunicado na quarta-feira criticando o trabalho da Polícia Civil do Rio de Janeiro e declarando que a prisão do seu diretor executivo foi "ilegal e arbitrária".

    O delegado Barucke disse que as críticas são uma forma de defesa da Match.

    Match volta a responsabilizar desconhecimento da polícia

    Em carta enviada à imprensa nesta quinta-feira, a Match voltou a dizer que a operação da Polícia Civil é consequência de desconhecimento. O tom é similar ao que a empresa havia adotado no primeiro posicionamento oficial sobre a prisão de Whelan.

    "A 18ª Delegacia de Polícia Civil do Rio de Janeiro não é expert na venda de ingressos de hospitalidade da Fifa. Uma releitura sobre o modelo de comercialização, disponível no site da Fifa, teria alertado sobre a diferença entre ingressos e pacotes de hospitalidade", escreveu a Match.

    O documento é descrito como uma explicação de Jaime Byrom, presidente da Match Services e da Match Hospitality, empresas que trabalham com a Fifa. O grupo detém exclusividade para comercialização de pacotes corporativos e camarotes em eventos realizados pela entidade esportiva.

    A tese da Match é que Whelan realmente conversou com integrantes do grupo preso inicialmente pela Polícia Civil, mas fez isso para tentar vender pacotes de hospitalidade. De acordo com a empresa, isso justifica o preço (US$ 24,5 mil) que ele cobrava por um ingresso para a decisão da Copa.

    "Longe de ajudar a incriminar o senhor Whelan, essas conversas mostram claramente uma discussão sobre possível venda de um produto de hospitalidade", completou a Match.

    Assim como havia feito no primeiro posicionamento oficial, a empresa disse nesta quinta-feira que a ação da Polícia Civil não tem base legal. No entanto, a Match fez elogios ao trabalho de algumas autoridades brasileiras envolvidas na operação.





    Do UOL, no Rio de Janeiro/JE
    Por: Vinicius Castro e Vinicius Konchinski